Whistlebinkies – “Anniversary”

pop rock >> quarta-feira >> 21.04.1993

WORLD


O GAITEIRO, O HARPISTA E O RABEQUISTA

WHISTLEBINKIES
Anniversary
CD Claddagh, distri. VGM



Em primeiro lugar duas correcções acompanhadas de desculpas: “Anniversary” comemora 15 anos de gravações dos Whistlebinkies para a editora Claddagh e não bodas de prata (25 anos) de carreira do grupo, como se escreveu na pequena nota da semana passada. Na mesma nota, referia-se que Rob Wallace toca “highland pipes” quando na verdade as “pipes” são da zona baixa, ou seja as “lowland flights”.
Reposta a verdade dos factos é a vez de entrar de coração afeito na música tradicional da Escócia e de uma das suas bandas que menos divulgação tem tido no nosso país. Dela conhecíamos, em formato vinílico, os brilhantes “Whistlebinkies 4” e “Whistlebinkies 5”, o primeiro adquirido em Portugal, o segundo encontrado quase por acaso numa loja de Berlim.
Por ocasião do Festival Intercéltico do Porto, Alan Reid, teclista dos Battlefield Band, fez a distinção entre as músicas tradicionais da Irlanda e da Escócia. Dizia ele que a da Irlanda é mais aérea, dada ao arabesco e à divagação, enquanto a da Escócia é mais dramática e afirmativa. Percebe-se a diferença, se compararmos o espírito de um “air” irlandês com a animosidade guerreira de uma gaita-de-foles escocesa acompanhada pela típica “side drum” militar.
Os Whistlebinkies, nome dado aos músicos que ofereciam a sua arte, a troco de pagamento (comida e bebida), nos casamentos ou em outras festas sociais, aliam o fogo à subtileza, na rendição que fazem à tríade dos instrumentos tradicionais da Escócia: as “pipes”, a harpa céltica (“clarsach”) e a rabeca, enfatizada na composição “The piper, the harper, the fiddler”. Recolhendo temas dos cinco volumes gravados para a Claddagh, com predomínio., precisamente, dos números 4 e 5, “Anniversary” apresenta uma diversidade de registos que vão do cinematógrafo “MacBeth”, (com um combate sonoro entre guinchos de bruxas e harpas de fadas) e do estilo, “à la Chieftains” de “Sir John Fenwick” à experiência medieval de “Ane ground”, passando pela sequência “Dominic McGowan”, “The fiddler’s farewell”, “The winter i tis past” e “The dogs among the bushes”, que põem em destaque, respectivamente, a concertina, a rabeca, a flauta e a gaita-de-foles, e pelo canto gaélico de Judith Peacock, em “Ailein duinn”.
Perdoem-me finalmente ter baixado um ponto em relação à classificação atribuída na semana passada, resultado de novas audições, com a nota mais consentânea com o valor relativo de um álbum a todos os títulos notável. (9)

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