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Cream – Those Were The Days

24.10.1997
Reedições
Leite Do Dia
Cream
Those Were The Days (8)
4xCD Polydor, distri. Polygram

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“Those Were The Days” cantava Mary Hopkin, uma loirinha protegida de Paul McCartney, em 1968. Nesse mesmo ano os Cream lançavam o duplo “Wheels of Fire”, lançando mais uma acha para a fogueira do Psicadelismo. Esses foram, de facto, os dias de uma das bandas seminais dos anos 60, todos os dias do ano compreendidos entre 1966 e 1969. Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker formavam uma daquelas equipas que, enquanto funcionaram, eram imbatíveis, revolucionando com a sua música os alicerces do rock. Uma música que aliava a energia de um formidável “power trio” com a subtileza de canções melodicamente esculpidas em filigrana. Foi nesse espaço de tempo que os Cream gravaram a sua obra original: “Fresh Cream”, de 1966, “Disraeli Gears”, de 1967, um dos pilares do “Verão do Amor” e dos devaneios psicadélicos mais consistentes, “Wheels of Fire”, de 1968, constituído por dois discos, um de estúdio, outro ao vivo, e “Goodbye”, de 1969, contendo três temas de estúdio e o resto do material de concerto. A totalidade destes discos já se encontrava disponível, a preços baixos, no mercado nacional. No ano passado saiu “The Very Best of Cream” uma muito interessante colectânea de temas remasterizados que somavam uma dimensão extra à música do grupo.
Não se compreende, por isso, muito bem a oportunidade do lançamento da presente caixa de 4 CD, divididos em dois conjuntos com material de estúdio e dois com actuações ao vivo, compreendendo a totalidade de “Fresh Cream”, “Disraeli Gears” e “Wheels of Fire”, mais excertos de “Goodbye” e dos dois volumes de “Live Cream”, editados pela primeira vez, respectivamente em 1970 e 1972. Os temas não foram remasterizados, sendo a qualidade de som praticamente idêntica à das edições já existentes. Não sendo, pelos motivos apontados, material essencial, “Those Were The Days” apresenta, porém, pormenores de interesse, como sejam a inclusão, a abrir o pacote, do primeiro “single” dos Cream, “Wrapping Paper” (mas que já integrava o alinhamento de “Fresh Cream”…), a par de outro sete polegadas, “Anyone for tennis”, mais os inéditos “Lawdy mama”, a “demo” “The Clearout” e o “jingle” publicitário “Falstaff beer commercial”. Há ainda uma versão de “Passing the Time” diferente da que aparece no alinhamento de “Wheels of Fire” e versões alternativas de temas ao vivo, “NSU”, “Toad” (com mais um minuto de música acrescentado aos 16 que já tinha em “Wheels of Fire”…) e “Sunshone of Your Love”, um dos clássicos do grupo nunca antes editado em versão de concerto. Fica ainda a leitura do indispensável livro de 48 páginas, a fazer valer o dinheiro dispendido na caixa, e o prazer de voltar a ouvir a grande música dos Cream, em que o virtuosismo de excepção dos seus três elementos nunca ofuscou a originalidade do seu trabalho de composição. Quanto a optar pela discografia dispersa ou por esta versão compactada, isso envolve já uma ordem de critérios que escapa à excelência da matéria musical.