Pop Rock
19 de Julho de 1995
Álbuns poprock
Robert Rich
Trances/Drones (8)
2XCD EXTREME, DISTRI. ANANANA
Robert Rich & Lisa Moskow
Yearning (5)
HEARTS OF SPACE, DISTRI. STRAUSS
Robert Rich é um dos representantes mais importantes da nova escola californiana de música electrónica. Estudou a música tradicional de África, Indonésia e Índia, bem como dos mestres minimalistas seus compatriotas. Nos primeiros tempos ouvia Klaus Schulze e os Cluster, John Cage e os Throbbing Gristle. Depois acalmou. Além disso, constrói os seus próprios sintetizadores – para os quais desenvolveu novos sistemas de microafinação – e “software” de composição por computador.
Quase toda a sua discografia é essencial, incluindo trabalhos como “Numena”, “Rain Forest” e “Gaudi”, ou as parcerias com Steve Roach, “Strata” e “Soma”. O grau académico em Psicologia deu-lhe algumas ideias interessantes, a principal das quais foi a realização de concertos para audiências adormecidas. Enquanto toda a gente dormia, as cabeças nas respectivas almofadas (que Rich aconselhava a trazer de casa…), ele tocava sons sintetizados, entrançava sons naturais, fazia “crochet” com texturas abstractas.
“Trances/Drones”, de 1983, insere-se numa estética idêntica à destas bandas sonoras de sonho, se assim lhes podemos chamar, ou música para meditação, caso se esteja acordado. Adaptando ciclos de frequências associadas ao sono (medidos á hora em vez de ao segundo…), escalas microtonais indianas e toda a espécie de “drones” electrónicas sobrepostas numa rede harmónica quase planetária, Robert Rich cria aqui universos contemplativos de grande amplitude, sonora e psicológica, jogando ao mesmo tempo com as vibrações telúricas e as emanações celestiais, em faixas de longa duração que incluem uma das suas primeiras composições, “Sunyata”, originalmente editada em cassete. Essencial.
Ao seu lado, “Yearning”, lançado este ano, parece patético. Apesar do ponto de partida ser neste caso até bastante semelhante: a exploração harmónica e tímbrica das ragas indianas, em particular do seu primeiro movimento, “alap”, mais lento, arrítmico e em geral elaborado pela “tampura”, antecedendo as posteriores improvisações dos instrumentos solistas e das percussões. Contudo, o que poderia ser mais um exercício interessante de música meditativa acaba por soar redundante, por culpa da companheira de Rich nesta aventura (16 anos de estudo da música indiana não parecem ter sido suficientes para ela intuir a vibração secreta…) que pouco mais consegue arrancar do seu “sarod” do que lugares-comuns pseudomísticos. Ao fim de algum tempo, dada a sua omnipresença, Lisa consegue mesmo irritar, impedindo com o seu “sarodear” autocomplacente a imersão na vaga de fundo do mundo electrónico do californiano.