Jean-Pierre Mas – “Rue De Lourmel” + Eric Watson – “Cosnpiracy” + Jimmy Giuffre & Paul Bley & Steve Swallow – “Fly Away Little Bird”

(público >> mil-folhas >> jazz >> crítica de discos)
sábado, 08 Fevereiro 2003


O mocho piou (mais) três vezes

JEAN-PIERRE MAS
Rue de Lourmel
6 | 10

ERIC WATSON
Conspiracy
7 | 10

JIMMY GIUFFRE,
PAUL BLEY,
STEVE SWALLOW
Fly Away Little Bird
7 | 10

Todos Owl, distri. Universal




À semelhança de outros músicos de jazz franceses, não falta ao pianista Jean-Pierre Mas nem elegância, nem conhecimentos de história. Faltar-lhe-á, porventura, o génio de alguns dos seus compatriotas, como Sclavis, Portal ou Texier… “Rue de Lourmel” apresenta-o em duo com o contrabaixista Cesarius Alvim. O álbum vale pela presença deste último. É que não basta citar parcerias de piano/contrabaixo como Ellington/Jimmy Blanton, Oscar Peterson/Ray Brown ou Bill Evans/Scott LaFaro. A sintonia nem sempre é evidente, há desencontros. Funciona bem em “Chicaliga”, um original de Alvim: “drive” simples do piano, transformado em instrumento de acompanhamento do contrabaixo. Alvim estica as cordas até ao limite, põe-no a falar como um berimbau. É ele a força motriz e o eixo desta rua…
Eric Watson (piano), Ed Schuller (baixo) e Paul Motian (bateria) encontram-se em “Conspiracy”, de 1982. Exilado em França, Watson define-se como pianista inscrito no cruzamento do jazz com a música clássica (é intérprete de Ives, Scriabine, Berg, Brahms…). Lírico q.b., evidencia vigor e presença, não sendo raros os pontos de contacto com Ran Blake (ouça-se “Hymn for her” ou “Dance”). Piano em discurso direto, vai onde quer e precisa, sem desvios. Se, também na Owl, o trio de Petrucciani faz a apologia da delicadeza, o de Watson não hesita em erguer, para as transpor, dificuldades.
“Summer” é comunicação a três de alto nível e os 11 minutos finais de “No beards in Albania” dão largo espaço de manobra às contribuições solistas de Schuller e Motian. Jazz como deve ser. Só que a história ensina que em muitos casos o melhor jazz é aquele que não deve ser…
Depois de, em 1989, terem retomado nos dois volumes de “Diary of a Trio” a mesma fórmula que, em 1962, rendera a obra-prima “Free Fall”, Jimmy Giuffre, Paul Bley e Steve Swallow voltaram a juntar-se três anos mais tarde, para gravar “Fly Away, Little Bird”. No período de tempo que mediou estes dois trabalhos a música parece ter entristecido ainda mais, mas a sua dignidade manteve-se intocável. Giuffre passara já para uma dimensão onde as notas caminham mais devagar, Bley, como sempre, encarrega-se do arranjo da casa, Swallow verga-se, mas não quebra, libertando melodias onde elas parecem não existir.

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