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Nathalie Loriers + Vários – “Jazz De Múltiplos Cambiantes Em Braga” (artigo de opinião / concertos / festivais / jazz) – Braga Jazz 2003

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quinta-feira, 13 Março 2003


Jazz de múltiplos cambiantes em Braga

Com um programa diversificado, caberá ao gosto de cada um habitar a música que mais lhe convém. Há uma bela pianista, salsa, fusão, Bronx e portugueses velozes


Nathalie Loriers representa o jazz belga em Braga


Jazz com congas e matracas. Jazz possuído pelo “duende” do flamenco. Jazz no feminino. Jazz nacional em rotações aceleradas. São alguns dos matizes que irão colorir o jazz que durante três dias se fará ouvir em Braga. É o Braga Jazz 2003, que hoje, amanhã e sábado decorrerá no Auditório do Parque de Exposições da cidade.
Para os mais predispostos a descobertas o Braga Jazz propõe, logo no concerto de abertura, o sexteto da pianista belga Nathalie Loriers. Nathalie é uma das raras exceções a uma regra que, na Europa, dita o domínio dos homens no capítulo dos pianistas de jazz. Influenciada por Keith Jarrett e McCoy Tyner (“Extensions”, designação genérica do programa que apresentará em Braga, é o título de um álbum deste pianista…), Nathalie conquistou em 1999 o prémio “Django D’Or”, destinado a premiar os melhores músicos belgas, tendo já tocado ao lado de Toots Thielemans (além de Django Reinhardt, um dos mais conhecido jazzmen belgas), Lee Konitz, Charlie Mariano e Philip Catherine (outro compatriota seu). Bill Evans também a marcou, o que explicará grande parte da delicadeza que reconhecidamente caracteriza o seu “touching” pianístico. Trompete, saxofones soprano, alto e tenor, contrabaixo e bateria completam a paleta instrumental do sexteto.
Na sexta, dois concertos, estando a abertura a cargo do trio do pianista Franck Amsallem, com Matt Penman no contrabaixo, Anthony Pinciotti na bateria e o convidado Rick Margitta (participante em “Amandla”, de Miles Davis) nos saxes soprano e tenor. Argelino de nascimento, Amsalemm é uma figura discreta do panorama jazzístico internacional, mas que se pode orgulhar de ter sido parceiro indispensável de nomes como Gerry Mulligan, Charles Lloyd, Joshua Redman, Sonny Fortune, Gary Bartz, Roy Hargrove, Kenny Wheeler, Ron Carter, Gary Peacock e Bobby Watson, entre outros. Entre os vários discos que assinou como líder destaca-se “Another Time”, em trio com Gary Peacock e Bill Stewart.
Depois é tempo para se dançar e bater o pé no compasso do jazz latino do sexteto de Ray Vega, um trompetista nativo do Bronx que trabalhou com três lendas do “latin jazz”: Mongo Santamaria, Ray Barretto e Tito Puente. Jazz e “salsa” num cocktail de efeitos garantidos.
A preencher o terceiro e último dia do Brag Jazz estará, na primeira parte, o projeto
nacional de “alta velocidade” T.G.B., liderado pelo guitarrista Mário Delgado, com Sérgio Carolino na tuba e Alexandre Frazão na bateria. Combinação instrumental pouco usual, que toma como ponto de partida outras, igualmente excêntricas, como as que foram postas em prática por Jimmy Giuffre, Paul Motian, Dave Douglas e John Zorn. Monk e Eric Dolphy fazem parte do reportório dos T.G.B., o que faz aguçar ainda mais o apetite.
O trio D’3 encerra o programa do Braga Jazz 2003. Tem a liderá-lo o saxofonista e flautista espanhol Jorge Pardo, nome sobejamente conhecido na música de fusão. Neste caso, do jazz com o flamenco. Pardo tocou com Tete Montoliu e Paco de Lucia, pelo que tem todos os motivos para poder reivindicar a presença do “duende”. Só que este, como se sabe, não vem por pedido, aparece quando menos se espera e toma as formas mais estranhas quando põe as mãos na música de jazz.

Braga Jazz 2003
BRAGA Auditório do Parque de Exposições. Tel. 253203152.
Hoje, amanhã e depois, às 21h30. Bilhetes a 6,50 (hoje) e 7,50 euros (restantes dias); 5 e 6 euros para estudantes; bilhete de três dias a 17,50 euros (12 para estudantes).