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Os Sons Da Fala + Pedro Abrunhosa – “9 de Junho, Praça Velha de Coimbra, 21h00”

pop rock >> quarta-feira >> 08.06.1994


FUSÕES LUSÓFONAS

OS SONS DA FALA + PEDRO ABRUNHOSA
9 de Junho, Praça Velha de Coimbra, 21h00



Coimbra vai ser palco, dia 9 de Junho, das Comemorações do dia de Portugal, que por acaso até é o dia 10. Vai ser na praça velha da cidade, Às 21h, e Vitorino será o director musical de um espectáculo de genérico “Os sons da fala”, baseado na música dos vários países de língua portuguesa (incluindo a Galiza e o português antigo) e com uma série de convidados especiais. De África virá um quarteto constituído por Manuel Paris, no baixo eléctrico, João Ferreira, na percussão, Zezé Barbosa, na guitarra eléctrica, e Toy Paris, na bateria, que fará o suporte musical da representação portuguesa, formada por Vasco Gil, no sintetizador, Jacinto Ramos, tuba, Jorge Reis, saxofones alto e soprano, Carlos Salomé, adufes e cavaquinho, Edgar Caramelo, saxofone tenor, e Tomás Pimentel, arranjos de metais, trompete e filiscórnio. A lista de convidados é apelativa. Bana e Tito Paris representam Cabo Verde. O primeiro interpretará a morna “Ondas sagradas do Tejo” e uma canção do seu reportório. Uxia, a cantora galega mais portuguesa de todas, virá cantar uma canção de José Afono, “Se voaras mais perto”, acompanhada por Filipa Pais, a tocadora de gaita galega Maria José, dos Muxicas, e os três irmãos Salomé, em adufes.
Waldemar Bastos vem de Angola para interpretar o fado “Foi Deus” e André Cabaço, de Moçambique, fará o mesmo em “Diana”, um tema com letra de António Lobo Antunes. Ambos vão cantar mais duas canções dos respectivos reportórios. O Brasil faz-se representar por Carlos Lyra e os portugueses convidados são Janita Salomé, com mais duas mornas, “Saudade de Cabo Verde” e “Maria Bárbara”, e Filipa Pais de novo a fazer os apoios vocais. Sérgio Godinho completa o lote dos portugueses presentes em “Os sons da fala”.
Vitorino explica as razões de escolha do local – “Coimbra era a capital cultural do Império” – e o sentido geral do espectáculo: “Vão estar presentes em grande força cantores da lusofonia portuguesa dos PALOP a cantar nas suas línguas e nos seus dialectos, nos seus crioulos. Vai ser um som luso-africano, até porque a banda principal é mista. Uma verdadeira fusão. Fala-se hoje muito em fusão, mas a gente não só fala como a vai tornar real.”
Das funções entregues a Vitorino fazem parte “a coordenação de todo o projecto”, incluindo a organização, a sequência do espectáculo, o endereço de convites, enfim, o pôr em prática todas as ideias e sugestões. Em colaboração com Paulo Pulido Valente. Vitorino apenas lamenta a não participação de um convidado que estava nas suas intenções trazer a Portugal: “Convidei um indiano de Calecute que não pode vir porque tem um trabalho em Toulouse. É pena, porque Calecute foi o primeiro ponto tocado por Vasco da Gama na sua viagem à Índia. Vamos ter dificuldades em arranjar indianos. Ainda só não temos músicos da Ásia.”
Uma curiosidade relativa a “Os sons da fala” é que, segundo Vitorino, “será tudo ao contrário. O Janita vai cantar em crioulo, todos os cantores vão cantar depois uma canção do Zeca Afonso, em português, mas a norma vai ser os portugueses cantarem em crioulo”.
Antes de “Os sons da fala” outros sons soarão em Coimbra, dos actualmente muito falados Pedro Abrunhosa e Bandemónio.

