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Den Fule – “Skalv” + Ottopasuuna – “Ottopasuuna”

Pop Rock

7 de Junho de 1995
álbuns world

Génios da floresta

DEN FULE
Skalv (8)

Edi. Xxource

OTTOPASUUNA
Ottopasuuna (8)

Edi. Amigo
Distri. MC-Mundo da Canção

df

otto

Aplacada por agora a fúria dos Hedningarna (embora já circule por aí o seu [novo] disco *1, talvez menos explosivo, mas não inferior a “Kaksi!” e Trä”…), as atenções voltam-se para outras vozes da Escandinávia. [Depois] das*2 insinuantes canções da bela feiticeira Lena Willemark ou do acordeão narcisista de Maria Kalaniemi, chega a vez dos suecos Den Fule mostrarem se valem tanto como o anterior “Lugumleik” fizera crer. “Skalv” revela em primeiro lugar que o grupo optou por se afastar ainda mais de uma linha ortodoxa.
A música diversificou-se, deixando pelo caminho um aparte do vigor do álbum anterior, trocado por uma insistência sistemática na experimentação. E se faixas como “Snäll” e “Det är jag” soam um pouco a um “rock progressivo” mal assimilado, na maior parte de “Skalv”, porém, a relação com os materiais tradicionais resulta em híbridos de grande originalidade, como “Offerklippans säng”, o “africanismo” de “Rammelslatten” ou o que poderia ser o jazz-rock dos Soft machine se fossem escandinavos. Autêntico manual de ideias inovadoras de produção, “Skalv” deixa antever uma próxima etapa que poderá ser brilhante. A capa, toda ela verde-escuridão de floresta, é um achado.
Os finlandeses Ottopasuuna arriscam menos mas são igualmente um grupo a ter em conta. Com as principais acções circunscritas ao quadrado violino (pelo “virtuose” Kari Reiman)/flauta/”melodeon”/bandolim, a música move-se sempre que pode noutras direcções, para onde a leva uma gaita-de-foles (“torupill”), nas impressões medievais de “Kalmukkisottiisi” ou no solo absoluto de “In dulci jubilo”. O “melodeon” de Kimmo Pohjonen aduire por seu lado uma riqueza cromática inusitada, patente em “Viialan vanhaa kansaa”, para em “Limperin polska” ser Petri Hakala a mostrar as suas capacidades no bandolim, o mesmo acontecendo com o flautista Kurt Lindblad, em “Sudenrita”. Tudo termina num lugar imaginário, nos pingos-brincos de uma marimba. Obrigatório para os coleccionadores de sons que, cada vez mais quentes, nos chegam do frio. (8)

*1 Em vez de “novo disco”, no texto lia-se “disco de estreia”
*2 Em vez de “Depois das”, no texto lia-se “Das”