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Vários – “Feedback”

PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 6 JUNHO 1990 >> Videodiscos >> Pop


VÁRIOS
Feedback
LP, Feedback




A mesma designação para uma editora e um projeto suportado por meia dúzia de bandas nacionais pouco conhecidas, num esforço conjunto de divulgação de novas e alternativas propostas musicais. Se a intenção é ótima, os resultados deixam um pouco a desejar. De facto são escassas as propostas realmente inovadoras, ficando-se a maioria por um confrangedor amadorismo, tentando fazer passar por novo o velho, através da enunciação de vias estéticas mal assimiladas e apontando para becos musicais sem saída possível. Estão neste caso os Cianeto e Censurados (convencidos que a história do rock terminou em 77) e The New Hard Noise Heavy Rock Cyber Speed Sonic Metal Punk Acid Sound (piratas do “sampler”, em versão Young Gods lusitana) que, só pelo nome, obrigam a que se lhes dedique pelo menos uma linha de prosa, mas cujo som se limita à própria lista obliterada do “New”. Parece muito mas é quase nada. Os K4 Quadrado Azul também se ficam pela noção simplista de que “se é pesado é bom”. Não é. Os Neon Hippies praticam um psicadelismo datado e decalcado dos Pink Floyd, da fase “Interstellar Overdrive” e “Set The Controls For The Heart Of The Sun”. Têm uma certa graça. Dos dois temas dos Ocaso Épico (única banda já com um certo nome), “Entre Barreiras” é o mais interessante, fazendo lembrar técnicas semelhantes utilizadas pelos australianos Severed Heads. As três propostas finais valem por todo o disco: Hesskhé Yadalanah e Psicotrão, embora filiados no experimentalismo sónico do tipo “frequências assassinas”, respetivamente, dos Zoviet France e Hafler Trio, conseguem, no entanto, resultados interessantes e passíveis de posteriores desenvolvimentos. Para o fim ficam os VSS200 RX21, banda que mais arriscou e mais ganhou com as suas “Interferências em Sub-Etha”, colagem/manipulação eletrónica, bem humorada, original e intrigante, pedindo urgentemente um formato maior.

Vários – “Realidade Virtual”

Pop-Rock Quarta-Feira, 06.11.1991


VÁRIOS
Realidade Virtual
LP, Fast Forward, distri. Ananana & Messerschmitt



A música portuguesa alternativa continua á procura de novos rumos. A presente colectãnea inclui temas originais dos portugueses Popper W2, Hesskhé Yadalanah, Rafael Toral, God Speed My Aeroplane, Nuno Rebelo, Adolfo Luxúria Canibal & Humpty Dumpty e Matrix Run, dos ingleses Somewhere In Europe, Zone e Pornosect, dos franceses Margaret Freeman, dos alemães Strafe Für Rebellion e do espanhol Miguel A. Ruiz.
Músicas rituais mais ou menos negras e electrónica ambiental / industrial constituem o prato forte, ilustrativo das sombras que procuram descer sobre o mundo e da influência exercida por certos magos (ou pretensos magos) negros sobre uma determinada camada dos nossos jovens músicos, de que são exemplo os temas dos Popper W2, um decalque razoavelmente credível dos Throbbing Gristle da primeira fase e dos Hesskhé Yadalanah, à procura do estatuto de Hafler Trio nacional. Menos preocupados com os ardis do demónio, Adolfo Luxúria e os Humpty Dumpty optam pelo rock industrial operário e os God Speed pela acidez das guitarras. Ao contrário dos Matrix Run, que preferem dançar ao som da “house” ambiental. Destaque para as vagas de energia sexual sintetizadas pela guitarra de Rafael Toral, aprendidas à luz da “estrela da tarde” de Fripp & Eno, e para os deliciosos 16 segundos de Nuno Rebelo aos comandos do computador. Quanto aos estrangeiros, exceptuando as colisões de metal (ressoando a Asmus Tietchens) de Miguel Ruiz, é a descida ao inferno, no fundo essa “realidade virtual” a que o título alude. Disponível por via postal, apartado 5204, 1706 Lisboa códex. (7)