David Fonseca + Cabeças No Ar + Sérgio Godinho + Pedro Abrunhosa + Caetano Veloso + Xutos & Pontapés + Sloppy Joe + Mesa + Zedisaneonlight + Toranja + Yellow W Van – “A Vida Num Só Dia Em Alvalade” (artigos de opinião / concertos / festivais)

(público >> y >> portugueses >> concertos / festivais)
27 Junho 2003


a vida num só dia em alvalade



Foi provavelmente (e infelizmente) maior o número de concertos ao vivo do que o dos campeonatos conquistados pelo Sporting, durante o tempo em que permaneceu de pé o Estádio José de Alvalade, agora já meio demolido. A despedida das grandes concentrações rockeiras neste recinto coincide com a realização, amanhã, dia 28, do Festival Galp Energia Ao Vivo. Vão jogar, no palco grande: David Fonseca (17h30), Cabeças no Ar (18h30), Sérgio Godinho (19h30), Pedro Abrunhosa (20h35), Caetano Veloso (21h40) e Xutos & Pontapés (23h).
Num palco mais maneirinho, designado Quinta dos Portugueses, deambularão, durante os intervalos das atuações dos cabeças de cartaz, os Micro, Sloppy Joe, Mesa, Zedisaneonlight, Toranja e Yellow W Van. 20 minutos cada intervenção.
Vão acontecer coisas importantes. Pelo menos uma. Que até nem é original, mas… Sérgio Godinho, ainda às voltas com a grande família da pop nacional que se lhe juntou para celebrar “O Irmão do Meio”, vai cantar com Caetano o tema “Lisboa que Amanhece”, à semelhança do que acontece no disco. Será a vida num só dia em alvalade durante a atuação de Caetano Veloso. Atravessa um momento alto da sua carreira.
David Fonseca, o homem dos Silence 4, também está numa fase alta. Lançou o seu álbum de estreia a solo, “Give me Something New”, e, como tal, a vida corre-lhe bem. Os Cabeças no Ar, supergrupo composto por João Gil, Jorge Palma, Rui Veloso e Tim, estão numa fase boa. Lançaram recentemente o seu álbum de estreia, “Cabeças no Ar”, cujas vendas já renderam platina. A vida corre-lhes de feição.
Sérgio Godinho, nunca é de mais repeti-lo, atravessa uma fase exaltante. Tem motivos para isso, já que lançou recentemente o tal álbum de família, “O Irmão do Meio”, uma espécie de “quem é quem” do meio VIP da pop nacional que está a vender exorbitantemente. Vida boa para Sérgio. Já de Pedro Abrunhosa se pode dizer que passa por um período glorioso. O seu novo álbum, “Momento”, há mais do que um momento que circula pelo top de vendas, o que significa que, de momento, a vida, “la vie en rose”, é um mar de rosas.
Caetano Veloso. Foi nomeado para o Óscar em 2003 por “Burn It Blue”, do filme “Frida”, Que quer isto dizer? Que a vida, ao fim de 40 anos de carreira, não está a ser madrasta para este homem que criou nos anos 60 o Movimento Tropicália e não é capaz de fazer maus álbuns, fazendo, inclusive, coisas geniais. Como os discos recentes, “Estrangeiro”, “Circuladô” e “Livro”. É cantor, compositor, ator, poeta, escritor e realizador. Tem razões para se sentir feliz.
Os Xutos e Pontapés estão de bem com a vida. Que, diga-se de passagem, nos últimos tempos, lhes tem corrido bem. Ao fim de 25 anos de carreira o seu rock não dá mostras de esmorecer e as sucessivas gerações de putos, mas também os pais dos putos, continuam a trautear os seus hinos. Depois do álbum “XIII”, que não lhes trouxe azar, já lançaram o CD “Nesta Cidade”. Estão bem.
Quanto aos outros todos, que irão preencher os tempos mortos entre as atuações das “trutas”, têm a vida inteira à frente para poderem dizer um dia que a vida lhes corre bem. Por enquanto arriscam e tiram prazer máximo do que fazem, independentemente do estatuto alcançado ou a alcançar. A música, a energia, é disso que se fazem – é também disso que se trata. Divirtam-se.

FESTIVAL GALP ENERGIA AO VIVO
Lisboa. Estádio José de Alvalade. A partir das 17h. Tel. 213561190; Bilhetes: €20 (Bancada Norte e relva), €25 (Bancada Nascente) e €27,5 (Bancada Poente)