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Vários – “Festival WOMAD Anima Cidade de Cáceres – A Arquitectura Dos Sons Do Mundo” (festival)

pop rock >> quarta-feira >> 12.05.1993


Festival WOMAD Anima Cidade De Cáceres
A ARQUITECTURA DOS SONS DO MUNDO


Durante três dias, a cidade espanhola de Cáceres transformou-se na aldeia global de que falava McLuhan. A “world music”, com todo o seu cortejo de exotismos, invadiu a zona antiga da cidade. Sons, pessoas e arquitectura uniram-se num mosaico pintado de todas as cores. Em Lisboa, como será?



Lisboa vai receber, já no final de Agosto ou princípio de Setembro, o Festival WOMAD, especializado nas áreas de “world music” e considerado um dos mais prestigiados do género. Falta escolher o local exacto e a duração. Para Juan Arzubialde, organizador da edição espanhola, este ano de novo levada a cabo na cidade de Cáceres, “tudo depende do género de apoios que houver da parte da Câmara Municipal. Tanto poderá ser num local público como num estádio”. Sobre os artistas que estarão presentes em Lisboa, Juan Arzubialde não adianta por enquanto quaisquer nomes. De certeza apenas está garantida a presença de Peter Gabriel, o ex-Genesis que em 1982 contribuiu para lançar o conceito WOMAD – World Music, Arts and Dance. Os outros poderão ser alguns dos presentes em Cáceres, ou não. Quanto a Peter Gabriel, o reportório que apresentará em Portugal está igualmente dependente do local: “No caso de ser um recinto fechado”, diz Juan Arzubialde, “o espectáculo será idêntico ao que o artista tem apresentado na sua digressão actual pela Europa. Caso se trate de um recinto aberto, haverá um tipo de produção diferente, com um naipe de canções de álbuns antigos de Gabriel, como “Sledgehammer”, “Games Without Frontiers” ou “Biko”, a par de temas do mais recente, “Us”. Sem querer adiantar outros nomes à lista de músicos participantes, ficou contudo a promessa de que esta será escolhida “em função das preferências do público português”. Resta saber como serão avaliadas estas preferências, mas, levando em conta a ligação da WOMAD à Real World, não é difícil prever que o catálogo desta editora venha a contribuir com a maior parte dos artistas. O ideal seria mesmo que Lisboa soubesse acolher o festival num local de acordo com as suas tradições. Como aconteceu em Cáceres, escolhida, segundo o promotor espanhol, por ter “uma parte antiga maravilhosa que constitui um cenário natural adequado para o tipo de situação que se pretende criar com o WOMAD – um local histórico que mantém intactas as suas características, onde as pessoas podem circular”.



Cáceres é um encanto. Pequena cidade da região espanhola da Estremadura, situada a pouco mais de cem quilómetros da fronteira com Portugal, a leste do Alto Alentejo, Cáceres voltou a ser, à semelhança do ano transacto, palco de uma das extensões do festival WOMAD (World of Music, Arts and Dance), espécie de catálogo actualizado das várias “músicas do mundo” em exposição pelos países da Europa.
O Festival decorreu entre sexta-feira e domingo, na zona antiga da cidade, entre igrejas e outras construções de traça medieval reconstruída, considerados património mundial. Dois palcos foram montados em zonas desniveladas, um na Plaza San Jorge, escavada entre a pedra histórica, tendo uma das igrejas como pano de fundo, o outro num patamar acima, na Plaza Veletas, em descampado aberto para as colinas verdes da Estremadura.
O programa, como é costume, privilegiou os artistas ligados à editora Real World, o que não admira pois Peter Gabriel, “patrão” deste selo, foi o principal mentor e impulsionador do projecto WOMAD, nas suas primeiras edições.
Depois do espectáculo de sexta-feira realizado no estádio da cidade, o único com entrada paga de todo o festival, que contou com o próprio Peter Gabriel, Oyster Band, Grupo Yanko e Kiko Veneno, Sábado arrancou para uma série de músicas de sabores e proveniências diversas. O labirinto de ruelas, arcos, escadarias e praças medievais de Cáceres encheu-se de uma multidão colorida que constantemente girava entre os dois palcos ou, quando a música não era da sua predilecção, se embrenhava na exploração dos recantos e pormenortes arquitectónicos do espaço circundante.

