QUARTA-FEIRA, 7 MARÇO 1990 VIDEODISCOS
Pop
EVERYTHING BUT THE GIRL
Driving
Blanco y Negro, import. WEA
LP e CD
Antes era o “Hip-Hop”, agora é o “Hit-Top” que faz dançar milhões. Depois das multidões, dançam os cifrões. Tudo neste disco foi feito a pensar nas listas que fazem engordar as contas bancárias. Composições, arranjos, escolha de músicos, aspecto gráfico, nada é deixado ao acaso suscetível de espremer o limão de ouro até à última gota. As massas vão adorar, claro, e as pistas de dança necessitam de engatar periodicamente novas mudanças.
Com “Driving” os Everything But The Girl conduzem em segurança, suavemente, ritmadamente e sem exageros. A viagem é óbvia, o destino também. Mas não atropelam ninguém pelo caminho e as vistas até nem são de todo desagradáveis. Talvez adormeçamos a meio pois as paisagens não variam muito, mas até isso pode saber bem.
A voz de Tracey Thorn faz o resto que afinal é quase tudo. Os arranjos ficam-se pelo mel das “cordas” sintetizadas, o piano ao fundo da sala e os já habituais saxofones imortalizados por “Baker Street”, há já uns aninhos. Inócuos, bonitos e repetindo invariavelmente o mesmo solo delicodoce.
Para dourar ainda mais a pílula, convidaram-se Joe Sample, Stan Getz e Michael Brecker, conceituados músicos de “Jazz”. O trabalho foi fácil e mais uns dólares em caixa nunca fizeram mal a ninguém.
“Driving” encantará alguns milhões de auditores e afastará irremediavelmente aqueles que recordam com saudade os bons velhos tempos dos Marine Girls ou os álbuns iniciais da atual banda de Tracey Thorn e Ben Watt. Terá valido a pena? Tudo vale a pena se a “fatia” não for pequena…