27.06.1997
La! Neu?
Düsseldorf (8)
Captain Trip, import. Torpedo
LINK (“Goldregen”)
La! Neu? São, um quarto de século depois, os filhos dos La Düsseldorf e dos Neu!, fundidos na pessoa de Klaus Dinger, mentor original destas duas bandas de “krautrock” que hoje se revelam determinantes no desenvolvimento do pós-rock. Mantiveram-se os logotipos originais, com o dos Neu! a perder o ponto de exclamação para o “La”, por troca com um ponto de interrogação. O tema de abertura, uma versão de 22 minutos de “Hero” (um original do álbum “Neu!’75”), recicla a velha estética de Dinger, numa revisitação “cool” e quase nostálgica ao tempo e aos velhos ideais, com a voz feminina de Wick Whermeister a introduzir a nota de novidade. Descontando os dois momentos de “Mayday”, distensões quase anedóticas do lado mais sereno da música dos Neu!, aqui reduzido a uma guitarra acústica e vocalizações balbuciantes, em registo de escuteiros em torno da fogueira, sobra a faixa que vale todo o disco, simplesmente intitulada “D.” (Düsseldorf, pois claro!…). 33 minutos (trinta e três de violência inaudita, guitarras em frenesim e uma batida extasiada com a pulsação arrasadora da sua própria força e simplicidade. “D.” explode com a energia liberta de quem pôs fim a 25 anos de abstinência. Manifesto do que nunca fora dito antes, pelo menos com tamanha força e extensão, não só pelos La Düsseldorf e Neu! como por nenhuma outra banda alemã dos anos 70, “D.” representa o corolário e a autópsia exaustiva dos princípios enunciados pelos Velvet Underground e aflorados, em registo irónico, pelos Faust, na faixa do seu quarto álbum, intitulada “Krautrock”. Eis a vibração paroxística da loucura enquanto método.