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Non – “In The Sahdow Of The Sword”

pop rock >> quarta-feira, 03.03.1993
NOVOS LANÇAMENTOS


Non
In The Sahdow Of The Sword
CD Mute, distri. Edisom



Boyd Rice tem cara de poucos amigos e humores ainda com pior aspecto. É um niilista capaz das maiores perversidades, enfim, alguém que não gostaríamos de ter como nosso barbeiro. Além do mais diz sempre que “non”, a fingir-se de grupo, e como símbolo da perpétua negação. Gravou um disco decadente-furioso com Frank Tovey, “easy Listening for the Hard of Hearing”, com algum interesse, mais cinco a solo, de onde se destacam “Music, Martinis & Misanthropy” e “Blood and Flame”. Tem especial consideração pelos tubarões e muito pouca pela música, que encara como uma série de ruídos industriais, estilo limalha de ferro e botas da tropa, sobre os quais lança as suas imprecações. Um perigo.
O menu temático consta do habitual entre os seus colegas de ofício: dias negros que se avizinham, atrocidades, ameaças, degenerescências filosóficas de índole nietzschiana (além do bem e do mal, não é verdade? Deviam ler com mais atenção o livro), uma dose reforçada de paganismo e tempo ainda para a descoberta de uma divindade (de ódio, obviamente) chamada Abraxas. Em termos de som predominam as batidas militaristas, naipes de electrónica dura e a voz de Boyd em tom declamatório a anunciar o descalabro. O som, talvez para ficar de acordo com o resto, é péssimo, ao nível de uma cassete analógica da pior qualidade. Será que o fim dos tempos também chegou ao digital? (3)

CTI with Guests – “Core – A Conspiracy International Project”

IBÉRICO INVERNO 1988 >> Discos


CTI w/Guests
Core – A Conspiracy International Project
PLAY IT AGAIN SAM, SAM-88



Este disco, ao contrário do que possa parecer a quem manusear distraidamente a capa, não é uma coletânea. Trata-se antes de um projeto dos CTI, duo constituído por Chris Cárter e Cosey Fanni-Tutti, dois ex-THROBBING GRISTLE, para o qual foram convidados a participar, em cada faixa, músicos ou grupos seus amigos, tais como os COIL, MONTE CAZAZZA, LUSTMORD ou BOYD RICE dos NON.
Ideologicamente falando, e apoiando-nos nos textos explicativos do folheto incluso na capa, é mais um cruzamento de Nietzsche e a sua teoria super-homem com o marquês de Sade, com os pózinhos de magia negra hi-tech q.b., habituais neste tipo de música.
Musicalmente falando, este é um álbum bastante diversificado, oscilando entre o muito bom (COIL, LUSTMORD), o mais vulgar neste género de música, isto é, samplers, percussões eletrónicas e vozes ameaçadoras traficadas (MONTE CAZAZZA), e o sublime, como é o caso do tema “Unmasked” que surpreendentemente inclui uma discreta mas brilhante interpretação vocal de Robert Wyatt.
Trata-se, em suma, de mais uma tentativa de criação de um novo tipo de música ritual, apoiada na tecnologia eletrónica de ponta que pretende simultânea e ambiguamente destruir os velhos valores, substituindo-os por outros de sinal contrário. Neste aspeto são sintomáticos os dois temas já referidos, contanto com a participação dos COIL (“Feeder”) e de LUSTMORD (“Over Abyss”: uma religiosidade demoníaca, ambientes sonoros ao mesmo tempo belos e terríveis de um inferno tornado atraente, para o qual se voltam muitos que habitam outros infernos, de dor e desespero. Baseando-nos nos mesmos COIL, num seu outro disco, poderemos perguntar: “Uma porta de saída ou de entrada?”.
Este não é, no entanto, um projeto dos mais radicais (como o têm sido, por exemplo, todos os álbuns de Jim Thirwell, vulgo Clint Ruin ou Foetus). Não é o hard-core 1º escalão que se poderia esperar, mas um soft-core de qualidade; para os apreciadores do género, é claro!…

Non – “In The Sahdow Of The Sword”

pop rock >> quarta-feira, 03.03.1993

NOVOS LANÇAMENTOS


Non
In The Sahdow Of The Sword
CD Mute, distri. Edisom



Boyd Rice tem cara de poucos amigos e humores ainda com pior aspecto. É um niilista capaz das maiores perversidades, enfim, alguém que não gostaríamos de ter como nosso barbeiro. Além do mais diz sempre que “non”, a fingir-se de grupo, e como símbolo da perpétua negação. Gravou um disco decadente-furioso com Frank Tovey, “easy Listening for the Hard of Hearing”, com algum interesse, mais cinco a solo, de onde se destacam “Music, Martinis & Misanthropy” e “Blood and Flame”. Tem especial consideração pelos tubarões e muito pouca pela música, que encara como uma série de ruídos industriais, estilo limalha de ferro e botas da tropa, sobre os quais lança as suas imprecações. Um perigo.
O menu temático consta do habitual entre os seus colegas de ofício: dias negros que se avizinham, atrocidades, ameaças, degenerescências filosóficas de índole nietzschiana (além do bem e do mal, não é verdade? Deviam ler com mais atenção o livro), uma dose reforçada de paganismo e tempo ainda para a descoberta de uma divindade (de ódio, obviamente) chamada Abraxas. Em termos de som predominam as batidas militaristas, naipes de electrónica dura e a voz de Boyd em tom declamatório a anunciar o descalabro. O som, talvez para ficar de acordo com o resto, é péssimo, ao nível de uma cassete analógica da pior qualidade. Será que o fim dos tempos também chegou ao digital? (3)