Paul McCartney – “McCartney” + Paul & Linda McCartney – “Ram” + Wings – “Wings Wild Life” + Wings – “Red Rose Speedway” + Wings – “Venus And Mars” + Wings – “Wings At The Speed of Sound” + Wings – “London Town”

pop rock >> quarta-feira, 07.07.1993
REEDIÇÕES


PAUL McCARTNEY
McCartney (6)
PAUL & LINDA McCARTNEY
Ram (8)
WINGS
Wings Wild Life (7)
Red Rose Speedway (6)
Venus And Mars (7)
Wings At The Speed Of Sound (4)
London Town (6)
CD Parlophone, distri. EMI – Valentim de Carvalho

COM ASAS PARA CANTAR



Assim, sim! Discos separados, capas originais, temas extra, sim senhor, mas separados dos originais por um intervalo longo de silêncio, como meros apêndices que são. A presente reedição contempla os oito primeiros álbuns de McCartney a solo e com os Wings, gravados entre 1970 e 1978. Pretexto excelente para a reaudição de canções, algumas que foram êxito, e a descoberta de outras, por vezes bem mais valiosas, que terão passado despercebidas. É conhecido o génio melódico de Paul McCartney. Os oito álbuns em questão provam-no e de que maneira. À distância, porém, descobrem-se-lhe fraquezas e alguns defeitos, o que significa que nem sempre esta sua capacidade resultou em cheio. O ex-Beatle afinal é humano e por vezes espalhou-se ao comprido. Facto que, paradoxalmente, tem na maior parte dos casos que ver com a sua tendência para experimentar ao nível dos arranjos e com a procura de diferentes formatos para as suas canções e menos com falhas de inspiração. De disco para disco, Paul Mc Cartney ousou a mudança, sugerindo pistas que outros grupos, alguns importantes, depois aproveitaram e desenvolveram (Supertramp, Queen, XTC, por exemplo). “Macca”, como ficou conhecido, experimentou géneros e estilos, sons e ideias. Ficando a unidade formal de cada disco bem firmada no esteio melódico que nos Beatles, e em parceria com John Lennon, foi responsável pela criação da lenda. “McCartney” deu início À viagem a solo. Um disco feliz, de amor pela sua mulher Linda. “Lovely Linda”, arroubo juvenil de veneração à musa e mulher amada, dá o mote do modo como Linda teve e continua a ter importância na carreira e na música de Paul. Os cinco instrumentais incluídos no álbum mostram o seu desejo de se distanciar dos Beatles, mas são traídos pelos arranjos, que não escondem as limitações de Paul McCartney como executante, que neste caso tomou a seu cargo todos os instrumentos. Entre a aproximação aos “blues” de “Oh you”, um punhado de temas que afinal acabam por soar bastante aos “fabulous four” e o experimentalismo ofegante de “Kreen-Akrore”, destaca-se uma gema, “Teddy boy”, na qual se torna visível o tipo de arranjo que melhor serve o seu talento de melodista – nas canções acústicas, mais intimistas, feitas de pequenas sinuosidades vocais e alterações subtis.
“Ram” é o melhor de todos. Nele, Paul McCartney libertou-se das preocupações em ser diferente e da responsabilidade de fazer tudo sozinho, assinando o disco mais próximo dos Beatles de toda a sua discografia. Sem temas fracos e na companhia de Linda e de mais três músicos, Denny Seiwell, David Spinoza e High McCracken, “Ram” reúne uma colecção de canções da melhor cepa: “Too many people”, “3 legs”, “Ramo n”, “Dear boy”, a lição de como ultrapassar o refrão que é “Uncle Albert / Admiral halsey”, o belíssimo “Heart of the country”. Um disco ainda e sempre de amor feliz, sob a influência de Linda, em contraste com a obra de John Lennon, marcada pela paixão torturada (e desequilibrada) por Yoko Ono. “Cherchez la femme”!…