Homilia Em Rhythm ‘N’ Blues

Acedia-se aos recintos musicais através de outras duas praças onde se albergava a fauna humana mais exótica que se possa imaginar. Turistas de máquina fotográfica à tiracolo chocavam com hippies envergando vestes estrambólicas; peles tatuadas cruzavam-se com “tailleurs” de fim-de-semana, mini-saias praticamente inexustentes contrastavam com túnicas que rojavam pelo chão. O som de congas em convívio harmónico com o choro de bébés e risos suspensos entre os paredões e muralhas do local. Dos lados, o comércio obrigatório e habitual nestes acontecimentos: uma tenda de comida japonesa confeccionada na ocasião confortava os estômagos no intervalo das músicas, “recuerdos” exóticos chamavam a atenção em barracas cobertas de artefactos bizarros, panos e fumos de todas as cores e fragrâncias. Uma delas, de arte australiana, exibia t-shirts estampadas com motivos tribais. Quem quisesse podia até adquirir um didjeridu, instrumento musical típico dos aborígenes que alguém exemplificava no local, em concerto improvisado. E as inevitáveis bancas de discos, bem fornecidas de doscos “Real World”, claro, entre outras miscelâneas de “world music” escolhidas mais ou menos ao acaso.
O ambiente geral recordava os bons anos 60, muito “cool” e “loose”, diriam os ingleses, e evocava as imagens de uma feira da Idade Média, onde nem sequer faltavam os habituais comedores de fogo, malabaristas e uma comunidade hippie, carregada de crianças e de cães, tocando congas e fazendo habilidades a troco de algumas moedas. A barafunda de pessoas e culturas atingiu o auge quando, no meio deste cenário de filme fantástico, surgiu um cortejo de casamento burguês a caminho da igreja criando uma mistura inaudita de “kitsch” burguês e folclore planetário. A confusão atingiu o ponto máximo quando numa outra igreja, de portas escanacaradas, situada em frente da Plaza Veletas, era possível assistir a uma missa em que as palavars da homilia sacerdotal se casavam com os rhythm ‘n’ blues dos Holmes Brothers que, na ocasião, tocavam a poucos metros de distância. Nunca o termo “world music” atingira antes um significado tão lato…

Aldeia Global

Os nomes em cartaz foram tocando pela tarde e noite dentro fazendo tábua rasa do alinhamento previamente estabelecido, o que obrigava a que toda a gente andasse numa roda viva, escadarias acima, escadarias abaixo, em busca de música, fosse ela qual fosse. Voltas trocadas, mas ninguém se importou. A arquitectura do local tudo dominava, tornando a música numa espécie de bónus, um fundo sonoro que harmonizava as gentes e o espaço, o calor que se fez sentir ao longo de todo o fim de semana com as cervejas, os sumos, o incenso e a “ambiente music” criada pelas vozes da multidão. A “aldeia global” reunida em torno de um conceito que com o correr do tempo ganha cada vez mais sentido: de miscigenação de culturas, de encontro e diálogo entre vozes plurais.
Os sul americanos Yanko puseram toda a gente a dançar, cumprindo o ritual da “siesta” que “nuestros hermanos” não dispensam. Mas a primeira grande celebração de Sábado aconteceu com a prestação dos malianos Bajourou. Duas guitarras, magistralmente dedilhadas apoiaram as deambulações do vocalista que não resistiu à euforia e se perdeu, cantando e dançando, no meio da audiência.

Depois, foi subir as escadarias de pedra que levavam ao palco superior para nos enfardarmos com a pop enfadonha dos Los Coquillos, originário das Canárias. Convém explicar que a sequência dos artistas, desprezando o programa inicialmente traçado, decorreu de modo a alternar as actuações num e noutro palco, o que obrigava as pessoas a circular, se quisessem assistior a todas elas, mal um grupo acabava de tocar na plaza San Jorge e logo o seguinte iniciava a sua prestação na plaza Veletas. Circular é viver.
Momento alto do festival aconteceu com o espectáculo do grupo vocal feminino Donnisulana. Cinco mulheres vestidas de negro trouxeram consigo o canto e a elevação “a capella” da Córsega, em registo de religiosidade que contrastou com a celebração festiva dos africanos. Africanos que no interior da Igreja/local de exposições, no “garden workshop space”, por iniciativa dos músicos dos Kanyinda Mujala, colocaram os instrumentos de percussão nas mãos da assistência para uma desbunda rítmica colectiva. Os indiferentes ao batuque tinham à sua disposição uma exposição de arte artesanal e de fotografia alusivas à temática do festival, que se pretendeu contra a xenofobia e o racismo.
Pouco dada a exotismos, a música dos Holmes Brothers invadiu o fim de tarde de Cáceres os “Rhythm ‘n’ Blues” tocados à boa maneira antiga, servida pela guitarra incandescente de Wendell Holmes. Em baixo, na plaza San Jorge, os russos Terem Quartet proporcionaram uma das melhores “performances” do festival, tocando o que se poderá definir como “rock ‘n’ roll” cossaco, em pura aceleração das balalaicas (uma delas gigantesca, desempenhando as funções de contrabaixo) e do acordeão. A noite desceu ao som do “celtic rock” dos Oyster Band que, à medida que se vão tornando mais conhecidos e comercialmente viáveis, vão perdendo algumas das características que faziam o seu apelo inicial: a espontaneidade, as conotações etílicas, o imprevisto. Hoje a banda britância está cada vez mais profissionalizada, vivendo das acrobacias do violinista e das sugestões “pub” do acordeão, sobre uma batida quadrada digan de “disco sound” mais primário. Ninguém pareceu importar-se muito e a actuação dos Oyster Band saldou-se por uma das mais bem recebidas pelo público de Cáceres.
Domingo, em início de tarde estival, viveu em exclusivo das proezas vocais do Grupo Sampling, seis cubanos acrobatas das vozes “a capella”, que utilizam para imitar o som de diversos instrumentos musicais. Um dos elementos executou mesmo, para gáudio dos presentes, um solo da bateria, reproduzindo na perfeição os timbres e o “ataque” dos vários tambores e pratos, enquanto simulava com as mãos e com os braços os gestos respectivos de um verdadeiro baterista.
Depois, e ao contrário do previsto, foi arrumar as malas e zarpar para outras bandas. S. E. Rogie, o “blues man” da Serra Leoa, transferiu a sua actuação para Badajoz. O concerto de música “new age” de Roger Eno com Kate St. – John, por seu lado, realizou-se em Mérida. Correntes alternas de música – cujo programa contou ainda com as presenças do indiano Shankar, Mustapha Tetty Addy, do Ghana, e o rei do acordeão “tex mex”, Flaco Jimenez – que durante três dias transformaram uma pequena cidade de Espanha na capital da “world music”. Lisboa vai ter em breve oportunidade de ver e ouvir como é.

