PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 17 OUTUBRO 1990 >> Pop Rock
YOUSSOU N’DOUR
21 de outubro, Coliseu do Porto
22 de outubro, Coliseu de Lisboa
N’Dour é sobretudo conhecido pela fusão, nos seus discos, de vários estilos musicais, nomeadamente as sonoridades étnicas do Senegal, o “reggae”, a eletrónica e a música de dança. Sensível aos sons e cultura ocidentais, e não só, trabalhou com Peter Gabriel, no álbum “So”, Paul Simon (“Graceland”), Ryuichi Sakamoto (“Beauty”), Bruce Springsteen, Sting e Tracy Chapman (estes últimos ao vivo na “tournée” mundial organizada pela Amnistia Internacional, “Human Rights Now”).
Em 1976, juntou-se aos Star Band, e três anos mais tarde formava a sua própria Super Étoile de Dakar, banda com a qual se tornou conhecido fora do país natal. Depois do sucesso internacional de “The Lion”, “Set” (“limpo”, em dialeto wolof, produzido por Daniel Lanois) é o registo discográfico mais recente deste senegalês apostado em estender as fronteiras da África pelo mundo fora. Em “Set”, a sonoridade é mais urbana do que nunca, baseada no “mbalax”, “cocktail” rítmico que mistura ambientes de mercado, clubes noturnos e festas particulares.
Ao contrário, nomeadamente de Mory Kante, seu concorrente direto no campo da revisão moderna dos dialetos tradicionais africanos, Youssou N’Dour parece agora apostado em manter-se fiel a um som que, apesar de sincrético, não faz concessões ao gosto americanizado. De modo que, se “Lion” foi o seu ensaio mais sério no plano da massificação, “Set” é um disco que equivale a um retrocesso autenticista. Internacionalista, mas não pura curiosidade turística, em Portugal teremos oportunidade de escutar a sua voz tenor e o vibrante entusiasmo com que procura, a partir do grande caldeirão de culturas, pôr o mundo inteiro a dançar, mas sempre e sobretudo agora numa perspetiva africana.