O melhor e o pior alternam em “Wild Life”, álbum marcado pela estadia de Paul e Linda no campo, em Inglaterra, primeiro com a assinatura do colectivo Wongs (aqui o parzinho, com Denny Sewell e Denny Laine). Negativas são as inflexões “reggae”, género que sempre atraiu Paul McCartney, mas que este nunca soube incorporar da melhor maneira, em “Love is strange”, ou a faceta rock ‘n’ rol sem grandes rasgos de “Mumbo”. A recompensa faz esquecer o resto, numa sequência sem mácula: “Wild life”, talvez uma das canções com mais força de toda a carreira do músico, servida por uma melodia ao seu melhor nível, das que nunca mais noslargam a cabeça, “Some people never know”, “I am your singer”, “Tomorrow” e o melodramático, mas sem hipótese de resistência ao apelo melódico, “Dear friend”. Os extras incluem o politizado “Give Ireland back to the Irish” e o pueril “Mary had a little lamb”.
“Red Rose Speedway”, com a chancela na produção, entre outros, de Alan Parsons, assinala o regresso de Hugh McCracken aos Wings e dá espaço alargado às guitarras. Canções a reter: “Single pigeon”, das tais que fazem cócegas no cérebro, e, pela curiosidade, “Loup (1st indiano n the moon)”, ao melhor estilo dos Pink Floyd, de “Meddle”. O “medley” final deve ter servido de compêndio aos XTC. Ah, sim, é aqui que aparece “My love”, um dos temas de veia sentimentalona que durante os anos 70, nos convívios liceais e outras bailações, mais ajudou a constituir famílias.
Fraco, sem chama nem grandes canções é “Bando n the Run”. Saliência, mesmo assim, para “Bluebird”, o típico arranjo anos 60 de “Picasso’s last words (drink’s me)” e “Nineteen hundred and eighty five”, com David Bowie a espreitar no horizonte. Horrendas são “Mrs. Vandebilt”, digna de figurar no Top da Praça de Espanha ao lado de “Bamboleo”, e a imersão “gospel” com alma gémea de “Woman”, de John Lennon, “Let me rol it”. Disparando em múltiplas direcções e com a ajuda de convidados como Allen Toussaint, Tom Scott e Dave Mason, “Venus and Mars” acumula refer~encias e permite alguns encontros, reais ou imaginários – com os Genesis, em “Venus and Mars”, o “hard rock” e os Beatles do início, em “Rock show”, as danças de salão, em “You gave me the answer”, os Queen, em “Magneto and titanium man”, de novo os Pink Floyd (“Money”) em “Letting go”, o rhythm ‘n’ blues, em “Spiritual ancient Egypt” e “Medicine jar”, a mistura de música “soul” e Otis Redding com Ziggy Stardust, em “Call me back again”, os Supertramp, em “Listen to what the man said”, o “reggae” e os brinquedos de Pascal Comelade (!), no bónus “Lunch box/odd box”. Execráveis, os temas finais. Deslumbrante e de antologia, “Love in song”. Dos tais… “Wings at the Speed of Sound” perde-se na ausência de ideias e na falta de convicção. Paul experimenta por experimentar, numa acumulação de efeitos de estúdio sem qualquer significado. Um tema que ficou no ouvido, “Let ‘em in”, e uma mão cheia de vazio é tudo o que o disco tem para oferecer. Nenhuma boa canção à altura dos pergaminhos do autor. Multa por excesso de velocidade.
“London Town” emenda a mão e regressa com alguns bons momentos: “London Town”, “I’ve had enough”, “Famous groupies” (em registo de “jugband”), outra das preferências de Paul), “Don’t let it bring you down”. Infelizmente, a balança pende para o lado errado em coisas como “Cuff link”, um instrumental para encher, ou “Café on the left bank”, confortável à mesa do Rock FM para americano ouvir. Nos extras, está a gritaria que vendeu milhões “Mull of Kintyre”. Feito o balanço, sobram motivos para revisitações e consultas repetidas e atentas. Até porque nesta matéria Paul McCartney continua a dar lições.

