Pop Rock
16 FEVEREIRO 1994
WORLD
Vários
La España de las Tres Culturas
Several, distri. MC – Mundo da Canção
Os espanhóis andam, desde 1992, numa azáfama. Não é caso para menos, pois passaram 500 anos nessa data desde a descoberta da América por Cristóvão Colombo e a expulsão dos árabes e judeus do território espanhol. Cá estão de novo as três culturas que moldaram o substrato anímico, social e cultural de Espanha: Cristianismo, judeus (incluindo os judeus sefarditas, os que foram expulsos e mais tarde regressaram) e árabes. A mesma temática de um disco de Pedro Aledo, “Tres Cuerpos una Alma”, aqui criticado a semana passada. Neste, as funções estão bem distribuídas. Os La Bazanca, grupo castelhano de que, confessamos, nunca conseguimos gostar, apesar de reconhecer que fazem um trabalho sério, ficaram com seis romances da tradição cristã. Canções certinhas, vulgarizadas em parte pela voz descaracterizada de Salvador Cacho. Os La Bazanca tocam instrumentos que nunca mais acabam, mas, curioso, neste como em vários discos deles que já ouvimos, não se nota nada. Um dos elementos da banda, Wafir Shaikheldin (derbouka, ‘ud e pandeiretas, saz, teclados e acordeão), faz duo com uma cantora, Rasha, e encarrega-se de iluminar com mérito quatro temas da tradição árabe. Angel Carril, bem acompanhado por vários instrumentistas, toma conta de três canções sefarditas, sem deslumbramentos, de forma competente. Bastantes furos acima, constituindo a melhor parcela do álbum, estão as cinco interpretações de “jarchas” judaicas, por Aurora Moreno, senhora de uma bela voz, imbuída de emoção, como, de resto, já tínhamos tido ocasião de avaliar num bom álbum da sua autoria, “Aynadamar – La Fuente de las Lagrimas”. Acompanham-na aqui, entre outros, Luís Delgado, músico importante da cena tradicional espanhola, que tocou com Manuel Luna e integra actualmente os La Musgaña. A música do Mediterrâneo, de novo, sem grande sol a bater-lhe. (7)