POP ROCK
22 Janeiro 1997
world
Catherine Ann-McPhee
Sings Mairi Mhor
GREENTRAX, DISTRI. MC – MUNDO DA CANÇÃO
Não poderia ter resultado mais apropriado e musicalmente satisfatório o encontro de uma das vozes que melhor representam o canto gaélico actual com uma das figuras emblemáticas da tradição e da resistência das populações rurais da Escócia no século passado. Mairi Mhor, natural de Skye, acusada de pequenos furtos, exilada da sua terra e encarcerada durante 42 dias, reflecte nas suas canções uma gama variada de emoções que vão da vergonha e da raiva, perceptíveis na primeira composição que escreveu, “Luchd na beurla”, aqui incluída, até uma consciência social que a elevou a porta-voz dos camponeses da sua região natal contra a exploração dos grandes proprietários agrários. Para Catherine Ann-McPhee, a voz de cristal que alguns já conhecem do álbum anterior, “Chi Mi’n Emreadh”, a apropriação do reportório de Mairi Mhor (a identificação entre as duas mulheres foi ao ponto de a cantora se deixar fotografar na capa numa personificação de Mairi Mhor), representa ainda a evolução natural do seu empenhamento na defesa e preservação do canto gaélico. Com um mínimo de cedências e preservando uma certa imagem de arcaísmo que, inclusive, em termos de produção (de Jim Sutherland), se manifesta no som de grafonola conferido a uma tema como “Camanachd glaschu”. Curiosamente, “Sings Mairi Mhor” acaba por ser um álbum mais acessível que “Chi Mi’n Emreadh”, talvez pela menor percentagem de interpretações “a capella”, a voz em simbiose perfeita com a “clarsach” (harpa) e teclados ambientais (“new age”, em “Mar a thà”?…) de Mary Ann Kennedy. Participam ainda Allan MacDonald, nas “Highland pipes” e “whistle”, John Martin, na rabeca, Jim Sutherland, nas percussões, e os Bannal Waulking Group (gravaram um álbum em nome próprio nesta mesma editora), nos apoios vocais. (8)