Vários – “Do Cairo Ao Cabo” (african pop | televisão)

29.04.1991
Segunda-Feira, Local, Televisão


Do Cairo Ao Cabo

Viagens pelo continente negro. Pelos seus costumes e tradições. Pela sua música. África do deserto e da savana, berço do “jazz” e do samba brasileiro. África dos sons e tons tórridos que hoje aquecem as caves e estúdios de Paris. Ocidente rendido à matriz negra. Peter Gabriel, Paul Simon, Stewart Copeland abriram as portas e fizeram a junção dos continentes. Os músicos e a força africanos fizeram o resto.
Produzidos pela Metavídeo, os cinco programas da série “African Pop” contam a história da invasão africana, através da fusão dos batuques e cantos rituais com a electrónica e as estratégias de “marketing” ocidentais. Depois do Senegal, de Youssou N’Dour, Baaba Maal e Mory Kanté, lugar, esta tarde, para as imagens e sons do Zaire e da boémia de Kinshasa, cujas ruas e clubes de luxo se animam ao ritmo da rumba, tocada toda a noite por orquestras de guitarras especialmente afinadas para o efeito. A dança e a música juntam-se à moda nos concursos de “sapeur” – desfiles inspirados no Ocidente onde “dandies” de ébano, “passam” Saint-Laurent, Gaultier ou Yamamoto e ganha quem vestir a roupa mais cara e luxuosa. De “dandy”, Papa Wemba transformou-se num dos mais interessantes e conceituados músicos africanos a trabalhar na Europa. Vamos saber como e porquê.
O terceiro programa da série “African Pop” será dedicado À Nigéria, da música “juju” e Fela Kuti, e o seguinte às mútuas influências entre as músicas africana e europeia. Finalmente, no quinto e último, veremos como Paris se transformou na principal embaixada africana na Europa. Bastaria a música de Manu Dibango, Johnny Clegg (inglês de coração zulu), Kassav e Touré Kunda, para não os perdermos.
Canal 2, às 12h40

Vários – “Um Guia Seleccionado Para A Música De Quatro Décadas Que Se Reeditou Em 90 – Raros, Inéditos e Reeditados”

Pop-Rock 09.01.1991


Um Guia Seleccionado Para A Música De Quatro Décadas Que Se Reeditou Em 90
RAROS, INÉDITOS e REEDITADOS


Fernando Magalhães e Luís Maio
Depois das glórias dos anos 50 e 60, foi a vez de o sumo da década de 70 e da primeira metade da de 80 alimentar em 90 a indústria dos fundos de catálogo. Essa orientação de mercado parece, contudo, não corresponder a alguma nostalgia instantânea pelo que acabou ou ainda está a passar – e muitas das compilações em causa integram e foram lançadas em simultâneo com novos singles. Houve sim uma espécie de adaptação ao mercado da música do sistema de montagem em série com variações mínimas de pormenor, corrente por exemplo no ramo automóvel. Prova disso, outra tendência dominante foi voltar a reeditar tudo o que ainda há pouco se reeditara, mas em diferentes embrulhos sob o lema das retrospectivas definitivas, em luxuosas caixas de CD, com aliciantes suplementares de títulos inéditos, gravações raras e “takes” alternativos. Importa também notar que, se o fluxo de reedições no resto da Europa foi em 90 tão grande, ou nalguns meses superior ao das edições de originais, as companhias portuguesas não parecem ter compreendido as potencialidades desse mercado (em contraste com algumas lojas de importação). Isso mesmo se poderá constatar neste guia pela ausência maioritária de representantes locais para tais reedições.

