Microtendências – Livro
Título: Microtendências
As 75 pequenas mudanças que estão a transformar o mundo em que vivemos.
Autor: Mark J. Penn (com E. Kinney Zalesne)
Editora: Lua de Papel
Data de edição: Setembro de 2008
Data de edição do original: 2007
Tradução: Mónica Silvares
ISBN: 978-989-23-0196-9
Nº de páginas: 511
Mark J. Penn é, nas palavras do jornal The Washington Post, “provavelmente o mais poderoso homem em Washington de quem ninguém ouviu falar”. Formado pela Universidade de Harvard, e actual CEO da Burson-Marsteller (uma das maiores empresas de relações públicas do mundo), o autor distinguiu-se como um dos mais importantes analistas e estrategas norte-americanos. Responsável pela segunda eleição de Bill Clinton (de quem foi assessor até ao fim do último mandato) e pela terceira vitória de Tony Blair, Penn é consultor de várias companhias da Fortune 500 e de mais de 25 chefes de estado. No sector privado distinguiu-se como conselheiro de Bill Gates/Microsoft na década de 90.
Neste livro, o autor, com longa experiência em sondagens e estudos de mercado, cuja análise atenta lhe têm permitido identificar as tendências da nossa sociedade, em todos os seus domínios, expõe neste livro 75 das actuais tendências que classifica como mais relevantes no desenvolvimento do futuro da nossa sociedade global. Muitas delas serão, certamente, marcantes e influenciarão grandemente a forma como viveremos nos anos vindouros.
O mais curioso, e que constitui a tese original do autor neste seu trabalho, é que essas tendências, que hoje parecem muito limitadas no seu alcance, são partilhadas por muito poucas pessoas, se o consideramos na forma de percentagem. No entanto, segundo o autor, geralmente basta um por cento de pessoas para que uma tendência se possa vir a tornar numa normalidade a curto ou médio prazo e influenciar o modo como vivem os 100 por cento da população. Daí o designativo de microtendências. Um por cento parece pouco, mas constitui a massa crítica que se torna suficiente para mover o mundo. Ao fim ao cabo, um por cento de, digamos, 100 milhões, é um milhão. E como essas pessoas são inovadoras e activas por natureza (se não poderiam fazer emergir uma nova tendência, como é óbvio) a sua postura vai criar as condições para arrastar governos, populações, sociedades e culturas inteiras.
E um dos factores que potencia este arrastamento é, naturalmente, a massificação das comunicações, com a Internet à cabeça, e que permite o contacto, a partilha de ideias e ideais, e o desenvolvimento em rede das inovações e modos de vida preconizados por estes pioneiro, outrora a maior parte das vezes isolados nos seus recantos.
Para ficarem com uma ideia das tendências que emergem e, consequentemente, do que aí vêm, de modo a se poderem precaver e até aproveitar algumas oportunidades de negócio, como agora se diz, aqui ficam alguns exemplos (2 de cada parte) tratados no livro:
Parte 1: Amor, Sexo e Relações
. Rácio sexual dos solteiros
Com a taxa de homossexualidade muito maior nos homens do que nas mulheres, há cada vez mais mulheres com dificuldade em arranjar par;
. Casados pela Internet
Antigamente era vergonha casar por anúncio. Hoje casar depois de se conhecer pela internet é cada vez mais comum.
Parte 2: Vida Laboral
. Reforma activa
Cada vez a esperança de vida é maior. As pessoas começam cada vez mais a exercer uma actividade depois de se reformarem. Consequência: os avós já não estão tão disponíveis para os netos, e os cuidados infantis são cada vez mais necessários.
. Suburbanos radicais
Aqueles que já não se contentam em morar nos subúrbios. Hoje, com o desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte, os subúrbios são cada vez mais longe. Há pessoas que vão de avião todos os dias para o emprego.
Parte 3: Raça e Religião
. Pró-semitas
Ser judeu está na moda. Todo(a)s se querem casar com um.
. Famílias inter-raciais
Cada vez há mais.
Parte 4: Saúde e bem-estar
. Os inimigos do sol
Embora um bom bronzeado ainda esteja na moda, como toda a gente sabe que o tabaco, o álcool, etc., fazem mal à saúde, isso também acontece com o sol. E cada vez mais pessoas evitam-no a 100%. A moda dos rostos pálidos is coming.
. Ensonados
Cada vez se dorme menos… e isso é muito mau para a saúde.
Parte 5: Vida Familiar
. Novos pais velhos
Com o nosso modo de vida, cada vez somos pais com mais idade… com a idade de avós.
. Pais que mimam
Com a taxa de natalidade cada vez mais baixa, os pais dão tudo o que podem e não podem aos seus filhos (geralmente únicos). Quais as consequências?
Parte 6: Política
. A Flutuação ainda é rainha. O mito do eleitorado polarizado.
1 ou 2% dos eleitores ainda têm muita força. A sua oscilação faz perder e ganhar eleições.
