POP ROCK
26 Março 1997
portugueses
Segredo dos Deuses
Segredo dos Deuses
ED. BMG
A máscara da cantora careca Sinead O’Connor deu lugar ao rosto verdadeiro de Inês Santos, para o melhor e para o pior, a vencedora incontestada de um dos concursos do programa Chuva de Estrelas. “Segredo dos Deuses” é um trabalho despretensioso em que o esforço colectivo se sobrepõe ao individual, embora, como é óbvio, a voz de Inês de destaque naturalmente. Predominam as baladas em tempo médio, o cuidado posto nos textos e a preocupação com os ambientes. A voz de Inês faz lembrar, curiosamente, em mais do que uma ocasião, no timbre e na colocação, a de Annie Haslam, cantora de um grupo de rock sinfónico dos anos 70, os Renaissance. Aliás, temas como “Guardador de rebanhos”, “Marés sem tempo”, “Se tu viesses ver-me…” e, sobretudo, “Fugaz” e “Brilhos perdidos” exibem uma construção cujas parecenças com a música daquele grupo são impressionantes. É um álbum fora de tempo e das tendências em voga, simpático e agradável, que cresce a cada audição. Há um momento delicioso quando Inês Santos faz a voz balançar sobre as sílabas da palavra “suave”, em “Suave e só”, aqui com semelhanças com outro grupo dos anos 70, os Curved Air. Ao longo de todo o disco é notório o prazer que todos os músicos sentiram em tocar uns com os outros. Os deuses, decerto, não os irão abandonar. (6)