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“Britânicos Trazem A Portugal Música E Danças Tradicionais – Ventos De Northumbria”

Secção Cultura Segunda-Feira, 28.10.1991


Britânicos Trazem A Portugal Música E Danças Tradicionais
Ventos De Northumbria


Das cinzas de Babel renasce uma nova Europa ancorada nas músicas do tempo. Tempo de preparar novos antigos caminhos. Fruto da associação da “Folkworks”, projecto inglês de divulgação da cultura tradicional, com a Cooperativa Cultural Etnia, anuncia-se uma série de concertos com músicos da região de Northumbria, a realizar no Porto, Guimarães, Coimbra e Guarda, com início no final deste mês.



Agendadas para o nosso país estão já as actuações do grupo Folk Syncopace, da violinista / cantora Nancy Carry, do tocador de harmónica Will Atkinson e da dançarina Jane Vipond, nas seguintes datas: 30 de Outubro, no Porto, no Teatro Rivoli, 5 de Novembro em Guimarães, no Paço dos Duques, 6 em Coimbra, no Teatro Gil Vicente, e 7 na Guarda, no Cine-Estúdio Oppidana. Falta a confirmação de um espectáculo na capital. Todos os concertos têm início às 21h30.
Criada em 1988 no Norte de Inglaterra com o intuito de promover a música e dança tradicionais, a “Folkworks” estende hoje as suas actividades pelo resto da Europa, nomeadamente através da cooperação com organismos culturais de outras regiões.
Em Portugal, o projecto “’Folkworks’ na Europa” associou-se à Etnia, Cooperativa cultural do Norte do país, responsável, entre outras iniciativas meritórias, pelos Encontros da Tradição Europeia, que em Julho passado tiveram a sua 2ª edição.
Reforçando a união entre o que, por tradição e afinidade cultural, já nasceu unido, e prosseguindo numa saudável política de colaboração inter-regional, a Etnia estabeleceu por seu lado um acordo luso-galego com a sua congénere Federacion de Associacions Culturais Galegas, tendo por objectivo a criação de um circuito regular de actividades ligadas a este género de música. Portugal / Galiza / Inglaterra irmanados num triângulo concêntrico e dourado, centro irradiante da cultura e do raio celtas no mundo.

Música E Danças Do Nordeste Inglês

A Northumbria, localiza-se no Nordeste de Inglaterra, entre a Escócia e a zona carbonífera de Durham, é ciosa dos seus segredos. Ouvidos atentos e uma intuição desperta que permita ler as vibrações do ar, encontrarão decerto as chaves, nas melodias dos pastores das colinas de Cheviot ou nos lamentos das “Northumbrian pipes”, um modelo de gaita-de-foles característicos da região.
Alistair Anderson (um dos dinamizadores do projecto “Folkworks”) é o gaiteiro e tocador de concertina dos Syncopace, praticantes de uma música instrumental que alia as melodias de gaita-de-foles da Northumbria do séc. XVII a tradicionais finlandeses ou a uma eventual valsa texana. Alistair, para além dos Syncopace, tem gravados os álbuns “The Grand Chain” e “Steel Skies”, tendo além disso colaborado em discos de Kate Bush, John Williams e Nigel Kennedy. Completam a formação dos Syncopace a violoncelista Penny Callow, o flautista Martin Dunn e o violinista / bandolinista Chuck Flemming (ex-Fine Hane Reel, uma das propostas mais interessantes do revivalismo Folk britânico dos anos 70).
Will Atkinson (tocador de harmónica de 83 anos de idade, especialista na música dos pastores de Northumbria), Nancy Kerr (violinista / cantora das tradições irlandesa e de Northumbria) e a dançarina Jane Vipond (campeã de dança dos condados do Norte inglês) completam o programa. Paralelamente aos concertos, está prevista, em cada dia, a realização de “workshops”, no próprio local dos espectáculos.

Vários – “Música Europeia: Festa Em Julho” (festival)

Secção Cultura Sexta-Feira, 10.05.1991


Música Europeia: Festa Em Julho

Os Segundos Encontros Musicais da Tradição Europeia vão ter lugar este ano, entre 5 e 14 de Julho, em Oeiras, Évora e Famalicão, à semelhança do que aconteceu no ano passado. A organização, a cargo da Cooperativa Cultural “Etnia”, pretende levar ainda os “Encontros” a Lagos e Guimarães, mantendo neste momento negociações com as respectivas Câmaras Municipais. Do programa, alargado, deste ano, constam os italianos de Piemonte, La Ciapa Rusa e os occitanos Perlinpinpin Folc, que assim regressam para repetir as actuações memoráveis dos primeiros “Encontros”. Os irlandeses Altan, uma das bandas mais promissoras da nova vaga céltica, e os ingleses Whippersnapper, que integram o mago do violino, ex-Fairport Convention, Dave Swarbrick, prometem pôr toda a gente a dançar. Robin Williamson, bardo escocês, multinstrumentista, membro fundador dos Incredible String Band, psicadélicos marginais dos anos sessenta, actuará a solo, acompanhado da sua harpa e do que mais se verá. Da Espanha, os La Musgana (conhecidos pelo magníficos álbum “El Paso de la Estantigua”) e a cantora Rosa Zaragoza, especialista da música dos judeus sefarditas da costa Sul mediterrânica. Completam a lista de sumidades, um grupo de 25 instrumentistas da região de Lyon, liderados pelo gaiteiro Jean Blanchard, e os portugueses Vai de Roda. Como no ano passado, haverá um esquema de actuações repartidas pelos diversos locais. Para os amantes do género, não vai haver descanso.

Trisquel – “Música Em Espiral” (concerto / Circuito das Tradições Musicais Europeias)

Cultura >> Quinta-Feira, 14.05.1992


Música Em Espiral

Integrados no “Circuito das Tradições Musicais Europeias”, organizados pela Etnia, os concertos dos galegos Trisquel voltam a trazer ao Norte de Portugal as vibrações e a magia da música tradicional. Depois de ter actuado no passado dia 6, em Guimarães, a banda da Galiza tem espectáculos agendados para hoje, na Guarda, no Estúdio Oppidana, dia 16 no Porto, no Teatro Municipal Rivoli, e dia 17 em Viana do Castelo, no Instituto Politécnico. Todos às 21h30.
Os Trsiquel (não confundir com os bretões Na Triskell) vêm creditados como “o grupo revelação” pela imprensa de Lorient, na Bretanha, local de realização de um dos mais importantes festivais de música tradicional da Europa. Nascidos em Vigo, em finais de 1989 e, à semelhança de outros grupos, no seio da escola de instrumentos populares galegos do “Obradoiro”, os Trisquel integram na sua formação actual Carlos, Nancy, Chiqui, Alberto e Bouza que à sua conta tocam em palco cerca de 25 instrumentos, todos acústicos, incluindo a sanfona, gaita-de-foles, flauta de bisel, bombo, requinta, alaúde, acordeão, clarinete, “tin whistle”, tambpr, pandeireta, congas, “bodhran” e conchas.
Com prémios obtidos nos festivais de Vilagarcia e Santiago, os membros dos Trisquel não se importam em demasia em ser ou não celtas. São-no, não por escolha, mas por essência e pelo chamamento da terra onde nasceram. Mais importante que todas as etiquetas é cantarem a Galiza, o seu passado, as suas lutas e lendas, os seus sonhos geradores de futuro e afirmativos de uma identidade que apenas aceita integrar-se num país onde as leis não são ditadas pelos senhores deste mundo. Assim diz o nome – a espiral tripla -, símbolo da unidade e consonância dos três mundos: do céu, dos homens e da natureza.