A divisão do guia por décadas é estritamente operatória

ANOS 50

THE EVERLY BROTHERS
Perfect Harmony (Knight Evy)

Todos os hits dos famosos manos, desde a estreia nos tops em 57 com “Bye Bye Love”, até à ligação com os Beach Boys para “Don´t Worry Baby”. Parce que sem eles os Simon & Garfunkel nunca teriam passado de meninos de coro.
GENE VINCENT
Boxed Set (Capitol)


Uma das grandes lendas mortas do rock ‘n’ rol, o preferido dos inadaptados, o eleito dos clã motorizados. “Be Bop A Lula” e tudo o resto reempacotado em CD para velhos adolescentes de alma rebelde sob o uniforme de executivos.
JOHNNIE RAY
Cry (Bear Family)

Celebrado como o primeiro “crooner” do rock ‘n’ rol, professor de Elvis nessa matéria, Ray parece não ter tido tanta felicidade na escolha do seu reportório de coberturas de negros, ou pelo menos não lhes comunicou tanto carisma em estúdio.
LITTLE RICHARDS
His Greatest Recordings (Ace)


Duas dúzias de pérolas do negro que assustou toda uma geração de pais americanos e, antes de se converter ao divino, inventou o vocábulo mais significativo da língua inglesa do pós-guerra, “Awopbopaloobopalopbambooom”.
THE SHIRELLES
The Collection (Castle)

Vinte e quatro lembranças queridas, ou tantos hits do tempo em que as Shirelles introduziram um modelo de singela “coqueterie” (para sempre?) no vocabulário do rock ‘n’ rol.
SCREAMIN’ JAY HAWKINS
Voodoo Jive (Rhino)

Aproveitando a reabilitação como gerente de hotel no “Comboio Mistério” de Jim Jarmusch, o pioneiro do rock ‘n’ rol foi recuperado nesta compilação das peças essenciais do seu show surrealista. Mesmo hoje, parece impossível que alguém pudesse cantar em semelhante grau de desarranjo.

ANOS 60

BEACH BOYS
“Pet Sounds”, “Surfin’ Safari” / “Surfin’ USA”, “Surfer Girl” / “Shut Down, Vol. 2”, “Little Deuce Coupe” / All Summer Long”, “Todo” / “Summer Days (and Summer Nights)”, “Summer Dreams” (Capitol, distri. EMI-VC)


Até “Pet Sounds”, os Beach Boys foram os meninos de ouro, queridos na Costa Oeste e, mais tarde, no resto dos Estados Unidos. Meninos da praia, reis do “surf” e das intricadas harmonias vocais, das raparigas de sardas e rabo-de-cavalo e dos descapotáveis eram a coqueluche das “garage band” da época. Brian Wilson, o génio da família, queria mais. “Rubber Soul”, dos Beatles, espicaçou-lhe o orgulho e a veia criativa. Decidiu que tinha de fazer melhor e há quem diga que o conseguiu. Com “Pet Sounds”, por muitos considerado um dos melhores álbuns de sempre da música popular. Um naipe de fabulosas canções e uma revolucionária utilização das técnicas de estúdio, tornam o disco incontornável. Depois foram os próprios Beatles a querer ainda mais além – “Sergeant Peppers” seria o disco e a lenda.
Cada uma das actuais reedições inclui quatro ou cinco faixas extra – as habituais versões alternativas ou simples experiências de estúdio. Nos textos das capas, Brian Wilson conta parte da história e explica como foi. “Summer Dreams” é uma colectânea que inclui a maior parte dos temas famosos da banda. “Good Vibrations”. Para sempre.
BEE GEES
The Very Best (Polydor)

Por aqui se vê que eram melhores imitadores dos Beatles que divas da “febre” disco dance.
THE BYRDS
The Byrds (CBS)


Caixa de quatro CD, contendo a maioria dos temas que cobriram de glória a banda americana percursora do “psychedelic rock” de tendências rurais. Guitarras cristalinas que fizeram escola (frequentada entre muitos, pelos R.E.M.) e vozes que serviam excelentes melodias funcionam como máquinas do tempo que nos leva direitinhos à época das grandes explorações de estúdio e ideologias a condizer. A caixa contém novas misturas e versões alternativas de temas antigas, interpretações ao vivo de “Mr. Tambourine Man” e “Turn! Turn! Turn!”, bem como quatro temas extraídos de um concerto recente em que de novo se juntaram Roger McGuinn, David Crosby e Chris Hillman, “Younger Than Yesterday”, “The Notorious Byrd Brothers”, “Sweethearts Of The Rodeo”, momentos mágicos de uma era (aparentemente) dourada. Canções, pois claro, a “Eight Miles High”, vibrando para sempre no éter estelar.
DONOVAN
The Collection, Donovan Rising (See For Miles)


