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segunda-feira, 30 Junho 2003
Dia perfeito para o jazz de vanguarda em Lisboa
Dois concertos de “jazz” de vanguarda têm lugar hoje, em Lisboa. Vinny Golia atua em solo absoluto no Café Luso, enquanto um quinteto formado por Joe Giardullo (saxofones), Rodrigo Amado (saxofones), Bobby Bradford (trompete), Ken Filiano (contrabaixo) e Alex Cline (bateria) ocupará o palco do Teatro Ibérico.
Vinny Golia é um multi-instrumentista em cujos estojos se arrumam clarinetes, saxofones, flautas, trompa, fagote e um sem-número de instrumentos de sopro das mais diversas proveniências geográficas. Na sua música, o “jazz” tradicional mistura-se com a “world music” e a música contemporânea. Improvisador nato, fundou o Vinny Golia Large Ensemble, orquestra de 25 elementos que se dedica ao repertório de “jazz” de câmara do compositor. Colaborou com Anthony Braxton, John Carter, Bobby Bradford, George Lewis, Barre Phillips e os Rova Saxophone Quartet, entre outros. Faz ainda parte de um quarteto cuja liderança partilha com o trompetista Bobby Bradford, e que inclui o contrabaixista Ken Filiano e o baterista e percussionista Alex Cline. Cline e Filiano, que participaram no seu álbum “Regards from Norma Desmond” (1986), que mostra um “jazz” descomprometido com as normas do “mainstream”.
Ou seja, o mesmo grupo que, sob a designação Perfect Day, atuará no Teatro Ibérico. Sem Vinny, mas com os saxofonistas Rodrigo Amado e Joe Giardullo.
Bobby Bradford tocou com Ornette Coleman e Eric Dolphy nos anos 60. Colaborou com os New Art Jazz Ensemble do clarinetista John Carter e fez parte do Spontaneous Music Ensemble, de John Stevens. Mais recentemente, trabalhou com David Murray e Charlie Haden.
Rodrigo Amado é um dos improvisadores dos Lisbon Improvisation Players, mantendo contacto estreito com nomes importantes da cena da improvisação europeia. Um álbum novo, com material tirado de uma sessão com Ken Filiano, Steve Adams e Acácio Salero, será editado em breve. Joe Giardullo é um saxofonista que rompe com a tradição através do recurso à improvisação microtonal, o que confere à sua música um carácter “marginal”, mesmo em comparação com os parâmetros bastante permissivos das chamadas “novas músicas”. Álbuns como “Gravity – Music for Chamber Group”, “Specific Gravity” e “Shadow and Light”, os dois últimos em colaboração com Joe McPhee, confirmam a extrema originalidade e “outness” de uma música que tanto parece não ter base de sustentação terrena como se mostra capaz de corroer os tempos, distensões e gritos do “free”.
Na secção rítmica de um Perfect Day que se espera que o seja, encontram-se o contrabaixista Ken Filiano (tocou com Warne Marsh, Barre Phillips, Joelle Leandre, Jonh Carter, Roswell Rudd, etc) e o baterista e percussionista Alex Cline, músico eclético cujo trabalho se reparte pela improvisação e por um “jazz” ambiental de contornos místicos e “new age” (como no novo álbum, “The Constant Flame”), ou não viesse ele da Costa Oeste…
Perfect Day
LISBOA Teatro Ibérico, Rua de Xabregas, 54. Tel. 218 682 531. Às 21h30. Bilhetes a 10 euros.
Vinny Golia
LISBOA Café Luso. Travessa da Queimada, 14 (ao Bairro Alto). Tel. 214 411 731. Às 24h. Entrada livre