Caravan – If I Could Do It All Over Again, I´d Do It All Over You (self conj.)

21.05.2001
Reedições
Arcebispos de Cantuária

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Caravan
If I Could Do It All Over Again, I´d Do It All Over Over You
9/10
In The Land of Grey And Pink
9/10
Waterloo Lily
8/10
For Girls Who Grow Plump In The Night
8/10
Caravan & The New Symphonia
6/10
Todos Deram, distri. Universal

Os cães ladram mas a caravana passa. Agora re-remasterizada (as anteriores versões já tinham o som melhorado mas estas fazem finalmente justiça à magnificência do vinil original). Os Caravan passam, de facto, por ser os mestres-escola de Canterbury. Quem pela primeira vez se depara com a música de “If I Could do it…” (1970) torna-se participante de uma história interminável de fascínio e descoberta. Do primeiro rezam as crónicas que o título-tema foi tocado de forma maníaca por John Peel no seu “Top Gear” até as espiras do disco se gastarem. Fabulosos o swing, a suavidade “naif” de um “riff” vocal viciante. As canções, pop até à medula, infiltradas por uma sensualidade quase hedonística, jogam xadrez com o paradoxo e o sonho, fundem-se com deambulações instrumentais de jazz psicadélico, descobrem o prazer da inflexão-surpresa, da respiração, da melodia voadora. “In The Land of Grey and Pink”, considerado pela revista “Mojo” um dos melhores dez discos de música Progressiva de sempre, separa o que em “If I Could…” estava ligado. Canções gloriosas de um lado, a longa “suite” “Nine feet underground”, de outro. Ouve-se de um trago, como um requintado licor auditivo. Canções como “Winter Wine” ou “golf girl” misturam a imprevisibilidade do jazz com a arquitectura melódica da pop e o sopro de uma narrativa aberta. A entrada em cena do piano eléctrico de Steve Miller, em substituição de David Sinclair, empurrou “Waterloo Lily” (1972) para sonoridade menos sensíveis à pureza juvenil dos álbuns anteriores, cultivando o rigor instrumental e uma menor elasticidade dos materiais de composição, tendência que se manteria em “For Girls Who Grow Plump in the Night” (1973), desta feita em estreita dependência da viola de arco de Geoffrey Richardson, enquanto o regressado David Sinclair garante o equilíbrio entre a complexidade e o swing, segundo aquela fórmula secreta das bandas de Canterbury. Apenas curiosa, a experiência com orquestra de “Caravan & The New Symphonia” (1974), corresponde à fase de maior sucesso e entrada nos “charts” britânicos do grupo. Mas “Cunning Stunts”, de 1975 (6/10), perdera em definitivo o sortilégio, sobrando canções que ainda assim retinham migalhas do antigo esplendor.

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