05.06.1998
Jaramar
Si Yo Nunca Muriera (7)
Lejos del Paraiso, import. Symbiose
Jaramar é uma cantora mexicana que há 20 anos vem realizando um trabalho de fusão da música antiga e de textos de escritores clássicos do seu país, com sonoridades electrónicas. Neste seu primeiro trabalho para a Lejos del Paraiso, Jaramar interpreta composições de Alfredo Sánchez, director musical do grupo, inspiradas na poesia do rei pré-hispânico Nezahualcoyotl, no 594º aniversário do seu nascimento.
Uma das curiosidades deste álbum é a semelhança assombrosa – do timbre, da altura, da textura – da voz de Jaramar com a de Teresa Salgueiro. Se não fossem as letras em espanhol e a onda completamente diferente da música, e juraríamos que é a vocalista dos Madredeus que canta temas como “Como una pintura”, “Monólogo”, “Jade y oro”, “Flor y canto” ou o título-tema, uma emocionante litania onde a vida e a morte se confundem num cântico de esperança e desapego. A linguagem das programações evoca a espaços a “medieval tecno” dos QNTAL, enquanto o exotismo dos ambientes demarca territórios próximos dos de Luis Delgado, na vertente mais étnica criada pela sanfona e a flauta de Edurado Arámbula e as cordas de Miguel Ángel Gutiérrez. Curioso será comparar “a posteriori” este disco com a apresentação ao vivo de Jaramar que teve lugar na passada quarta-feira na Expo. Ainda mais curioso seria ouvir a cantora mexicana e Teresa Salgueiro cantarem juntas. São vozes gémeas!