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Shirley and Dolly Collins – “For As Many As Will”

Pop Rock

11 de Maio de 1994
WORLD

Shirley and Dolly Collins
For as many as will

Fledg’ ling, distri. MC – Mundo da Canção


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Shirley Collins não goza do mesmo estatuto que as deusas. A sua voz não tem o dramatismo da da malograda Sandy Denny, a pureza da de Jacqui MsShee, a intensidade da de Maddy Prior sem a solenidade da de June Tabor. E, no entanto, talvez nenhuma das divas tenha a mesma capacidade de nos comover que esta senhora a quem muitos chamam “the first lady of folk”. Uma voz sem grandes predicados técnicos mas que guarda em sim uma sabedoria acumulada de séculos. Uma voz com a textura de pano antigo, musgo, mel e madeira.
“For as many as will”, de 1978, foi a última produção discográfica da cantora com a sua irmã Dolly Collins, autora dos arranjos e possuidora de um estilo de acompanhamento nos teclados (sobretudo no órgão de foles e em particular num “flute organ” especialmente concebido para este disco) com os quais a voz de Collins mantinha uma relação de quase simbiose. No folheto que acompanha esta reedição, como num texto recente na “Folk Roots”, suspira-se por uma nova geração da dupla. Ou estão todos loucos ou então estou eu, já que me lembro de ter lido, há anos, sobre o falecimento de Dolly!…
Sem alcançar o registo por vezes épico de “Love, Death and the Lady” ou do magistral “Anthems in Eden” (cuja longa suite com o mesmo nome foi transferido para o álbum “Amaranth”, de Shirley Collins, acompanhada de temas novos), “For as many as will” apresenta o som habitual da dupla, dos diálogos emotivos entre a voz e as teclas (como a versão tocante de um tema de Richard Thompson, “Never gain”) aos arranjos que revelam um amor profundo pela música antiga, nos “medleys” “Beggar’s opera” (com Dolly Collins surpreendentemente interessante no sintetizador) e “Harvest home” que, entre outras colaborações, contam com o arsenal de sopros medievais de Phil Pickett e o violino de Barry Dransfield. Shirley e Dolly Collins arrancam do abismo dos tempos ecos do paraíso da velha Albion antes da Queda. (8)



Shirley Collins And Dolly Collins – Anthems in Eden

12.01.2001
Shirley Collins And Dolly Collins
Anthems in Eden
BGO, distri. Megamúsica
10/10

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Reedição em formato remasterizado de um dos álbuns mais importantes de sempre da folk britânica. “Anthems in Eden”, de 1969, é um compêndio iluminado escrito pelas irmãs Shirley e Dolly Collins (falecida em 1995 e a quem a presente edição é dedicada) que na longa suite “A Song – Story” – mais tarde incluída no mini álbum de Shirley Collins, “Amaranth” -, fez pela primeira vez a ligação da folk inglesa com a música medieval. Se nos Albion Country Band, “família” largamente representada nas restantes canções deste disco, era a vertente rural que em Ashley Hutchings se emancipava através da linguagem rock, em “Anthems in Eden” sobressai a utilização épica de instrumentos antigos, sob a direcção de dois mestres do género, David Munrow (também já desaparecido) e o cravista Christopher Hogwood (então nos Early Music Consort), sobre os quais a voz de Shirley entoa iniciações à Albion ancestral que os Current 93 e Julian Cope tentam hoje a todo o custo decifrar. Uma obra mítica.