Sons
29 de Outubro 1999
POP ROCK
William Orbit
Pieces in a Modern Style (5)
Ed. e distri. Warner Music
A ideia é tudo menos original: transpor para teclados electrónicos partituras de peças de compositores eruditos. E se Walter Carlos, mais tarde Wendy Carlos, foi o primeiro a adaptar a música barroca ao seu sintetizador Moog, na série “Switched on…”, como em “Switched on Bach”, coube ao japonês Isao Tomita criar obras, algumas delas brilhantes, com base em transposições, quase nota a nota, para uma panóplia de sintetizadores, de Tchaikowsky, Stravinsky, Mussorgsky, Holst ou Debussy, entre as quais “The Planets”, “Kosmos” e sobretudo “Firebird”, uma fabulosa arquitectura erguida sobre a suite do mesmo nome composta por Stravinsky. William Orbit repete o processo, com a diferença de que em vez dos velhos Moogs, A.R.P.s e EMS usou tecnologia digital para elaborar uma série de exercícios entre o chill-out e a new age de peças de Samuel Barber, John Cage, Erik Satie, Pietro Mascagni, Maurice Ravel, Beethoven, Handel e Górecki. Em termos formais a utilização dos timbres electrónicos raramente ultrapassa o convencional, nalguns casos o sinfonismo “made in studio” aproxima a música dos tais trabalhos, gravados nos anos 70 e 80, por Tomita, enquanto noutros a música se limita a ser muzak para bibliotecas e academias de arte, algures entre a “Discreet Music” de Brian Eno e as longas litanias de silêncio de David Sylvian. Nada de novo sobre a Terra, ou melhor, na órbita da Terra, ainda que o seu autor declare ter procedido de acordo com o “estilo moderno”. Na verdade, “Pieces in a Modern Style” é um álbum tão agradável quanto reaccionário.