Parece mentira, mas é verdade: O homem da voz doce e tremelicante ressuscitou das profundezas de “Atlantis”, mais gordo, mas cósmico e florido como nunca. Para além da colectânez e do álbum ao vivo, lançou ainda este ano o novo “One Night In Time”. Os psicadélicos devem-lhe alguma coisa, talvez as flores. Gravou uma obra-prima que poucos conhecem – o duplo “HMS Donovan”, tão belo e absurdo como Alice no país das maravilhas. Chegou a ser rival de Dylan. Hoje os Butthole Surfers homenageiam-no com a sua interpretação de “Hurdy Gurdy Man”. Homenageiam-no é uma forma de dizer…
ERIC CLAPTON
Clapton Conversation (London Wavelenght)

Depois desta caixa de três discos com Eric Clapton a botar discurso na rádio, porque não meia dúzia de CD da celebridade a cantarolar no duche?
HERMAN’S HERMITS
The EP Collection (See For Miles)

Odiados nos anos 60 pelas elites como campeões da patetice, os Hermits são agora reabilitados a título de porta-vozes de eleição da inocência dos anos 60, numa compilação que alterna os hits imediatos com títulos que, apesar de não terem conhecido os favores da altura, por isso mesmo resistiram melhor ao tempo.
JIMI HENDRIX
Cornerstones, 1967-1970 (Polydor)

Quatro temas por ano. A ordem e simetria são muito bonitas. Greenaway procederia assim. O guitarrista era menos ordenado, o génio explodia-lhe da alma até à guitarra, em chamas. Hendrix não se compadece com cronologias. Pertence à eternidade. “Hey Joe, Are You experienced?” Ao pé dele somos todos meninos.
THE KINKS
“Kinks”, “Kinda Kinks”, “The Kink Controversy”, “Face To Face”, “Something Else By The Kinks”, “Live At The Kelvin Hall”, “Are The Village Green Presrvation Society”, “Arthur Or The Decline And Fall Of The British Empire”, “Lola Versus The Power Man And The Moneyground, pt. One”, banda sonora de “Percy”. (Castle)

Inglaterra, nevoeiro, chá das cinco, bosques verdes, Londres, Big Bem, Picadilly Circus, Ray Davies, Dave Davies, os Kinks. Sobretudo Ray Davies, o “dandy” preocupado em cantar o declínio do império. As reedições em CD reproduzem as capas originais e abrangem toda a obra fundamental da banda londrina. “Arthur” não apanhou o comboio das óperas rock, arrastado pela velocidade de “Tommy”, dos rivais “Who”. Quase tudo são hits que fizeram uma época e que assobiaremos para sempre no coração. “You Really Got Me”, “Sunny Afternoon”, “Waterloo Sunset”, “Death Of A Clown”, “Victoria”, “Shangri-La”. Roupas e vozes muito coloridas. Londres parecia então um arco íris.
RIGHTEOUS BROTHERS
Unchained Melody (Verve)

Já não se façam canções românticas deste classicismo. Se se fizessem, por que razão haveria um filme tão chunga quanto “Ghost” de ressuscitar um tema com 25 anos para os primeiros postos de vendas dos tops mundiais?
ROLLING STONES
Hot Rocks, More Hot Rocks (London, distri. Polygram)

A pretexto dos Stones 1990, a reedição dos seus êxitos no catálogo London. Passa sem muita discussão que aqui se encontra tudo ou quase tudo o que interessa nos Stones, e teria sido menos cansativo e incomparavelmente mais elegante editarem só estas colectâneas no lugar de “Steel Wheels”.
STEVE MILLER BAND
Best Of 68-73 (Capitol)

Tem tudo a ver com a recuperação de “The Joker” no recente anúncio da Levi’s. Mais ou menos o mesmo que a prévia “Anthology” sob outra ordem.
SMALL FACES
The Ultimate Collection (castle), The Singles A’s & B’s (See For Miles)


Se, na altura da explosão mod inglesa, os Who foram os que mais fizeram negócio, os Small Faces devem ter sido os mais originais e dinâmicos, extrapolando com classe as coordenadas soul e r&b para um contexto branco. Estas colectâneas são provas indiscutíveis.
TIM BUCKLEY
“Dream Letter, Live In London 1968”

Duplo CD contendo temas inéditos do autor de “Goodbye and Hello”, “Starsailor” e “Look At The Fool”. 1968 foi o ano em que se apresentou pela primeira vez ao público londrino. Uma voz, guitarra acústica, baixo e vibrafone (absolutamente encantatória a introdução de “Hallucinations”) chegaram para criar uma atmosfera mágica, intimista e irrepetível. Tim Buckley nunca parava de cantar, mesmo no intervalo entre duas canções. Como se sabe, só a morte o impediu de continuar.
VAN MORRISON
The Best Of (Polydor, distri. Polygram)

É quase um crime reduzir a obra discográfica do irlandês a escassas duas dezenas de títulos. A boa desculpa desta compilação é serem os favoritos do próprio artista na altura da resenha.

