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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #124 – “aquisiçoes, obrigado Fernando e, jà agora… (Jorge Silva)”

#124 – “aquisiçoes, obrigado Fernando e, jà agora… (Jorge Silva)”

Jorge Silva
11.07.2002 160409
ajudas-me aqui?,
indica-me os dois ou 3 melhores discos de cada um dos nomes q vou lançar:
robert fripp,
julian cope,
yes,
peter hammill,
syd barrett,
jefferson airplane,

vi um disco do daevid allen chamado “banana moon”, com o robert wyatt, vale a pena?

obrigado, sol para todos!

Fernando Magalhães
11.07.2002 170507
Ok. sempre às ordens! 🙂 :O

Ora bem, então apanha aí:

ROBERT FRIPP: Exposure (estreia a solo, com fabulosos participações vocais do…Peter Hammill)

God Save the Queen/Under Heavy Manners (com o David Byrne. Um senão – não existe em CD…)

JULIAN COPE: “Interpreter”, sem sombra de dúvida. Cada vez gosto mais deste disco (o 8/8 que lhe dei na altura peca, e muito, por defeito…). O espírito do krautrock para o séc. XXI. Sempre que o ouço, dá-me vontade de desatar aos saltos!
O tema “spacerock with me” arrasa toda a concorrência!

O “Peggy Suicide”, “Jehovahkill”, “Autogeddon” e “20 Mothers” não me lembro se são 20…:D) são muito bons, também…

YES: Mais pop: “Yes” e “Time and a Word”

Mais rock: “The Yes Album” (muito king Crimsoniano, por vezes…); “Relayer”.

mais prog e classizante: “Close to the Edge” (o álbum clássico dos Yes), “Tales from Topographic Oceans” (p/mim uma das obras máximas do grupo, mas quase toda a gente destesta e chama-lhe “pretencioso”, “balofo”, etc… :D)

SYD BARRETT. Não há muito por onde escolher. “The Madcap Laughs” e “Barrett”…

PETER HAMMILL. Aqui o caso muda de figura, tantas são as obra-primas. Tens um livro para apontar? 😀 🙂

Há, porém, um que se destaca: “In Camera” – equivalente, em registo solo, ao “Pawn Hearts”. O “1º lado” é uma coisa indescritível, temas como “Tapeworm” provam que o homem pode ter a dimensão do universo e explodir num holocausto de estrelas.
A sequência final de 17min. “Gog/Magog (In bromine chambers)” é a banda sonora do Apocalipse. A letra é qualquer coisa de épico, a música, bem…a música…na altura a crítica falou de uma orquestra de “ruído branco”. A parte final, descreve-a o próprio PH como “música concreta”. Que o é de facto. Quando as vozes aparecem, totalmente filtradas e esmagadas eletronicamente, é impossível não sentir um arrepio. Um monstro a enrolar-se na mente. A desumanização nos confins da galáxia e do cérebro.

Mas há mais.

“Over” (o disco dos discos dos corações despedaçados)

“The Silent Corner and the Empty Stage” (mais VDGG)

Numa linha eletrónica: a “trilogia” “The Future now”, “PH7” e “A Black Box”.

Como curiosidade, tens as duas versões (o PH procedeu a uma “correção”…) da ópera “The Fall of the House of Usher”, inspirada na obra homónima de Edgar Allan Poe.

O principal “problema” da obra do PH é que funciona como um livro, em que cada álbum é, de certa forma, um novo capítulo que prolonga o anterior. Um “work in progress”, musical e poético ímpar nos tempos de hoje, que já dura há 30 anos! (na Mojo, poem o tipo ao nível do Zappa e do…Picasso e chamam-lhe o maior génio da música inglesa do último século!).
Entrar a meio pode causar uma certa perplexidade.

JEFFERSON AIRPLANE: “After Bathing at Baxter’s”, “Surrealistic Pillow” e “Crown of Creation”.

O “Banana Moon” é bom, no capítulo das excentricidades desbragadas. Tens também o “N’Existe Pas” e o mais recente e delicioso “Now is the Happiest Time of our Lives”.

