Soul Center – Soul Center

14.07.2000
Soul Center
Soul Center (8/10)
W.v.B. Enterprises, distri. Ananana

soulcenterii

LINK (Rosa – 2000)

Nunca perdoarei a Thomas Brinkman a forma como, no fecho do festival “Reset!” do ano passado, em Lisboa, me “obrigou” a dançar, manipulando-me como um boneco nas mãos de um programador mágico… “Vinguei-me”, recebendo com frieza o anterior objecto denominado “Soul Center”. Mas este novo retorno ao “centro da alma”, uma vez mais empacotado, quase com desdém, como uma apresentação miserável, volta a mexer os cordelinhos, obrogando-me a funcionar como o incondicional de “dance music” que nunca fui. Deixemo-nos de rodriguinhos: “Soul Center” é simples, directo, linear e absolutamente devastador e swingante. Sobre programações techno/electro de uma desarmante (e alarmante…) simplicidade, Brinkman dispõe as vozes sampladas de gente como Rufus Thomas, Eddie Floyd ou George Clinton, com a desfaçatez de um ilusionista que, sem esconder o jogo, consegue todavia o prodígio da ilusão perfeita. O tema de abertura, “Can I ask you”, coloca os Can no centro de uma discoteca e “Are you ready” obriga a aumentar impulsivamente o volume de som, como uma máquina cardíaca que tivesse decidido sincronizar o coração no ritmo de um vudu “funky”. E se a perfeita simulação electro soul/funk de “Boy”, “Respect” e “Who in the funk”, e o fantasma de Herbie Hancock, em acção em “Morningstar”, andam de mãos dadas em “Soul Center”, é contudo em “Psycho set” que o transe se transforma em controlo absoluto. O centro da alma é uma estação de energia, um computador vivo, uma orgia de música de dança. Não, jamais perdoarei a Thomas Brinkman…

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