ANOS 70

BUZZCOCKS
The Peel Sessions Album (Strange Fruit, distri. Anónima)

Oportunidade para recordar Pete Shelley, acreditado como o poeta oficial do punk e um dos ídolos de Morrissey, nas gravações para o programa de John Peel, em Setembro de 1977, no zénite da sua eloquência desesperada.
CHIC
Megachic (Atlantic)

Depois das remisturas que lançaram o revivalismo “Chic”, os originais, ou seja, aquilo por que os Chic hoje valem ainda a pena serem recordados.
DAVID BOWIE
Changes Bowie, Space Oddity, The Man Who Sold The World, Hunky Dory, Aladin Sane, Pin Ups, Diamond Dogs (Emi)

Primeiras peças do grande teatro Bowie, acrescidas em CD, de temas bónus – novas misturas, “takes” de estúdio, brincadeiras. Claro que se trata de álbuns todos eles fundamentais, como fundamental é a totalidade da sua obra até “Scary Monsters / Super Creeps”. Daí para a frente o “Thin White Duke” trocou o teatro pelo cinema e os resultados são um pouco para esquecer, não havendo “Tin Machine” que lhe valha. Antes era diferente. Era sempre diferente. De álbum para álbum. De máscara para máscara. De comum entre “Space Oddity” e “Diamond Dogs” existe apenas essa extraordinária capacidade de se metamorfosear e a facilidade com que produzia fabulosas experiências musicais, sempre à frente do seu tempo. Indispensável. Toca a trocar os discos por CD!
THE ENID
Touch Me, Six Pieces, The Spell, Final Noise!

O melhor de uma dessas bandas sinfónicas que o punk sepultou, agora ressuscitada em CD como pioneiros da “nova idade”.
ISAAC HAYES
Black Moses (Stax)

O épico de 1971 reeditado num CD duplo para consolo dos iluminados da época e educação dos actuais aprendizes do funk filosófico. Apoteose acabada de um dos maiores profetas da música negra deste século.
THE ISLEY BROTHERS
Forever Gold (Epic)

Ainda não foi a reedição integral destas glórias da fusão soul/rock dos anos 70, que hoje se estima mais estimulante que na altura, mas do melhor nos seus primeiros quatro álbuns no selo próprio T-Neck.
JOHN LENNON & YOKO ONO
The Interview, (BBC) The Ultimate Lennon Box Set (Parlophone)


Duas horas de conversa entre John e o jornalista Andy Peebles, gravada para a Radio One, com a japonesa a interromper de vez em quando. As ideias, a generosidade e ingenuidade de um visionário que acreditou até ao fim que o mundo podia ser melhor. Quanto à caixa são os discos pós Beatles que já toda a gente conhece nu embrulho luxuoso para revigorar o apetite.
JONATHAN RICHMAN AND THE MODERN LOVERS
Great Recordings (Essencial)

Jonathan Richman, o tipo de Boston que à saída da Factory de Andy Warhol tropeçou num buraco negro e foi dar às filmagens de um secreto re-make de “O Feiticeiro de Oz”, retratado nos seus momentos de mais brilhante alucinação.
KATE BUSH
This Woman’s Work (Emi)

O trabalho todo – nove álbuns que incluem os seis discos de originais até agora gravados em estúdio, mais 31 lados B de singles, uma faixa extra retirada da colectânea “the Whole Story” e dois temas em francês, “Ne T’En Fuis Pas” e “Un Baiser d’Enfant”, num total de noventa e oito canções. Chega e sobeja para nos arrepiar.
KEVIN AYERS, JOHN CALE, ENO, NICO
June 1, 1874 (Island)


Imemorial reunião de quatro das personalidades mais bizarras da pop. Hoje, Nico, “deusa da Lua”, brilha na escuridão do firmamento. Ayers deixou os copos, deixando também para trás a genialidade dos cinco primeiros álbuns, trocada pelo sol de Maiorca. Cale continua a ser aquilo que sempre foi: um bom compositor, com esporádicos lampejos de génio. Eno forçou a que se inventassem novos sistemas de referência – sozinho, vai redescobrindo o silêncio e inventando novos universos. Há 16 anos provavam que a loucura pode ser partilhada, inflamados no vulcão de “Baby’s On Fire”.
KEVIN AYERS
The Collection (See For Miles)

O menino prodígio dos Soft Machine, que renunciou à alta-roda dos tops para cantar os prazeres e as amáveis alucinações da vida ao sol mediterrânico, em mais uma recapitulação que evita os delírios surrealistas em favor das baladas acessíveis e suaves.
LED ZEPPELIN
Remasters, Led Zeppelin (Atlantic)

No primeiro caso trata-se de três discos, ou dois CD, preparados e tratados em estúdio por Jimmy Page, numa operação de cosmética destinada a valorizar o material passado para o “compacto”. No segundo, os números passam para o dobro: Seis discos, quatro CD. 54 temas que incluem os bónus “Travelling Riverside Blues” e “White Summer / Black Mountain Side”, gravados em 1969 numa sessão para a BBC, nova versão do clássico da percussão “Moby Dick” e “Hey, Hey What Can I Do”, originalmente o lado B de “Immigrant Song”.
MADNESS
One Step Beyond; Absolutely; The Rise & Fall (Virgin)

