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Trio Erik Marchand – “Na Tri Breur” + Trio Cornemuse – “Trio Cornemuse” + Trio Violin – “La Concordance Des Temps”

pop rock >> quarta-feira, 29.09.1993
WORLD


TRIOS

TRIO ERIK MARCHAND
Na Tri Breur (7)
TRIO CORNEMUSE
Trio Cornemuse (7)
TRIO VIOLIN
La Concordance Des Temps (7)



Triângulos. Dois é diálogo e movimento, tese e antítese. Três é também o vértice da síntese. Erik Marchand, que recentemente colocou de novo em circulação os Gwerz, assina uma fusão interessantíssima da música da Bretanha com a raga indiana. No tema de abertura as características vocalizações bretãs alternam com o estilo vocal improvisatório indiano. A base rítmica, construída pelo “oud” árabe e pelas tablas, segue os cânones da raga. Deliciosa a facilidade com que a bombarda navega nas águas doo Oriente. Yann-Fanch Kemener (Barzaz), outro especialista do canto bretão, participa como convidado.
Menos universalistas que o trio de Erik Marchand, os trios Cornemuse e Violon apresentam, ao invés, propostas que exploram os reportórios e territórios respectivos da “cornemuse” (variante mais vulgarizada da gaita-de-foles francesa) e do violino.
Os primeiros recuperam as marchas e canções, em versão instrumental, das regiões de Berry e Bourbonnais, através de múltiplas combinações, afinações e timbres da “cornemuse”, destacando-se a utilização exaustiva dos “bordões” (numa gaita-de-foles: um ou mais tubos de palheta dupla produtores de som grave e contínuo, que suportam as melodias digitadas no ponteiro, em francês “anche”, palheta) na criação de texturas de grande densidade e riqueza harmónica. Um par de vocalizações por Solanhe Paris, um piano e um clarinete ocasionais trazem o som à superfície, para de novo as “cornemuses” mergulharem nessas notas antiquíssimas que só os verdadeiros “sonneurs” conseguem fazer vibrar. Quanto ao Trio Violon, faz um pouco a mesma coisa com o violino e a música de Auvergne e do Limousin. Ponto de partida: a recusa e fuga das pragas do “jaze” e do “yé-yé”, como eles dizem a brincar, e da tirania das melodias tonais que poluem o genuíno folclore local. Contra a facilidade e a colonização, o Trio Violon pretende revelar a existência de um jardim secreto, Eden das origens, feito de ritmos endiabrados e melodias que convocam a concordância dos tempos, regidos pelo horário do sagrado. A alguns soará violento o embate com a beleza rude e convulsiva dos “bourrées”, polcas e marchas dos campos e rituais antigos. Mas outros não desdenharão sentar-se à mesa no banquete dos violinos. Anfitriões de uma festa que toca na mais íntima das cordas.

Trio Erik Marchand – “Na Tri Breur” + Trio Cornemuse – “Trio Cornemuse” + Trio Violin – “La Concordance Des Temps”

pop rock >> quarta-feira, 29.09.1993
WORLD


TRIOS

TRIO ERIK MARCHAND
Na Tri Breur (7)
TRIO CORNEMUSE
Trio Cornemuse (7)
TRIO VIOLIN
La Concordance Des Temps (7)



Triângulos. Dois é diálogo e movimento, tese e antítese. Três é também o vértice da síntese. Erik Marchand, que recentemente colocou de novo em circulação os Gwerz, assina uma fusão interessantíssima da música da Bretanha com a raga indiana. No tema de abertura as características vocalizações bretãs alternam com o estilo vocal improvisatório indiano. A base rítmica, construída pelo “oud” árabe e pelas tablas, segue os cânones da raga. Deliciosa a facilidade com que a bombarda navega nas águas doo Oriente. Yann-Fanch Kemener (Barzaz), outro especialista do canto bretão, participa como convidado.
Menos universalistas que o trio de Erik Marchand, os trios Cornemuse e Violon apresentam, ao invés, propostas que exploram os reportórios e territórios respectivos da “cornemuse” (variante mais vulgarizada da gaita-de-foles francesa) e do violino.
Os primeiros recuperam as marchas e canções, em versão instrumental, das regiões de Berry e Bourbonnais, através de múltiplas combinações, afinações e timbres da “cornemuse”, destacando-se a utilização exaustiva dos “bordões” (numa gaita-de-foles: um ou mais tubos de palheta dupla produtores de som grave e contínuo, que suportam as melodias digitadas no ponteiro, em francês “anche”, palheta) na criação de texturas de grande densidade e riqueza harmónica. Um par de vocalizações por Solanhe Paris, um piano e um clarinete ocasionais trazem o som à superfície, para de novo as “cornemuses” mergulharem nessas notas antiquíssimas que só os verdadeiros “sonneurs” conseguem fazer vibrar. Quanto ao Trio Violon, faz um pouco a mesma coisa com o violino e a música de Auvergne e do Limousin. Ponto de partida: a recusa e fuga das pragas do “jaze” e do “yé-yé”, como eles dizem a brincar, e da tirania das melodias tonais que poluem o genuíno folclore local. Contra a facilidade e a colonização, o Trio Violon pretende revelar a existência de um jardim secreto, Eden das origens, feito de ritmos endiabrados e melodias que convocam a concordância dos tempos, regidos pelo horário do sagrado. A alguns soará violento o embate com a beleza rude e convulsiva dos “bourrées”, polcas e marchas dos campos e rituais antigos. Mas outros não desdenharão sentar-se à mesa no banquete dos violinos. Anfitriões de uma festa que toca na mais íntima das cordas.