Laurie Anderson + Sérgio Godinho + Bob Dylan – “Estados Unidos Da Ficção”

pop rock >> quarta-feira, 07.07.1993


ESTADOS UNIDOS DA FICÇÃO

“A linguagem é um vírus do espaço.” A frase, da autoris de William Burroughs, é repetida por Laurie Anderson no álbum “Home of the Brave”. Faz sentido. Dizer, dizer tudo. Em sons, imagens e ficções, nos antípodas da linguagem convencional. Disse um dia que “o português é uma língua linda”. Vem a Portugal cantar ao lado de Dylan, sua antítese dialéctica.



Comunicação/incomunicação. Entre humanos e humanos, entre humanos e máquinas, entre máquina e máquinas. “Big Science”. Alquimia do verbo aprisionado na Babel dos infinitos sentidos. A linguagem, no centro da acção. Operação cirúrgica tendo por objectivo a criação do novo homem, enorme de signos, de apêndices tecnológicos, de memória computorizada. O homem arranha-céus, multiforme, sintético, virtual. O “empire state human” que os Human League anunciavam no álbum “Reproduction”. “O superman”, primeiro single de Laurie Anderson, extraído de “Big Science”, oito minutos de hipnose sintética, subiu ao segundo lugar do top de singles no Reino Unido.
A tarefa que Laurie Anderson se propõe levar a cabo parece à partida desmesurada, demasiado grande para poder conter em si uma mensagem minimamente compreensível pelo receptor. Robin Denselov escreveu uma vez na “Observer” que na sua obra “há inúmeros temas mas nenhuns argumentos”. Percebe-se a confusão do articulista e igualmente que não compreendeu a instauração de uma nova ordem semântica que a artista americana empreendeu, nem o significado da frase que encabeça este texto: “A linguagem é um vírus.”
Recuemos ao passado, ao fotograma inicial do filme. Laurie Anderson começou por estudar violino, passando rapidamente para as experiências interdisciplinares que viriam a caracterizar o seu trabalho futuro. Há uma prévia intoxicação de cultura. Laurie escreveu sobre arte nas conceituadas “Art in America” e “Art Form”. Deu aulas no City College de “arquitectura egípcia” e “escultura assíria”. Conta ela que, enquanto passava os “slides” para os alunos, se esquecia dos ensinamentos teóricos, ficando presa no fascínio das imagens e inventando explicações fictícias. A linguagem já então era um vírus. Foi despedida, claro.
Antes ocorrera outro tipo de intoxicação – pelas imagens-paisagens do “mid-west” americano onde viveu e cresceu, entre seus espaços amplos que permitiam o livre voo da imaginação. Laurie imaginava situações e possibilidades de novos ajustamentos da realidade. O sonho. Numa instalação montada em Queens, Nova Iorque, Laurie Anderson ilustrava a tese de que o lugar onde se dorme determina o conteúdo dos sonhos com uma série de cartazes onde era retratada a dormir em diversos locais (um museu, uma praia,,,), juntamente com a descrição do sonho respectivo.
As acções que empreendeu ao longo dos anos 60 e 70 no campo “multimédia” (como uma mesa que tocava música ao toque de um cotovelo, uma das suas primeiras instalações) permitiram-lhe o contacto e a experimentação com diversos materiais de composição: “slides”, escultura, vídeo, cinema, computador, dança, arte gestual, etc. “The Life and Times of Joseph Stalin” representou, em 1978, o resultado global desta abordagem “totalitária” da arte, através de uma experiência audiovisual com 12 horas de duração apresentada na Academia de Música de Brooklyn.
Se “Big Science”, lançado em 1982, é a primeira obra a obter o reconhecimento internacional, em parte devido ao êxito alcançado pelo single “O superman”, revelando uma artista madura (Laurie Anderson contava já nessa altura 32 anos), é na obra descomunal “United States” que se entrecruzam e entrechocam as referências mais importantes do seu trabalho. De excesso em excesso, em cinco álbuns (mais tarde reeditados em quatro compactos), divididos em 76 secções e subordinados aos tópicos “transportes”, “política”, “dinheiro” e “amor”, “United States” é o retrato pluridimensional, “sociológico”, nas palavras da autora, complementar ao posterior “Empty Spaces”, este “psicológico”, onde efectivamente nos podemos perder, defendendo-nos com o tal argumento dos “inúmeros temas e nenhuns argumentos”. Procure-se aqui a ordem nova atrás citada, as pistas, simultaneamente verdadeiras e falsas para uma nova compreensão e realinhamento do mundo (vide os Estados Unidos da América). Proeza só ao alcance do super-homem – orednar e sintetizar num discurso coerente tamanha multiplicidade de estímulos e sinais. Informação. Disponível para mil (re)criações do real.
Deus (encarado como mero conceito, logo, a uma palavra) é reduzido a uma imagem entre outras imagens. O verbo divino, dentro desta nova racionalidade, ao mesmo tempo e paradoxalmente aleatória e ordenada (“o computador [o super-homem é o homem-máquina] permite esta enorme rapidez, possibilitando a criação de um ‘patchwork’ visual dos mais variados. Tudo com rapidez e precisão”, disse a artista em entrevista concedida a Katia Canton publicada há três anos no jornal “Expresso”), constitui obviamente apenas uma outra forma de vírus linguístico. O “Fiat lux” criativo transfere-se em exclusivo para o domínio do humano. Deus será afinal o super-homem, como dizia Nietzsche. Único capaz de abarcar e percepcionar a globalidade do sistema. Sem asas, mas da altura do “empire state human”, com a perspectiva aérea, aquela que permite visionar e controlar os movimentos inferiores. Neste aspecto, Laurie Anderson descreve o mesmo quadro que David Byrne (o mapa dos “States” fotografado por satélite na capa de “More Songs about Buildings and Food”) percorre em velocidade e com mais humor.
Implantado o figurino, Laurie Anderson passou a habitar cada novo disco como um jogo de realidade virtual – manipulando imagens, sons, palavras, conceitos, o próprio corpo (a voz, através do “Vocoder”, a amplificação da percussão nas pernas e nos braços ou dos batimentos cardíacos) a seu belo prazer. Em “Mr. Heartbreak”, “Home of the Brave” (com produção de Nile Rogers e a voz de William Burroughs) e “Strange Angels”, este o álbum de inflexão pop onde Laurie canta onde antes apenas declamava. Imagem-paradigma deste novo universo simulado por um “deus ex-maschina”, em que a “realidade” e a “ilusão” se confundem, é aquela dada a “ver” num dos seus espectáculos, na canção “White lillies”, de “Home of the Brave”: o computador cria no espaço um lírio branco, electrónico, que fica suspenso no ar. Laurie Anderson debruça-se e apanha-o com a mão.
LAURIE ANDERSON
(COM BOB DYLAN E SÉRGIO GODINHO)
DIA 13, ESTÁDIO DO RESTELO

