Vários – “Vozes e Ritmos do Oriente”

pop rock >> quarta-feira, 09.06.1993
WORLD


ALMANAQUE ASIÁTICO

Vários
Vozes e Ritmos do Oriente
CD Tradisom, distri. Livraria Portuguesa de Macau



As compilações, de música tradicional ou de qualquer outro género, são divergentes nas suas propostas e propósitos. De catálogo sonoro de uma eyiqueta ou do embrulho de “êxitos” com fins meramente comerciais à explanação de uma tendência ou conceito estéticos comuns vai uma enorme distância. “Vozes e Ritmos do Oriente”, primeiro de uma série de três volumes, além de uma montra sedutora para os sons provenientes de várias regiões da Ásia, vale pelo aspecto didáctico, para os que agora se vão iniciando na exploração dos sons étnicos que se fazem ouvir dos quatro cantos do mundo.
Atento a este aspecto, o organizador do projecto, José Mouras, fez acompanhar os exemplos musicais de um livrete explicativo, escrito em português (parece redundância referir tal facto mas procurem outros discos desta área escritos nesta língua…), onde são fornecidas indicações preciosas, embora forçosamente incompletas, sobre as respectivas culturas, dos aspectos históricos aos instrumentos utilizados. Não faltam sequer explicações sobre os “chapéus coloridos de quatro bicos” da China, um festival das pastagens da Mongólia ou a “sublimação espiritual” no Paquistão. José Mouras, antigo músico dos Almanaque e antigo realizador do programa radiofónico “Arca do Velho”, transmitido na Rádio Macau, dedicado à divulgação de música tradicional, sabe obviamente do que fala e expõe os diversos assuntos de forma clara e acessível.
Das várias músicas abrangidas constam as tradições do Arzebaijão, China, Índia (Rajastão e Indostão), Japão, Mongólia, Paquistão e Tuva (na Sibéria, célebre pela técnica vocal que permite a um único músico emitir simultaneamente dois sons diferentes, já conhecida de alguns através de um álbum dos Tuva Ensemble, na editora Pan, com edição portuguesa).
Pondo de parte a literatura e o peso da História, os sons mais apelativos e próximos de uma sensibilidade europeia encontram-se na sequência final: nos dez minutos de festa vocal pelo conhecido Nusrat Fateh Ali Khan e no singelamente intitulado “Tying shrtukthlerining iri” dos cantores e instrumentistas de Tuva, em logaritmos rítmicos que os Penguin Café Orchestra deceto se terão entretido a decifrar. Uma edição que é, ou começou por ser, limitada, com hipótese de distribuição próxima por parte da BMG, a merecer todo o aplauso. (8)

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