Vários – “International”

Pop Rock

27 MARÇO 1991
LP’S

VÁRIOS
International

LP e CD, Mute, Ed. Edisom

varios

Não se trata da celebração de nenhum aniversário, mas tão-só de uma orgulhosa declaração de princípios e de uma afirmação de vitória. Compreendem-se os festejos, no caso desta editora independente inglesa, formada em 1978, que no curto espaço de 13 anos conseguiu competir, em termos de venda e penetração do mercado, com as suas companheiras mais velhas e abastadas.
Vocacionada para a música electrónica nas duas vertentes comercial e experimental, a táctica consistiu sempre, por um lado, em apostar na rentabilização de nomes como os Depeche Mode (e não Mod, como aparece escrito no rótulo interior), que hoje enchem os estádios americanos, os Erasure ou os recém-chegados Inspiral Carpets, e, por outro, na divulgação e lançamento de propostas mais radicais e obscuras, como são os casos paradigmáticos de Diamanda Galas ou dos Einstuerzende Neubauten.
A presente compilação opta pelo meio termo, procurando o justo equilíbrio entre o mais imediatamente apelativo (os temas dançáveis dos Fortran 5, “Crazy Earth” ou a recriação ao vivo dos Erasure, em “Push me, Shove me”) e o moderadamente experimental (o excerto retirado da ópera nacionalista dos Laibach – e não Laiback, como vem escrito…) “MacBeth” ou o estruturalismo pop samplado de Holger Hiller, com os Oh! Ho Bang Bang, em “The Three”). Pelo meio algumas ideias interessantes e tédios evitáveis. Interessante é o instrumental dos Depeche Mode, “Enjoy the Silence” na veia séria institucionalizada no “alter ego” Recoil, povoada de cordas sintéticas e melancolia futurista. Mark (e não Mar…) Stewart repete a brincadeira de “Fatal Attraction” (e não “attractional”…), à custa de toneladas de “samplers”, fatalmente atraído pela batida “I Feel Love”, de Donna Summer. Os Inspiral Carpets servem-se de “Sackville” para imitar Julian Cope acompanhado à guitarra. Engraçado o tema dos Wire, metronómico-minimais da pop electrónica fabril de “Drill”, como antes a tinham visionado os Cluster de “Zuckerzeit”. Nitzer Ebb parece querer homenagear o patrão da editora, Daniel Miller, nos tempos em que este, com os The Normal, gelava as pistas de dança com “Warm Leatherette”.
Nick Cave representa o seu habitual papel de “crooner” sombrio e estelar em “The Train” e os Crime & the City Solution divertem-se à grande com “I Have the Gun” de Woody Guthrie. Durante escassos minutos assomam fantasmagorias dub a 16 r.p.m. de “Pocket Porn”, invocadas pelos Renegade Sounsdwave (e não “soudwave”…). Chatos são os suecos Easy, com “Between John & Yoko” (já não há respeito?). Dispensável é também “Give me” dos A. C. Marias, uma “má viagem” da irmã mais nova de Julee Cruise. A Mute não é muda e diz de sua justiça. Cada cabeça sua sentença. •••



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