Jim Morrison – “An American Prayer”

Pop Rock

17 de Maio de 1995
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As últimas orações de um fantasma

JIM MORRISON
An American Prayer (6)

Elektra, distri. Warner Music


JM

“An American Prayer” é um objecto difícil de definir e enquadrar na carreira deste grupo americano cuja morte prematura do seu líder levou a uma também prematura extinção. Já a circular no mercado há alguns anos, em vinilo – a primeira edição data de 1978 – mas também numa edição pirata em compacto, esta obra póstuma destina-se prioritariamente aos coleccionistas enquanto testemunho importante da vertente poética do autor de “The celebration of the Lizard”. A música, “pelos the Doors”, foi acrescentada posteriormente por Ray Manzarek, umas vezes de tal forma que dir-se-ia terem sido a música e as palavras gravadas na mesma ocasião, outras dando mostras de uma enorme falta de gosto, soando despropositada e desenquadrada da postura original do grupo. A presente edição inclui três novos temas em relação às anteriores, “Babylon fading”, “Bird of prey” e “The ghost song”. O primeiro é uma gravação ao vivo inédito em disco, aumentada com efeitos sonoros criados posteriormente em estúdio. Assim, os ruídos de uma sirene, chuva, assobio, trovoada, multidões numa tourada e num jogo de futebol, crianças num pátio de recreio e guerra reproduzem à letra as palavras do vocalista, numa brincadeira que tem tanto de curioso como de inconsequente. “Bird of prey” é uma vocalização de um minuto “a capella” onde a falta de voz consegue mesmo assim fazer passar a mensagem: “Flying high, flying high, am I going to die? Bird of prey, take me on your filght.” A fechar, “The Ghost song”, em nova versão (a primeira aparece logo de início), com um acompanhamento musical inédito de Ray Manzarek, Robbie Krieger e John Densmore, soa como uma canção característica do último álbum de originais do grupo, “L. A. Woman”, pelo menos até determinada altura, quando se transforma em “disco sound” à Bee Gees. Feitas as contas, três apontamentos que não enobrecem de modo algum nem a memória do cantor nem a do grupo. O resto é uma manta de retalhos que se percorre com as recordações a virem ao de cima e a darem vontade de, uma vez mais, ir ouvir os verdadeiros Doors nos quatro momentos mais altos da sua discografia: a estreia “The Doors”, o monumental “Strange Days”, “Waiting for the Sun” e o disco ao vivo “Absolutely Live”. Quantas vezes ainda ouviremos Jim Morrison gritar “Is everybody in? The ceremony is about to begin, Wake up!” Oficializada por fim a peça do “puzzle” que faltava, é de acreditar que desta vez vai ser mesmo “The end”.



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