Pop Rock
23 JUNHO 1993
WORLD
EMILIO CAO
Cartas Mariñas
CD Lyricon, distri. Etnia
Segundo parece, nunca mais teremos deste autor um álbum da qualidade de “Fonte do Araño”. Emilio Cao, músico galego habitualmente com um pé em Portugal, é um excelente harpista, um cantor sofrível, e um compositor que tem alternado o melhor e o pior. “Cartas Mariñas”, composto sobre textos do poeta Manuel Antonio, o Rimbaud galego, vítima aos 30 anos da tuberculose, presta um mau serviço tanto às palavras como à música da Galiza. Cao toma-se aqui pelo cantor que não é, em vez de se confinar aos murmúrios e fungadelas que costumam acompanhar as suas prestações mais intimistas.
Os diversos temas, submetidos à temática do mar, estão mais próximos da new age do que da folk, fazendo jus ao assunto pelo enjoo que provocam. Depois sobressai uma mistura infeliz que faz por exemplo soar de forma extremamente agressiva e áspera o som da sanfona, instrumento que Cao não domina, no tema que mesmo assim consegue ser dos melhores do disco: “Domadores do mar”. A beleza da capa e os pormenores de execução na harpa não chegam para evitar a desilusão. (4)