Mary-Chapin Carpenter – “Come On Come On”

Pop Rock >> Quarta-Feira, 14.10.1992


Mary-Chapin Carpenter
Come On Come On
CD, Columbia, distri. Sony Music



Já goza de uma certa reputação esta senhora, entre alguma crítica americana. Reputação mereceida, se atendermos apenas às palavras, que a cantora maneja como poucas. “Come on Come on” é, neste aspecto, como um livro, no qual Mary vai contando fragmentos da sua vida, os amores felizes e os menos, um quotidiano vivido entre a cidade e as raízes “country” que a notabilizaram. A música tem força, sem ser muito original. Notam-se os traços das origens e a preocupação da autora em desenhar-lhes novos contornos. Um pouco à semelhança de K. D. Lang, de quem, por enquanto, em termos de originalidade, fica a milhas de distância, Mary-Chapin libertou-se das grilhetas sulistas que caracterizavam o som dos álbuns anteriores (“State of the Heart” e “Shooting Straight in the Dark”) para se tornar numa “singer-songwariter” sem rótulos.
Mas por essa mesma razão é visível o desequilíbrio entre a profundidade dos textos (autobiográficos ou não, a autora lança falsas pistas), sedimentados por anos de aprendizado, aos quais a cantora se entrega de corpo e alma, em interpretações que chegam a ser pungentes, e a composição musical propriamente dita que se deixa ficar por áreas onde o arrojo não abunda. Faltará a Mary-Chapin Carpenter, comparando-a de novo com K. D. Lang, o definitivo golpe de asa que lhe permita voar mais alto. Por enquanto, pouco a distingue da concorrência. Ficam as histórias, muitas, um tema de Mark Knopfler (“The bug”), os apoios vocais num par de temas, se Shawn Colvin e a presença emblemática de dois membros de uma banda mítica de cajun, os Beausoleil. E promessas que só o futuro permitirá ou não cumprir. (6)

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