Pop Rock
20 de Novembro de 1996
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Vários
Phenomenon
REPRISE, DISTRI. WARNER MUSIC
“Phenomenon” não foi um fenómeno de bilheteira e é pouco provável que a sua banda sonora o seja no mercado fonográfico. Trata-se de uma lista de canções, alinhadas num “mainstream” piroso. Pensando melhor, é tão mau que poderá mesmo conseguir algum sucesso nos “tops”, sobretudo no americano. É que, logo a abrir, Eric Clapton presenteia-nos com uma “hit song”, “Change the world”, que nos mostra quão distantes vão os tempos em que provavelmente se dedicava ao “trainspotting”… Bryan Ferry vem a seguir, de avental, com o seu lado mais de sopeira. O fenómeno de adormecimento progressivo vai sendo alcançado graças ao esforço dos artistas presentes, alguns com responsabilidades, todos empenhados em sacar aos respectivos reportórios o que neles existir de mais ensosso. Aaron Neville, Taj Mahal, Jewel, Marvin Gaye, Dorothy Moore, J. J. Cale, nenhum parece ter escapado ao olhar de carneiro mal morto de Travolta. Despertamos apenas com a graça de ouvir “I have the touch”, de Peter Gabriel (um original do álbum nº4), remisturado para a ocasião, parecendo especialmente apropriado para ilustrar as habilidades extra-sensoriais do protagonista da fita, e os Iguanas, em “Para donde vas”, uma festarola “caliente” à Los Lobos. Tudo o resto, incluindo a pastilhada “sinfónica” final por Thomas Newman (sim, o antigo produtor de Mike Oldfield e ex-fabricante de sedativos “new age”, à excepção de um primeiro e interessante álbum, “Faerie Simphony”), é um fenómeno de hibernação. (2)