Melhor banda “new wave” com humor britânico, recordada numa edição limitada de três “Picture discs”, talvez demasiado composta para recheio tão achicalhado.
MARC BOLAN & T. REX
My People Were Fair And Had Sky In Their Hair… Prophets, Seers And Sages, Unicorn/Beard Of Stars, Electric Warrior”, Bolan Boogie, The Slider, Tanx, Zinc Alloy And The Hidden Riders Of Tomorrow, Bolan’s Zip Gun, Futuristic Dragon, “Dandy In The Underworld, The Collection. (Castle)

Era uma espécie de David Bowie a uma escala menor. Mestre do “glamour” e da poesia “naif”, Marc Bolan era o Merlin dos adolescentes, cobrindo de lantejoulas e melodias pop um universo de fábula. Tyranossaurus Rex, assim se chamava o duo inicial – guitarra acústica, bongós e uma voz de encantar. Depois foi a electricidade e o rock em hits como “Hot Love”, “Get It On” e “Telegram Sam”. Infelizmente as letras dos álbuns da época “mística”, não constam nos CD. Também “T. Rex”, álbum de transição para a fase eléctrica não teve direitos de reedição. Deste disco apenas quatro faixas aparecem nas colectâneas “Bolan’s Boogie” e “The Collection”. Já não há flores na cabeça das pessoas.
MONTY PYTON
Monty Pyton Sings (Virgin)

Mais que larachas cantadas, canções verdadeiras que fazem rir, a prova dos nove dos Monty Python no terreno do “vaudeville”.
NICK DRAKE
Five Leaves Left, Brayter Layter, Pink Moon, Heaven In A Wild Flower (Island)

Obra completa do poeta da melancolia. A música de Drake cai na alma como folhas no Outono. Trsitemente. À luz da lua. Morreu muito novo, depois de caminhar pela loucura em câmara lenta. Passou despercebido na altura em que todos queriam ser sinfónicos. Ele cantava, apenas, com voz frágil, a passagem do tempo e das ilusões. Joe Boyd, responsável e amigo do artista, autorizou a venda do catálogo Witchseason à Island, na condição de esta manter permanentemente em “stock” os discos do poeta. “Heaven In A Wild Floer”, título do romântico William Blake para a colectânea do mesmo nome, sintetiza a essência da visão que Nick Drake em vida cantou e, depois da morte, decerto alcançou.
PETER GABRIEL
Shaking The Tree – 16 Golden Hits 8Virgin, distri. Edisom)

Foi o próprio Gabriel quem escolheu, e agora o seu segundo álbum a solo não está entre os seus preferidos, mas sobretudo o mais recente “So”. Sendo assim, se calhar, não valia a pena fazer compilação nenhuma.
QUEEN
Queen At The Beed 1973 (Band Of Joy, distri. Anónima)

A curiosidade de descobrir que, nas secções de gravação prévias ao álbum de estreia, a estrela dos Queen era Brian May. Do mal teria sido o menos…
SOFT MACHINE
The Peel Sessions (Strange Fruit)


Duplo álbum gravado durante as célebres sessões de John Peel, num período compreendido entre 1969 e 1971. Na época, Hugh Hopper acabara de substyituir Kevin Ayers e a banda alcançava com o duplo “Thrid” a sua obra-prima absoluta, após os psicadelismos pop dos dois primeiros discos. Destaque para a participação nalguns temas da secção de metais constituída por Elton Dean, Lyn Dobson, Marc Charig e Nick Evans (que colaboraria também em “Third”) e de uma nova versão de “Moon in June”, a clássica e terna liturgia esquizofrénico-vocal de Robert Wyatt, aqui com letra alusiva ao locutor. Mike Ratledge e Elton Dean tornam a coisa mais complexa.
THE STRANGLERS
Greatest Hits 1977-1990 (CBS, distri. CBS port.)

Agora saiu Hugh Cornwell, amanhã, se calhar, Jean Jacques Burnell vira actor de cinema, ou qualquer coisa no género. Os hits dos Stranglers, esses, são sempre os mesmos. Pelos vistos, o que muda é o pretexto.
SUICIDE
1/2 Alive (Contempo)


Alan Veja e Martin Ver gravaram, durante uma carreira de vinte anos, três álbuns de estúdio. Neste disco aproveita-se tudo o que ficara até agora de fora: gravações caseiras e inéditos ao vivo, gravados entre 1974 e 1979. “Harlem II”, “Going to Las Vegas”, “Space Blue”, “Long Talk”, “Speed Queen”, “Love You”, “Cool as Ice” e “Dreams” são alguns dos originais incluídos no disco. O ritmo da sociedade industrializada à beira do caos tocado por Ver em serra elétrica e cantado por Veja, encarnando o espectro cavernoso e reverberado de Elvis Presley. Implacável.
TELEVISION
The Blow Up (Danceteria)

Peça essencial para enriquecer a magra discografia da mais carismática banda nova-iorquina de guitarras na fase “new wave”, onde as duas faixas de cerca de 14 minutos, gravadas ao vivo em 1978, chegam e sobram para demonstrar o virtuosismo explosivo da dupla Tom Verlaine / Richard Lloyd.

