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Cream – “Fresh Live Cream” (VHS)

pop rock >> quarta-feira >> 01.06.1994
VÍDEOS


Cream
Fresh Live Cream
Polygram video, distri. Polygram



Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker formaram, em 1966, a partir das cinzas dos Yardbirds e dos Graham Bond Organisation, uma das superbandas emblemáticas do rock psicadélico do final dos anos 60 – os Cream. O grupo durou apenas dois anos, tempo suficiente para deixar atrás de si um rasto de prestígio que até hoje permanece intocável. Em abono da verdade, deve dizer-se que a posterior carreira a solo de cada um dos seus membros revelou ser bastante mais interessante que a do grupo, mas isso não impede de rever com satisfação as imagens de algumas das suas melhores prestações ao vivo e recordar temas que permanecem na memória, como “Sunshine of your love” e “White room”.
“Fresh Live Cream” inclui actuações ao vivo dos Cream no Revolution Club, de Londres, no primeiro Festival de Pop Music no Palais des Sports, em Paris, e no Glen Campbell Show, todas em 1967, e no Fillmore de São Francisco e no Royal Albert Hall, de Londres, em 1968, intercalados de excertos fotográficos e material documental de arquivo inédito, além de declarações dos três músicos, já na idade actual, com rugas e cabelos brancos aumentadas pela ressaca, a explicarem-se e a explicarem como foi. Embalado a preceito num desenho psicadélico ao melhor estilo piroso d época, “Fresh Live Cream” tem um indubitável interesse documental, embora a música (fica a suspeita) só deva ser do agrado dos mais velhos, para quem um dos maiores prazeres da vida é recordar. O “creaminoso” volta sempre ao local do Cream. (7)

Sérgio Godinho – “Luz Na Sombra”, De Sérgio Godinho, Começa Hoje Na RTP2 – As Sombras Da Ribalta” (televisão | documentário)

Secção Cultura Domingo, 21.07.1991

“Luz Na Sombra”, De Sérgio Godinho, Começa Hoje Na RTP2
As Sombras Da Ribalta

Luz e sombra são parte integrante do mundo do espectáculo. Em “Luz na Sombra”, Sérgio Godinho dá a conhecer os bastiadores, os rostos na sombra, o real por baixo damaquilhagem. “The show must go on”, é verdade, mas pode parar por instantes, e mostrar o outro lado do espelho. De que matéria são feitos os sonhos?



Hoje, a partir das 20h15, no canal 2 da RTP, a luz incidirá nos recantos mais escuros dos bastidores da música, iluminando aquilo que por norma apenas se adivinha. Sérgio Godinho, viajante de todos os imaginários, contador de histórias e de vidas que já não vamos tendo tempo de vivar, vai levantar o pano e mostrar como se constrói a imagem em que acreditamos.
São seis programas, genericamente intitulados “Luz na Sombra”, “cada um sobre uma pessoa que trabalha dentro da música”, numa reflexão pessoal sobre outros tantos aspectos ligados à produção musical, personificados por quem sabe e quer partilhar esse saber.
José Salgueiro, músico, é o protagonista do primeiro programa. Depois será a vez de Carlos Tê, letrista, Paulo Pulido Valente, produtor de espectáculos, Ricardo Camacho, produtor e músico, Rui Fingers, “roadie” e músico e, por último, Tó Pinheiro da Silva, técnico de som. Todos os domingos, até finais de Agosto.
Sérgio Godinho, além de autor de “Luz na Sombra”, acumula ainda as funções de apresentador e entrevistador. A realização e montagem estão a cargo, respectivamente, de Teresa Olga e Henrique Monteiro.