. Condenados recentemente libertados
Podem pôr a sociedade em polvorosa.
Parte 7: Jovens
. Os ligeiramente perturbados
Enquanto antigamente todas as pequenas deficiências passavam despercebidas, uma vez que os jovens que “não tinham vocação para os estudos” eram rapidamente integrados no mercado de trabalho, hoje, com a competição por uma formação para todos, as pequenas e grandes perturbações não param de nos surgir.
. Jovens tricotadores
Cada vez mais jovens, e de ambos os sexos, têm como hobby o tricot. Dizem que é relaxante.
Parte 8: Comida, Bebida, Dieta
. Crianças vegans
Com a psicose da vida saudável, cada vez mais crianças, influenciadas pelos seus pais ou não, põem de lado a carne.
. Passar fome para viver
Parece que está provado que quanto menos uma pessoa comer mais tempo vive.
Parte 9: Estilo de vida
. Altos níveis de concentração
Enquanto parece que cada vez nos conseguimos concentrar menos, há um conjunto de pessoas que executam trabalhos que exigem uma capacidade de concentração nunca antes exigida.
. Unissexuais
Parece que cada vez mais nascem “seres” que não se identificam com um nem com outro sexo. Física e psicologicamente.
Parte 10: Dinheiro e Estilo
. Mary Poppins modernas. Amas licenciadas
Com os pais a quererem tudo para os seus filhos (geralmente únicos) as amas licenciadas são a nova moda. Por sua vez estas também não se importam nada: como os pais que as recrutam são ricos, os vencimentos são altos e o trabalho nada stressante.
. Milionários tímidos. Americanos que vivem abaixo das suas possibilidades.
Não dão nas vistas.
Parte 11: Moda e aparência
. Desleixados atolados
Tudo começou com a falta de tempo, mas agora parece que é chique ter a casa toda desarrumada: parece que o pó conserva e os micróbios dão imunidade.
. Amantes de cirurgia
Plástica.
Parte 12: Tecnologia
. Geeks sociais
Os maluquinhos dos computadores e outros gadgets que não são o protótipo do ensimesmado anti-social, mas, pelo contrário, extrovertidos e sempre em festa (munidos dos gadgets último modelo).
. Novos luditas
… computador, telemóvel, …, não entra.
Parte 13: Lazer e Entretenimento
. Adultos adeptos dos jogos vídeo
Sabia que os adolescentes são uns meros 13% dos jogadores de vídeo jogos?
. Neoclássicos
Ao contrário do que parece a música clássica está bem viva junto da juventude e recomenda-se.
Parte 14: Educação
. Crianças inteligentes deixadas para trás
É a nova moda. Atrasa-se a entrada dos filhos um ano como forma de obter vantagem competitiva.
. A escola em casa
Parece que os resultados são bons… (ver a ideia perigosa de Robert Schank aqui)
. Universitários desistentes
Agora não custa entrar, custa é sair (com o canudo).
Uma leitura agradável que se recomenda vivamente.
Novembro 6, 2008 Não há comentários
Um livro: Microtendências
Título: Microtendências
As 75 pequenas mudanças que estão a transformar o mundo em que vivemos.
Autor: Mark J. Penn (com E. Kinney Zalesne)
Editora: Lua de Papel
Data de edição: Setembro de 2008
Data de edição do original: 2007
Tradução: Mónica Silvares
ISBN: 978-989-23-0196-9
Nº de páginas: 511
Brevemente farei a recensão ao livro.
No entanto, deixem-me desde já transcrever uma passagem de uma das microtendências dos nossos dias suscitadas pelo autor, e que me é cara no momento que atravessamos:
“A flutuação ainda é rainha”
O mito do eleitorado polarizado.
“… O poder dos eleitores flutuantes versus a base não se limita aos Estados Unidos. No Reino Unido, há o mesmo tipo de mudança a fazer a diferença entre os governos trabalhista e conservador. Uma vez mais, os eleitores livres do domínio partidário avançam e recuam, muitas vezes com base em quem acreditam que dará o melhor líder e não no partido que pensam ter a plataforma certa. E tendo trabalhado em 24 eleições bem sucedidas em todo o mundo, cada vez mais assisto a eleitores conquistados através da televisão, dos media e das mensagens – em todo o lado, desde a Colômbia, onde o presidente que mencionei antes não estava pronto a aceitar os barões da droga, à Tailândia e à Grécia. Em todas estas culturas, os métodos que sugeri eram similares, apesar de as culturas serem amplamente diferentes. Karl Rove, que foi aclamado um grande estratego em 2000 e 2004, tem sido recentemente castigado pelo seu fracasso em conseguir mudar estratégias depois das eleições intercalares.
Bastou uma mudança de dois por cento dos eleitores, de um lado para o outro, para fazer uma grande diferença…”
Agora pergunto eu: Em Portugal sabem qual a percentagem de eleitores a que correspondem 150 000 votantes? Para bom entendedor…
Novembro 1, 2008 Não há comentários