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Bryan Ferry – “Taxi”

pop rock >> quarta-feira, 24.03.1993


Bryan Ferry
Taxi
LP / MC / CD Virgin, distri. Edisom



Para entreter enquanto não sai o novo de originais, Ferry, o galã “chic” e decadente que veste “Comme des Garçons”, voltou a apostar na fórmula “álbum de versões”, já seguida, de resto, anteriormente, em “These Foolish Things” e “Another Time Another Place”, com resultados por vezes brilhantes. Só que desta feita pouco se aproveita, sendo demasiado visível que Ferry se limitou a assinar o ponto, num disco totalmente falho de paixão, coisa que deveria estar sempre presente quando se trata de cantar as canções do próximo, e que ele parece ter guardado para o próximo disco. “Taxi” acumula truques de produção, batidas “disco” enjoativas e interpretações que, não raras vezes, roçam a sonolência. Mais valia ter ficado quietinho ou ter-se limitado a um “single”. Até há uma versão engraçada, levezinha, de “All Tomorrow’s Parties”, que servia bem para o efeito. Entre os convidados isentos de bandeirada estão Robin Trower, Chris Stainton, David Sancious, o português Luís Jardim, Flaco Jimenez, o antigo companheiro nos Roxy Music Andy MacKay e dois velhinhos King Crimson, Mel Collins e Mike Gilles. Bryan Ferry define-se como um perfeccionista. Se “Taxi” é o que ele entende por perfeição, vou ali, já venho. Chamada ao telemóvel número… (4)

Bryan Ferry – “New Town – Live in Europe” (vídeo | VHS)

PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 14 NOVEMBRO 1990 >> Pop Rock >> Videos


CASANOVA NA CIDADE NOVA

BRYAN FERRY
New Town – Live in Europe
Edição: Edivídeo



Começa como hoje em dia começam todos os vídeos de atuações ao vivo: com imagens a preto e branco, em câmera lenta, de aspetos das cidades em que se realizam os espetáculos, acompanhadas de pormenores do público expectante e de sons indefinidos, vindos de longe. Depois é a irrupção gloriosa, em cena, do(s) artista(s) e o aparecimento da cor.
Neste caso, são imagens noturnas de Berlim (obviamente a “new town”, hoje referência chique para tudo o que se pretende “europeu”…), de Paris e de uma prostituta, dando por fim lugar a um letreiro anunciando o nome do cantor.
No palco, os símbolos que se esperam: plumas, “glamour”, sedas, lantejoulas, raparigas de mini-saia e sapatos de salto (muito) alto. À frente, o sedutor, camisa e meia brancas, colete florido, casaco clássico, sapatinho de pala italiano.
Farripas de cabelo tombam-lhe meticulosamente sobre a testa, compondo o ar de eterno romântico ressacado. Ao fundo, a figura de um demónio oriental, dá o conveniente tom de exótica luxúria, enquanto Ferry canta já “Nimrod”, a “lush life” e os prazeres da decadência. A voz afoga-se no meio de filtros e efeitos. Procura seduzir, em trejeitos de Casanova, sem conseguir fazer esquecer a versão original de “Country Life”, ao mesmo tempo que uma das raparigas do coro faz “charme”, sentada a um canto do palco. A câmara vai lá e mostra.
“Slave to Love” cola-se ao cantor como uma segunda pele. A rapariga prossegue nos requebros sugestivos. A câmara vai lá, não deixa escapar nada. A voz de Ferry, ouve-se, já não é o que era. Só não se vê porque estão lá as raparigas, para desviar a atenção. Bom momento instrumental com “Bogus Man”, dos temas mais experimentais de “For Your Pleasure”, dos Roxy Music. “Ladytron” (do primeiro álbum “Roxy Music”) vale pela subtileza das percussões de Steve Scales, a excelente (aqui sim) interpretação de Ferry, que também toca piano, e, de novo, pela rapariga da saia mais curta, que parece rezar, mas deve ser a fingir, porque o realizador investe, em termos videográficos, como é evidente, sobre a sua (dela) perna. Em “While my Heart is still Beating” o realizador vai lá (vai sempre, seja ao que for das raparigas), enquanto Bryan Ferry se entretém a cantar fora de tom.
A anatomia externa das raparigas parece ser a fixação principal do realizador que, chegado a este ponto, já não sabe como evitar a monotonia visual. “A Wasteland” prossegue na mesma via. As raparigas são sempre as mesmas, bem como os vestidos e, consequentemente, sobressai um certo cansaço. O realizador procura ainda novos ângulos, mas debalde – já conhecemos de cor e salteado aquilo que a câmara insiste em nos mostrar.
Primeiro grande momento do espetáculo: “In Every Dream Home a Heartache”, dos melhores e mais perturbantes temas dos Roxy Music (cuja versão definitiva se encontra no álbum “Viva!”), paradigmático do negrume oculto por detrás da “féerie”, ao cantar a relação amorosa com uma boneca insuflável. Desta vez o realizador acerta em cheio, ao optar por filmar, em grande plano, o rosto devastado do cantor, iluminado por um foco de luz branca que lhe acentua as rugas e papadas. Sublime e trágico. Infelizmente, quando Ferry canta o orgástico final – “I blew up your body… but you blew my mind!” – e o tema explode instrumentalmente, o realizador salta imediata e visualmente para onde bem sabemos, acentuando o óbvio e estragando o ambiente entretanto criado.
Até ao fim, destaque ainda para “Boys and Girls”, “Avalon” (em ambos com Ferry de novo ao piano) e o tema final “Do the Strand” (outro clássico Roxy Music), em que dá tudo por tudo, quase fazendo esquecer os bons velhos tempo com Eno, Andy McKay e Phil Manzanera.
Da voz de Bryan Ferry, neste “New Town”, se poderá dizer não estar na sua melhor forma. Quanto à parte visual, quase tudo se reduz às proezas e fixações atrás mencionadas. Muito pouco em relação ao que seria legítimo esperar. Os nomes das raparigas vêm mencionados na ficha técnica. **

Bryan Ferry – “Taxi”

pop rock >> quarta-feira, 24.03.1993


Bryan Ferry
Taxi
LP / MC / CD Virgin, distri. Edisom


Para entreter enquanto não sai o novo de originais, Ferry, o galã “chic” e decadente que veste “Comme des Garçons”, voltou a apostar na fórmula “álbum de versões”, já seguida, de resto, anteriormente, em “These Foolish Things” e “Another Time Another Place”, com resultados por vezes brilhantes. Só que desta feita pouco se aproveita, sendo demasiado visível que Ferry se limitou a assinar o ponto, num disco totalmente falho de paixão, coisa que deveria estar sempre presente quando se trata de cantar as canções do próximo, e que ele parece ter guardado para o próximo disco. “Taxi” acumula truques de produção, batidas “disco” enjoativas e interpretações que, não raras vezes, roçam a sonolência. Mais valia ter ficado quietinho ou ter-se limitado a um “single”. Até há uma versão engraçada, levezinha, de “All Tomorrow’s Parties”, que servia bem para o efeito. Entre os convidados isentos de bandeirada estão Robin Trower, Chris Stainton, David Sancious, o português Luís Jardim, Flaco Jimenez, o antigo companheiro nos Roxy Music Andy MacKay e dois velhinhos King Crimson, Mel Collins e Mike Gilles. Bryan Ferry define-se como um perfeccionista. Se “Taxi” é o que ele entende por perfeição, vou ali, já venho. Chamada ao telemóvel número… (4)