Pop Rock
1 de Março de 1995
álbuns poprock
Jon Hassell
Sulla Strada
MATERIALI SONORI, IMPORT. ÁUDEO
Na lógica do percurso mais recente de Jon Hassell, que culminou na releitura abrupta das estratégias para a música de um utópico quarto mundo, operada em “Dressing for Pleasure”, o novo álbum faz um retrocesso até à música de álbuns como “Dream Theory in Malaya” e “Aka Darbari Java – Magic Realism”, aqueles mais visivelmente marcados pelo minimalismo étnico, entre as miniaturizações digitais e as orquestras de gamelão. Composto como banda sonora para um espectáculo “multimedia”, com direcção de Federico Tiezzi e “performance” dos Magazzini, “Sulla Strada” toma como ponto de partida a obra, “On the road”, de Jack Kerouac, um dos papas da “beat generation” da América dos anos 60. Transposição curiosa esta, em que os conceitos de estrada, ponte e ligação – entre culturas e entre lugares, no livro a viagem para sul, até ao México -, permitem anular a distância que separa as conotações “exóticas” desde sempre associadas à música de Hassell e o imaginário poético (e cinematográfico) que a nossa subjectividade construiu em redor da obra do escritor. Funcionam ainda como elos de ligação (e, em simultâneo, como factores de estranheza), as introduções narradas em italiano que normalmente antecedem cada tema, musicalmente outros tantos tratados de hipnose, culminando nos 22 minutos ritualísticos de “Tramonto, caldo umido”, onde a tribo eléctrica dos anos 90 encontra o psicadelismo de que Kerouac foi um dos seus primeiros profetas. (8)