pop rock >> quarta-feira >> 20.07.1994
Yellow Magic Orchestra
Technodon
Toshiba EMI, distri. EMI – VC
Em plena euforia “techno”, é bom recordar os progenitores do movimento e que esta música não é obrigatoriamente sinónimo de batida primária enfeitada com o menu de demonstração do último modelo de “sampler”. Os japoneses Yellow Magic Orchestra (YMO), com os alemães Kraftwerk e os suiços Yello (estes numa vertente mais humorista) foram os pioneiros. Seguiu-se-lhes a vaga de electronic body music, personificada por milhares de bandas, com os belgas na dianteira (Front 242, Front Line Assembly, etc.) e, já com a discoteca na hora do fecho, a ressaca a prazível da ambient house.
Como costuma acontecer sempre que um ciclo se completa, volvidos 16 anos sobre a sua estreia discográfica, de percursores do movimento, os YMO passaram a incorporar na sua música elementos estéticos introduzidos posteriormente pelos seus discípulos. É assim que em “Technodon” os puros exercícios de batida infernal de “Dolphinicity” e “Waterford” enfileiram ao lado de ambientalismos como “Nostalgia” e dos últimos resquícios de um orientalismo perdido, em “Pocketful of rainbows”, curiosamente o único tema que não é composto por nenhum dos elementos da banda. Assinale-se ainda algumas coincidências, ou não, como a proximidade estreita de “Nanga def?” com a cadência militar e os mesmos registos de sintetizador dos D.A.F. (de notar a própria semelhança fonética entre a designação deste grupo alemão e o “def” do título…); “High-tech hippies”, cuja vocalização lembra de imediato os New Muzik, e a utilização, em “Be a superman”, de um inconfundível som de computador, popularizado pelos Kraftwerk desse “The Man Machine”, antecedido, não sem uma nota de ironia, pela voz “fetiche” de William Burroughs, que volta a empastelar-se um pouco mais em “The merli”. Talvez faça então algum sentido procurar uma decifração das motivações e estrutura de “Technodon” na frase que os YMO afixam na capa: Afundar-se na loucura é positivo, em nome da comparação.” (7)