05.03.1999
Pothole
Dirty Picnic (7)
Intuition, distri. Dargil
Escassas ou nenhumas informações sobre os Pothole, um quinteto, cremos que norte-americano, de jazz-rock, tornam “Dirty Picnic” num objecto tão enigmático quanto apelativo. A combinação instrumental utilizada pelo grupo – samplers, piano eléctrico Wurlitzer, órgão Hammond B-3, baixo, bateria, guitarra, “slide guitar”, acordeão, saxofones e voz – permite um ecletismo onde influências, como a do jazz-rock dos anos 70 (Herbie Hancock, Weather Report, Return To Forever), se combinam com o “reggae”, esquemas rítmicos da faceta mais jazzística dos King Crimson e da escola Recommended (“All The Way”) e linguagens mais recentes que vão do “scratch” e da manipulação de gira-discos (pelo convidado DJ Pause) à electrónica. Uma sonoridade cheia e, por vezes, “funky”, com arranjos onde o saxofone e os teclados assumem um papel de destaque, faz os Pothole aproximarem-se por vezes dos Hieroglyphics, do saxofonista Peter Apfelbaum, nome que, aliás consta da ficha de agradecimentos. Enfrentando todos os Estereótipos do “jazz-rock”, os Pothole cultivam, todavia, um distanciamento e uma aura de “grupo de rua” que lhes permite entrar e sair quando querem deste nicho musical, ora em incursões pelo universo global de Bill Laswell, ora cultivando o gosto pelas pequenas ornamentações sintéticas dos sintetizadores. Um piquenique em pleno asfalto de Nova Iorque.