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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #137 – “Vídeoclip de tema de Kubik (FM)”

#137 – “Vídeoclip de tema de Kubik (FM)”

Fernando Magalhães
07.10.2002 160414
Ontem, por acaso, vi na SIC Radical o clip de um tema do nosso caro amigo e forense Victor Afonsik, aka, Victor Afonso, Aka Kubik :), intitulado, se não estou em erro, “Proko”, ou algo do género.

O tema é muito bom, mas a sua tradução para formato visual, chega a ser brilhante. Não poderia ser mais simples nem mais eficaz. Não vou revelar, só posso dizer que é um pequeno filme de animação que resolve da melhor maneira a constante mudança de registo da música (aquela parte final, com a entrada do sax, é realmente fantástica!, enquanto na sequência “back to basics” do ritmo, na introdução, julgo descortinar a influência, subliminar, de Soul Center, mas posso estar errado…).

De quem foi a ideia do clip?

De qualquer forma, Victor, os meus parabéns.

FM

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #78 – “Pensamentos sobre o rock – parte 2 (Victor Afonso)”

#78 – “Pensamentos sobre o rock – parte 2 (Victor Afonso)”

Fernando Magalhães
19.02.2002 170559
quote:
________________________________________
Publicado originalmente por Victor Afonso

“Satie (ainda que as peças deste para piano pareçam brincadeiras de crianças). ________________________________________
Olá Victor

No essencial concordo com (quase) tudo o que escreveste. Com uma ressalva, porém, e sobre isto aproveito a frase sobre o Satie, com a qual não estou de acordo.

Prende-se então esta minha “dúvida” sobre o que é ou não complexidade. É que me parece redutor analisar esta conceito unicamente à luz da forma/estrutura/arquitetura musical de uma dada peça, ou seja, à matemática pura e simples.

Esta complexidade pode ser – e é-o muitas vezes – um vetor emocional, sentimental ou psicológico. Algo, apenas percetível ao nível da interpretação (não necessariamente técnica) ou da escuta subjetiva. Por isso cada maestro ou cada executante sentirá/interpretará a mesma peça musical de forma diferente.

Precisamente, no caso de Satie a complexidade não está na pauta propriamente dita mas na densidade emocional da sua música (o tipo era maçon, não o esqueçamos…).
Qualquer pianista de meia tijela, é verdade, conseguirá tocar AS NOTAS de uma Gymnopédie ou de uma Gnossienne mas poucos são os que conseguem fazer a transposição do universo interior contido na música do compositor.
Há versões absolutamente pindéricas e “light” da sua música.

Mas se ouvires a interpretação dos temas mais clássicos e conhecidos de Satie por um pianista como REINBERT DE LOWE (que conheci há muitos anos através do “Em Órbita”) perceberás melhor o que quero dizer com esta outra forma de entender o termo “complexidade”.
O jogo de tensões/silêncios, o modo como cada tecla é percutida (como se tivesse sido exigida uma vivência de anos, para o fazer…), modo como cada pausa é estendida revelam uma coisa difícil de atingir: sabedoria. De tal forma esta interpretação exigiu tudo do pianista que este voltou novamente às mesmas peças, cerca de 20 anos depois, como se a música de Satie continuamente lhe sugerisse a necessidade de aprofundar mais e mais a sua abordagem.
20 anos para tocar “peças que parecem brincadeiras de crianças” !!!????. Não me parece…

Da mesma forma, há peças clássicas tecnicamente extremamente complexas que contém uma enorme parcela de vazio…Ou seja, na prática não são complexas na medida em que o vazio nunca é complexo.
Um computador pode escrever uma peça formalmente mais complexa que qualquer humano, ao ponto de ser impossível a sua execução.

A música de BRIAN ENO é complexa? Que valor tem um álbum como “Discreet Music”, por ex,, criado de forma aleatória por um sistema de produção sonora praticamente independente da componente humana? E, lá está, surpreendentemente, as sobreposições harmónicas dos vários loops postos “a correr” adquirem insuspeitos detalhes, de uma inultrapassável riqueza/complexidade. A dado ponto, como no minimalismo, a música passa a desenrolar-se sobretudo no cérebro do ouvinte, onde tudo se torna possível.

A música de Mozart na interpretação de Waldo de los Rios continua a ser complexa?

Chegamos ao nó da questão: O que é ou não música, afinal de contas? : )

saudações musicais complexas : )

FM

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #33 – “A notícia do dia (Victor Afonso)”

#33 – “A notícia do dia (Victor Afonso)”

Fernando Magalhães
29.10.2001 160431

Ou me engano muito ou não chegaste a ler a crítica que escrevi ao “Oblique Musique” no “Y”! 
Se leste, nenhum comentário? Concordas? Discordas?

Aguarda por um telefonema meu um dia destes, para dizeres de tua justiça numa entrevista a publicar numa das próximas edições do suplemento.

FM

Victor Afonso
29.10.2001 160448

É claro que li, Fernando!

E é claro que concordo com o conteúdo da crítica, afinal, sempre deste nota acima dos 2/10  Gostava era que tivesses escrito algo mais desenvolvido, mais abrangente. Mas tudo bem…

Já agora, desculpa uma inconfidência: quem são os Popular Mechanics?! Juro que não conheço (posso já ter ouvido, mas pelo nome não vou lá).

PS – Estarei à tua disposição quando quiseres para uma conversa.

Fernando Magalhães
29.10.2001 170508

1 – Numa crítica pequena era difícil desenvolver mais, como deves calcular. Mas essa conversa ficará para a entrevista.

2 – Os POPULAR MECHANICS são um dos projectos dos anos 80 do teclista russo SERGEY KURIOKHIN. A relação com KUBIK diz respeito essencialmente a uma das obras-primas da década, com a assinatura POPULAR MECHANICS, o álbum “Insect Culture” (infelizmente desconheço a existência de uma edição em CD).
É um trabalho na área da colagem + electrónica + música russa sem paralelo. Sem samplers mas com uma notável criatividade na manipulação dos loops, Sergey Kuriokhin conseguiu aqui uma obra inclassificável, de síntese perfeita entre as máquinas, spoken word reciclado e lirismo musical. Fabuloso.

FM