O Outro Lado Existe

Luz e sombra são pólos complementares de uma mesma realidade. Sem um o outro não existe nem tem razão de ser. Luz e sombra que constituem a própria essência do espectáculo. De um lado o brilho dos projectores, a fama, a claridade das vozes e da música, a encenação e simulação dos gestos. Do outro, aquilo que não se vê mas está lá, atrás da cortina ou da câmara, omnipresente, indispensável para o bom funcionamento da parte visível. Os alicerces, as infra-estruturas técnicas e humanas, a imaginação e o suor dos que trabalham para que a máquina funcione, tornando possível o sonho e a ilusão credível.
Para Sérgio Godinho trata-se de deixar por algum tempo o papel de “escritor de canções” para contar outro tipo de histórias, feitas de imagens e jogos sobre a música e as pessoas a ela ligadas. Jogos de sombra. Jogos de luz. Ficções, ainda e sempre, urdidas por quem há anos vem tecendo o pano cru onde sonho e realidade se confundem. Eis o argumento resumido desses pequenos filmes subjectivos, parte integrante da grande-metragem que é a música popular portuguesa.

Seis Argumentos Possíveis

José Salgueiro, baterista (hoje) – O suor dos ensaios, o trabalho de professor, as “tournées” com os Trovante que ciclicamente se repetem. É difícil manter o ritmo, mesmo para um baterista. A vida e música de um músico, no compasso certo.
Carlos Tê, letrista (28 de Julho) – o verbo também se escreve com caneta. A letra “T” sempre presente nas palavras que Rui Veloso canta. Palavras nascidas de uma cidade antiga e mágica, o Porto, cenário de muitas histórias por contar. Canções inéditas da dupla, recolhidas num ensaio da banda. Novos projectos. Um livro aberto.
Paulo Pulido Valente, produtor de espectáculos (4 de Agosto) – Como se organiza um espectáculo? Ninguém se preocupa, desde que o pano suba. Um exemplo: as Festas de Lisboa de 1990, onde o citado produtor se encarregou de animar o cinzento das ruas com fantasia, trabalho e a música dos Repórter Estrábico, Capitão Fantasma e a Lua Extravagante de Vitorino e Janita Salomé.
Ricardo Camacho, produtor – E músico dos Sétima Legião, acrescentamos nós. Explica como se produz um disco, se arranjam as canções e se idealiza o som global. Sem um produtor capaz não há disco que resista. Música da Sétima Legião, António Variações, GNR e Manuela Moura Guedes.
Rui Fingers, “roadie” – O “roadie” é quem carrega com o piano às costas. Quem liga e desliga os amplificadores. Quem monta e desmonta o palco. É o operário da música, o homem dos músculos, um “mouro” de trabalho. O “roadie” em questão, para além de trabalhar com os Rádio Macau, que veremos actuar, ainda arranjou tempo pra tocar na banda de “heavy metal” V 12. Uma canseira.
Tó Pinheiro da Silva, técnico de som – Ele escuta as opiniões e as bocas, tantas vezes despropositadas, dos músicos, mas faz como acha melhor. No estúdio é ele que sabe, pode e manda. Dele depende em grande parte o sucesso ou fracasso de um disco. Vamos ver essa alquimia, durante a gravação e misturas de um tema do último álbum de Jorge Palma.
Depois de “Luz na Sombra” tudo ficará, de certo modo, mais claro. Luz e sombra, o difícil está em separá-las. Ou, como diria Neil Young, “there’s more in the Picture, than meets the eye”.

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #137 – “Vídeoclip de tema de Kubik (FM)”

#137 – “Vídeoclip de tema de Kubik (FM)”

Fernando Magalhães
07.10.2002 160414
Ontem, por acaso, vi na SIC Radical o clip de um tema do nosso caro amigo e forense Victor Afonsik, aka, Victor Afonso, Aka Kubik :), intitulado, se não estou em erro, “Proko”, ou algo do género.

O tema é muito bom, mas a sua tradução para formato visual, chega a ser brilhante. Não poderia ser mais simples nem mais eficaz. Não vou revelar, só posso dizer que é um pequeno filme de animação que resolve da melhor maneira a constante mudança de registo da música (aquela parte final, com a entrada do sax, é realmente fantástica!, enquanto na sequência “back to basics” do ritmo, na introdução, julgo descortinar a influência, subliminar, de Soul Center, mas posso estar errado…).

De quem foi a ideia do clip?

De qualquer forma, Victor, os meus parabéns.

FM