Pop Rock
27 MARÇO 1991
LP’S
THE DOORS
Banda sonora de “The Doors”
LP e CD, Elektra, distri. Warner port.
Deixem os mortos descansar. Por tudo e por nada se desenterram os ossos e se invocam as almas dos mártires do rock desaparecidos. Para Janis Joplin, Jimi Hendrix ou Jim Morrison, a paz não é eterna. Desta vez, o pretexto para a profanação é o filme de Oliver Stone, a estrear brevemente entre nós, sobre a vida e lenda do antigo vocalista e líder dos Doors.
Pretende-se reviver o mito e, de preferência, vendê-lo. Para não saturar, na capa, em vez dos originais, as cópias, isto é os actores, sósias satisfatórios de Morrison, Ray Manzarek, Robby Krieger e John Densmore. A música é quase toda ela excelente, como não podia deixar de ser. Quase e não toda, porque infelizmente a produtora, ou sabe-se lá quem, decidiu incluir nada menos do que cinco temas de “An Amercian Prayer”, que, como toda a gente sabe ou deveria saber, não se pode considerar propriamente um disco dos Doors, já que se trata de uma série de gravações de poemas (exceptuando o caso de “Roadhouse Blues”) gravados por Jim Morrison, a que Ray Manzarek acrescentou, a título póstumo, posterior acompanhamento instrumental. Com a agravante de, como é o caso gritante de “the movie”, fora do contexto visual, se perder muita da força que as imagens de Oliver Stone acrescentam à das palavras do poeta.
Para além da poesia do “rei lagarto”, a música e as interpretações inconfundíveis de “Break on through”, “Light my Fire” e “The End”, do álbum estreia de 1967, “The Doors”, “Love Street”, de “Waiting for the Sun” (1968) e “Riders on the Storm” e “L. A. Woman” do último álbum de originais “L. A. Woman” (1971).
“The Doors”, banda sonora não se dirige aos conhecedores e incondicionais do grupo, antes procura sensibilizar as gerações mais novas, dando-lhes talvez a conhecer pela primeira vez um nome que fez história há mais de vinte anos. Só nesse aspecto se pode considerar interessante um disco que, de outro modo, seria totalmente inútil. ••
aqui (FLAC)