Ryuichi Sakamoto – “Heartbeat”

Pop Rock >> Quarta-Feira, 24.06.1992


“JAPO BEAT”

RYUICHI SAKAMOTO
Heartbeat
LP / CD Virgin, distri. Edisom



O Japão está definitivamente na moda. E já não nos estamos a referir sequer a Yamamoto, Kenzo ou Kawakubo. Ryuichi Sakamoto, então, está ultra-“in”. Não para quieto e quando para é quase sempre em Nova Iorque, num percurso que tem algumas semelhanças com o do seu compatriota Seigen Ono. Este começou por ser “new ager” e acabou cliente assíduo da Knitting Factory. Sakamoto abandonou a versão nipónica dos Kraftwerk que eram os Yellow Magic Orchestra para vir dar à música de dança, com discos entre uma e outra coisa pelo meio.
“Heartbeat” vai fazer furor nas discotecas. Tem todos os ingredientes para tal: um “beat” metronómico com desvios de pormenor de maneira a não tornar a coisa demasiado óbvia e até, em “Rap the world”, aquela batida básica, actualmente muito em voga no género (“tum tum rtumtumtum”), que a Rádio Energia passa durante 24 horas na sua programação. Há dois instrumentais para criar ambiente, “Song lines” e “Nuages”, “samples” de Jimi Hendrix, um registo residual da voz de John Cage e os convidados certos: o DJ dos Dee-Lite, Dmitry, John Lurie (assina o ponto na techno-valsa “Lulu”), Arto Lindsay, Youssou N’Dour (num dos melhores temas de “fusão”, “Borom Gal”), David Sylvian, Ingrid Chavez (estes dois ouviram-se, gravaram juntos e, passados dois meses, casaram-se; depois da lua-de-mel, Sylvian tenciona ainda produzir um disco de Scott Walker) e Bill Frissell.
Entre as múltiplas actividades a que nos últimos tempos se tem dedicado, como compositor, produtor e actor – bandas sonoras para filmes de Pedro Almodovar e Peter Kominsky, tema de abertura dos Jogos Olímpicos de Barcelona, produção de alguns temas dos Aztec Camera, actor numa série da televisão americana, actor e compositor no próximo filme de Oshima, “Hollywood Zen” -, Ryuichi Sakamoto decidiu-se aqui por um disco que ele próprio classifica como “optimista” e “positivo”, numa fuga em frente às desolações da anterior banda sonora, “The Sheltering Sky”. Não há dúvida que o conseguiu, num disco que está longe do brilhantismo de alguns dos seus trabalhos anteriores. (7)

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