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Funkstörung – “Appetite for Destruction” + Solvent – “Solvently One Listens” + Tele:Funken – “A Collection Of Ice Cream Vans Vol. 2” + Tone Rec – “Demo Pack Démoli”

21 de Abril 2000
POP ROCK – DISCOS


Destruição, gelados e diversão

Funkstörung
Appetite for Destruction (8/10)
Studio !K7, distri. MVM
Solvent
Solvently one Listens (7/10)
Suction, distri. Matéria Prima
Tele:Funken
A Collection of Ice Cream Vans Vol. 2 (8/10)
Domino, distri. Ananana
Tone Rec
Demo Pack Démoli (8/10)
Quatermass, distri. Ananana




Sexo, violência, confusão e disciplina, a electrónica agita-se num paroxismo sanguinolento na música dos Funkstörung, uma dupla constituída por Michael Fakesch e Chris de Luca. Funk industrial, consistente, num conglomerado que em “Try dried frogs” e “A8 KM 34” arrasa por completo a arquitectura hip hop e em “Sounds like a breakrecord” e “Grammhy winers” (ambos com a participação de Triple H) assume um lado activista através de um rap e scratch demolidores. Lembramo-nos de Mark Stewart e da sua “Mafia”. “Think”, “1/10” (swing de metal percussivo) e “Red shirt, white shoes” (música industrial em levitação, coisa rara) contam com vocalizações aéreas de Greenwood e Carin sobre massas incandescentes. “A bottle, a box and a mic” larga a mesma energia dos Einstürzende Neubauten combinados com os Public Enemy num “drum’n’bass” pegajoso e residual que se cola à pele, antes de os 16 minutos finais de “Mind the gap” abrirem uma cratera de poeira radioactiva em suspensão no trip hop dos Portishead. Uma torneira de escape para tanta tensão.
O som dos Tele:Funken é mais analítico, proporcionando outro tipo de estímulos. Electrónica swingante na linha dos Shabotinski, FX randomiz, Isan e Holosud que do krautrock extraiu a filosofia e do uso lúdico das novas tecnologias fez uma síntese para usar no imenso parque de diversões em que se transformou a música electrónica neste final de milénio. “Theme from Tele:Funken” abre em carrossel num convite a Gary Numan para se divertir com as suas “replicas” numa montanha-russa.
Os Solvent é que não escondem o seu fervor pelo passado, citando como influências os Human League, Depeche Mode, Soft Cell, Fad Gadget, Yazoo e os Skinny Puppy, além de Lowfish e Aphex Twin. Pop electrónica, polida e ritmada, para fazer dançar robôs. Arrumar, depois de gasta, ao lado dos Mikron 64 e Nova Huta.
Em fase de reconhecimento nos meios da electrónica europeia, os radicais franceses Tone Rec surgem pela primeira vez menos radicais num álbum de remisturas, metade a cargo deles próprios, metade assinada por Fennesz, pelos primos Dat Politics e pelos To Rococo Rot. Da operação saíram experiências mais dançáveis que o habitual no mundo angular dos Tone Rec, mais anarquizantes no caso de Fennesz, dos Dat Politics e nuns surpreendentemente virulentos To Rococo Rot do que na própria banda francesa que em “Trend” rubrica a faixa mais irresistível de toda a sua carreira – uma coisa viciante e oleada, alimentada a mel e gasolina, que é uma resposta absolutamente imparável à “auto-estrada” aberta pelos Kraftwerk. E quem quiser brincar ao giroflé e ao mesmo tempo dançar tecno à maneira dos Tone Rec só tem que ouvir “Giroflex”, saltar como um doido e ser conduzido em seguida ao manicómio.



Solvent – Solvently one Listens (conj.)

21.04.2000
Destruição, Gelados e Diversão
Funkstörung
Appetite for Destruction (8/10)
Studio !K7, distri. MVM

solvent_solvently

Solvent
Solvently one Listens (7/10)
Suction, distri. Matéria Prima
Tele:Funken
A Collection of Ice Cream Vans Vol. 2 (8/10)
Domino, distri. Ananana
Tone Rec
Demo Pack Démoli (8/10)
Quatermass, distri. Ananana
Sexo, violência, confusão e disciplina, a electrónica agita-se num paroxismo sanguinolento na música dos Funkstörung, uma dupla constituída por Michael Fakesh e Chris de Luca. Funk industrial, consistente, num conglomerado que em “Try dried frogs” e “A8 KM 34” arrasa por completo a arquitectura hip hop e em “Sounds like a breakrecord” e “Grammy winers” (ambos com a participação de Triple H) assume um lado activista através de um rap e scratch demolidores. Lembramo-nos de Mark Stewart e da sua “máfia”. “Think”, “1/10” (swing de metal percussivo) e “Red shirt, white shoes” (música industrial em levitação, coisa rara) contam com as vocalizações aéreas de Greenwood e Carin sobre massas incandescentes. “A bottle, a box and a mic” larga a mesma energia dos Einstürzende Neubauten combinados com os Public Enemy num “drum ‘n’ bass” pegajoso e residual que se cola à pele, antes de os 16 minutos finais de “Mind the gap” abrirem uma cratera de poeira radioactiva em suspensão no trip hop dos Portishead. Uma torneira de escape para tanta tensão.
O som dos Tele:Funken é mais analítico, proporcionando outro tipo de estímulos. Electrónica swingante na linha dos Shabotinski, FX Randomiz, Isan e Holosud que do krautrock extraiu a filosofia e do uso lúdico das novas tecnologias fez uma síntese para usar no imenso parque de diversões em que se transformou a música electrónica neste final de milénio. “Theme from Tele:Funken” abre em carrossel num convite a Gary Numan para se divertir com as suas “replicas” numa montanha-russa.
Os Solvent é que não escondem o seu fervor pelo passado, citando como influências os Human League, Depeche Mode, Soft cell, Fad Gadget, Yazoo e os Skinny Puppy, além de Lowfish e Aphex Twin. Pop electrónica, polida e ritmada, para fazer dançar robôs. Arrumar, depois de gasta, ao lado dos Mikron 64 e Nova Huta.
Em fase de reconhecimento nos meios da electrónica europeia, os radicais franceses Tone Rec, surgem pela primeira vez menos radicais, num álbum de remisturas, metade a cargo deles próprios, metade assinada por Fennesz, pelos primos Dat Politics e pelos To Rococo Rot. Da operação saíram experiências mais dançáveis do que o habitual no mundo angular dos Tone Rec, mais anarquizantes no caso de Fennesz, dos Dat Politics e nuns surpreendentemente virulentos To Rococo Rot do que na própria banda francesa que em “Trend” rubrica a faixa mais irresistível de toda a sua carreira – uma coisa viciante e oleada, alimentada a mel e gasolina, que é uma resposta absolutamente imparável à “auto-estrada” aberta pelos Kraftwerk. E quem quiser brincar ao giroflé e ao mesmo tempo dançar tecno à maneira dos Tone Rec só tem que ouvir “Giroflex”, saltar como um doido e ser conduzido em seguida ao manicómio.