POP ROCK
14 Maio 1997
portugueses
Sacerdotes de Alquimia
Sacerdotes de Alquimia
ED. E DISTRI. NUMÉRICA
V Império, Sacerdotes de Alquimia. Os novos grupos portugueses não fazem a coisa por menos. Por sinal, os Sacerdotes até têm um tema chamado “Quinto Império”, com texto de Fernando Pessoa e tudo. E outro, “Quinto mar”. E outro, “Saudade”. Até o fotógrafo da capa se chama João Portugal, bolas! É, sem dúvida, uma perspectiva original e nunca antes navegada, perdão, apresentada, pela música portuguesa. Portugal andava a precisar disto, de quem lhe avivasse os mitos e espicaçasse o orgulho. Os Sacerdotes de Alquimia, transmutados no meio académico de Coimbra a partir da matéria-prima do grupo Essa Agora, fazem-no no esplendor do seu rock sinfónico de Sociedade Recreativa, partindo, logo no primeiro tema, por uma “Aventura” de fazer corar de vergonha os Brilhantes do Ritmo + 1. “Escaravelhos” tem uma flauta a fingir o Peter Gabriel dos Genesis mais antigos. “Viagem” fala do “vento lusitano” que é “este sopro humano universal que enfuna a inquietação de Portugal”. “Enfuna” é bonito. Temos país, temos flauta, temos um sintetizador à Camel, temos neo-progs. Tantra, voltem, por favor. Agora a sério, não é qualquer um que sabe combinar o enxofre e o mercúrio no Atanor da imaginação. Os Sacristãos, hã, Sacerdotes de Alquimia mostram, para já, um som “mainstream” e um pretensiosismo de conceitos sem correspondência na música. O termo “progressivo” não tem nada a ver com eles. (3)