Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #167 – “Ryoji Ikeda ‘Matrix'”

#167 – “Ryoji Ikeda ‘Matrix'”

Ryoji Ikeda “Matrix”
Fernando Magalhães
Wed Feb 14 14:21:59 2001

Ouvi ontem na íntegra o CD (duplo) de Ryoji Ikeda, “Matrix” (ed. Touch). Enquanto o segundo CD, com duração de cerca de meia-hora de duração se pode comparar, de facto (com alguma boa vontade, é certo…), com uns Pan Sonic mais frios e subliminares, o primeiro CD nem sequer se pode considerar “música” no sentido mais vulgar do termo.

Trata-se de uma série de faixas preenchidas por frequências electrónicas puras, ou brancas, se quiserem, estilo “White noise” liofilizado, cujo efeito é “temperar” o espaço acústico da sala de audições. O efeito é, de facto, e por razões extra-musicais, surpreendente. Consoante o modo como nos situamos em frente, atrás, ao lado, longe ou afastados das colunas, o som muda radicalmente. Parece quase um truque de ilusionismo! Basta deslocarmo-nos um metro para a direita ou para a esquerda para o som adquirir uma pulsação que na posição anterior não era possível detectar.

Mesmo sentados de frente, basta mudar ligeiramente a posição da cabeça para o som se “apagar”, quase desaparecer, para logo a seguir mostrar uma ligeira modificação de cor. Não se trata de efeitos de estereofonia relacionados com a disposição das colunas (o chamado “palco sonoro”, para os audiófilos) mas de uma efectiva “inundação/metamorfose” do espaço acústico.

Claro que musicalmente, é uma seca monumental! Digamos, então, que se trata de um disco científico, como parece que são, aliás, os anteriores trabalhos deste japonês.

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