ANOS 80

ABC
Absolutely (Phonogram, distri. Polygram)

O fim do contrato dos ABC com a Phonogram deu origem a esta compilação dos anos em que durou (81-89), com justo destaque para os títulos do LP de estreia “Lexicon Of Love”. O caso acabado dos tipos que são melhores a fingir mundos e fundos que a chorar as desgraçadas dos subúrbios.
CARMEL
Collected (London, distri. Polygram)


Jazz estilizado, gospel incendiário, pop distanta, conjugados numa fórmula harmónica que, ao longo de sete anos, nunca vingou nos tops, mas fez sempre as delícias das elites de bom gosto. Só os distraídos preferem a colectânea aos discos originais.
JOE JACKSON
Ntepping Out (A & M, distri. Polygram)

A colecção de mais de uma década de êxitos falhados, mas de muito prestígio, que acabaram por fazer a A & M meter Jackson no olho da rua.
THE FALL
458489 A-Sides, 458489 B-Sides (Beggars Banquet, distri. Anónima


Um disco para as faces A, outro para as B dos singles que os Fall editaram entre 84 e 89, os seus anos na Beggars Banquet. Mark Smith fica uma vez mais reiterado, é único companheiro de Morrisey na fé de que o público nunca se farta de lhe comprar discos por atacado.
THE GO-BETWEENS
1978-1990 (Beggars Banquet, distri. Anónima)

Os Go-Betweens acompanharam de perto as mais sinuosas elipses do coração apaixonado ao longo demais de uma década sem colherem grande contrapartida financeira. Esta compilação faz-lhes justiça alternando os seus clássicos com material que foi ficando pelo caminho.
MADONNA
The Immaculate Collection (Sire, distri. Wea)

Os hits da escaldante senhora e mais nada, dos inícios electrodisco nos primórdios da década de 80 até ao bailado “voguing” nos inícios dos anos 90. Como remate, a mesma história de sempre, quer dizer, mais um single para encher o olho no pequeno ecrã, onde pela milésima vez a loura avantajada justifica as suas fraquezas carnais.
MANTRONIX
The Best Of (1986-1988) (10 rec, distri. Virgin)

Pioneiros algo inglórios da actual febre de sincretismo dançante, os Mantronix viram o seu material antigo recuperado nesta compilação graças ao hit menor, mas recente “Got To Have Your Love”.
MOMUS
Monsters Of Love Singles (1985-90) (Creation, distri. Anónima)

Um tipo que se tornou francamente chato e afectado, cujas boas recordações estão todas aqui, porque o actual já ninguém tem paciência para aturar.
MORRISSEY
Bono Drag (His Master Voice, edi. EMI-VC)

Na sequência do ensaio frustrado para o segundo álbum a solo, Morrissey iludiu a crise editando primeiro um vídeo de concerto e em seguida esta compilação dos seus singles em nome próprio. A eloquência poética e a chama vocal não se apagaram, mas este material transpira a ausência de um cúmplice nos arranjos à altura de Johnny Marr.
NEW ORDER / JOY DIVISION
Peel Sessions (Strange Fruit, distri. Anónima)


Esboço de retrato da evolução do mais cinzento projecto britânico de finais dos anos 70 para a banda independente de dança mais brilhante dos 80, através das sessões gravadas pelas duas formações para o programa de John Peel. Sem surpresas, só pelo prazer de recapitular.
PUBLIC IMAGE LTD
Greatest Hits (Virgin, distri. Edisom)

O grande profanador de crina multicolor Johnny Lydon reciclado nos seus hits pós-Pistols, na liderança da “experiência” Public Image. Se isto não fosse uma compilação, mas um disco de originais, os PIL, seriam com certeza maiores que os Pistols.
THE TEARDROP EXPLODES
Everybody Wants To Shag The Teardrop Explodes (Fontana, distri. Polygram)

O terceiro álbum “perdido” dos Teardrop Explodes, com o título pretendido para o primeiro. Cinco faixas foram incluídas num EP que saiu em 83, duas retomadas depois a solo por Julian Cope, restando assim de facto cinco inéditos. Mais uma sequência de esboços que de canções acabadas, peça sobretudo dedicada aos colecionadores.
TALK TALK
Natural History (Parlophone, distri. EMI)

Estranhamente, depois de os Talk Talk terem assinado em “The Spirit Of Eden” um enorme salto qualitativo, percorrendo sinuosos caminhos algures entre a pop e a música ambiental, eis que a Parlophone os despediu. O êxito comercial da compilação cronológica sequente foi um verdadeiro certificado de incompetência para o seu sector de “artistas e reportório”.