Pop-Rock / Quarta-Feira, 10.07.1991
HARPA DE LALANGE
São cinco. Escolheram como designação uma expressão que evoca tradições e lendas de encantar. Lalange, personagem, real ou imaginária, sobre a qual preferem não falar. Os segredos não se dizem. Guardam-se. As suas canções falam de anjos, imperadores, sereias e fantasmas. Todo um universo de fábula, mas imbuído, dizem eles, de uma subtil ironia. Como se vê, dão muita importância aos textos, escritos pelo Carlos. Quanto à música, evoca o misticismo da 4AD, de nomes como os Dif Juz ou Dead Can Dance. Música que, ao vivo, exige lugares especiais e gente não vulgar. Disponível para se deixar fascinar. Em igrejas, de preferência, ou noutros lugares em que o silêncio convide à atenção.
Afirmam-se diferentes. Na música e nas intenções, embora não especifiquem muito em que consiste essa diferença. Filhos, por enquanto menores, de uma geração incarnada pelos Madredeus e Sétima Legião, eles negam as semelhanças. Dizem-se mais próximos de uma realidade, portuguesa sim, mas voltada para as pessoas particulares e não para o mito. O principal foco de interesse reside na voz das duas meninas, de formação clássica, a Margarida (solista principal, soprano) e a Conceição. Nas suas vozes tudo se joga à procura de uma originalidade por agora difícil de encontrar. Seguem por mares serenos, em busca do seu próprio mar.