FM

Jefferson Airplane – “Surrealistic Pillow” + “Crown Of Creation” + Volunteers” (reedições)

Pop Rock

29 MAIO 1991
REEDIÇÕES

JEFFERSON AIRPLANE
Surrealistic Pillow **
Crown of Creation ***
Volunteers **

CD / RCA, distri. BMG

ja1

ja2

ja3

Começa a fartar, a década de 60. Tudo o que é “Sixties” é bom. Nesse tempo é que era. Os ideais, a luta contra o “establishment”, gozar à brava, enfim, a grande farra. A música desses anos conturbados reflecte a confusão. Desde os percursores aos mártires, passando pelos oportunistas, há de tudo um pouco. Mais ou menos por volta de 1966, eclodia na costa Oeste dos Estados Unidos, mais concretamente na cidade de São Francisco, um movimento que se convencionou chamar de “psicadélico” ou, para outros, de “acid rock”, o que, na prática, vai dar ao mesmo. O mesmo é obviamente o ácido, lisérgico, vulgo LSD, que o professor Leary, na época, apregoava como panaceia universal. Exploração dos espaços interiores, libertação dos sentidos, comunicação directa com os deuses – eram as explicações mais vulgares que justificavam o consumo desregrado de substâncias que faziam ver estrelas durante o dia e permitiam falar de igual para igual com os nossos “irmãos”, apenas mais atrasados evolutivamente, como as ratazanas ou os pepinos.
Os músicos experimentaram, para ver como é que a coisa resultava, em termos de inspiração. Como em tudo, resultou bem com uns, pessimamente com quase todos. Os bons ficavam óptimos. Os maus, geralmente tocavam dois acordes de “sitar”, faziam “V” com os dedos e caíam para o lado, com um sorriso beato nos lábios. Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix e mais nuns tantos que a história ignorou, foram até às últimas consequências, com os resultados que se conhecem. Os outros, ex-“hippies”, reconvertidos às delícias da sociedade de consumo, ajudaram a fazer o folclore.
Na tal costa Oeste, a tríade de “psicadélicos” célebres incluía os Grateful Dead, de Jerry Garcia, ainda em actividade, os Quicksilver Messenger Service e os Jefferson Airplane. Na maior parte das vezes o mito ultrapassou a realidade. Dito de outro modo, a música não sobreviveu ao teste temporal. Dos Jefferson fizeram parte grandes músicos (Paul Kantner, Marty Balin, Jorma Kaukonen, Jack Casady) e uma voz razoável (Grace Slick). Na época, os três álbuns agora reeditados fizeram furor, sobretudo o primeiro (1967, terceiro nos tops americanos), de “Somebody to love” e “White rabbit”, hinos do psicadelismo, respectivamente ao “amor livre” e ao consequente disparo em flecha da taxa de natalidade, daí a subtil alusão aos coelhos que, como toda a gente sabe, etc. “White rabbit” chegou mesmo a provocar problemas com a editora, motivados pela referência explícita às drogas e à palavra “shit”. O pior é que as restantes canções se ficam pela normalidade, sem quaisquer rasgos de génio ou, pelo menos, já que se pretendiam “psicadélicos”, de uns toques de exotismo que então deleitavam os jovens que dos relvados públicos faziam local privilegiado para as suas viagens astrais. “Crown of Creation” é melhor. Mais esquisito. Tem sons que já poderemos chamar de “psicadélicos”. “Chuchingura”, por exemplo, do título à mescla de sons abstractos, é totalmente incompreensível, o que, no género, se pode considerar bom e desejável. “Lather”, composto e cantado por Slick, distingue-se do resto, pela positiva, nas colaborações “folky”, na estranheza não despropositada do arranjo, na intemporalidade de uma melodia realmente inspirada. Destaque, ao longo de todo o disco, para as guitarras, por vezes completamente alucinadas, de Jorma Kaukonen e Marty Balin. Dos cogumelos atómicos e alucinogénicos de “Crown of Creation” passou-se, em “Volunteers”, às “stars & stripes” nacionais, às canções de protesto e ao encosto às sonoridades “country” (o disco inclui dois tradicionais), sem que, da mudança táctica, resultassem melhorias significativas. Aos Jefferson Airplane faltou sempre a chama do génio que, ainda hoje, guia “iluminados” do movimento, como Jerry Garcia e os seus Grateful Dead. Só voa quem sabe.

surrealistic pillow – aqui – pwd:bajotierra