Maria Teresa de Noronha – “Morreu Maria Teresa De Noronha – A Fadista Aristocrata”

cultura >> terça-feira, 06.07.1993


Morreu Maria Teresa De Noronha
A Fadista Aristocrata


Maria Teresa de Noronha morreu. E com ela uma das vozes nobres do fado. Tinha 75 anos e faleceu ontem vítima de doença prolongada. Deixou um exemplo de integridade e um estilo que não tem sucessores.



Sabe-se pouco da sua vida e muito da sua música. A artista não fava entrevistas, gravava discos quando e como queria. Não teve carreira porque o fado não tem tempo nem segue princípios senão os ditados pela alma e o destino. A sua vida de fadista está toda nos fados que cantou. O que desde há 20 anos deixara de fazer. Maria Teresa de Noronha morreu e, “tal como Amália, não deixa descendentes, mas apenas uma herança artística incalculável”, nas palavras de João Braga. O seu corpo ficará exposto em cãmara ardente na casa da artista, em S. Pedro de Sintra, estando o funeral marcado para as 11h30 de hoje, no cemitério de Sintra, com missa de corpo presente rezada naquela residência.
Maria Teresa de Noronha nasceu em Lisboa, a 7 de Setembro de 1918. Começou a cantar muito nova. Árias clássicas antes do fado, com o seu irmão D. Vasco de Noronha, fazendo ambos parte do coro do maestro Ivo Cruz. Tinha uma voz diferente. Tão diferente que escandalizou os meios fadistas quando ousou cantar o fado de Coimbra, tradicionalmente reservado às vozes masculinas. Recentemente, foi objecto de homenagem em Lisboa e no Porto, por ocasião das Grandes Noites do Fado realizadas nestas cidades.
“O Fado dos Cinco Estilos” foi um dos primeiros que gravou, na antiga Emissora Nacional, incluído no primeiro disco da sua carreira, editado em 1939. Sete anos mais tarde, em 1946, viajou em digressão até Espanha e Brasil, por ocasião do voo inaugural Lisboa – Rio de Janeiro. A sua voz acabou por pousar ao lado da guitarra, uma das melhores desses anos em qo “amador” queria de facto dizer “aquele que ama”, do conde de Sabrosa, com quem casou em 1949.
Deu a opuvir o fado à família Rainier, no Principado de Mónaco, e à família real britânica, em Londres. Corriam os anos 60 e com eles o pop e o rock ditavam as leis da música. Precisamente a meio da década e do reinado dos Beatles, Maria Teresa de Noronha cantou e gravou uma hora de fado para a BBC.
Com a morte de Maria Teresa de Noronha, “perdeu-se um dos pilares do fado e uma das vozes mais importantes deste século”, nas palavras de Carlos do Carmo, que recordou os seus “tempos de rapaz”, quando assistiu a sessões nas quais participavam, além da sua mãe, Lucília do Carmo, Alfredo Marceneiro e Maria Teresa de Noronha, num “despique de vozes sem público”. Ainda segundo o autor de “Um Homem na Cidade”, Maria Teresa de Noronha “tinha uma maneira particular de cantar e simbolizava a grande expressão do fado da aristocracia portuguesa”.
Vicente da Câmara, fadista e sobrinho da artista, recorda-a “quer pela voz naturalmente extraordinária, quer pela sua dignidade na vida artística”, enquanto Nuno da Câmara Pereira, também fadista, afirma que “morre com Teresa de Noronha uma das dignas formas de estar no fado, que ela soube gravar a letras de ouro”. Para João Braga, o desaparecimento da artista “é um grande desgosto porque ela era uma das melhores fadistas de outros tempos, em conjunto com a Amália e ao Alfredo Marceneiro”. “Nunca se chegou a decidir qual deles era o melhor. Ao contrário de Marceneiro e de Hermínia, que eram fadistas de bairro, ela e a Amália eram cantoras do país”, acrescentou. E evoca a ocasião em que Maria Teresa de Noronha cantou para a realeza inglesa: “Fez-se silêncio e alguns lordes não conseguiram evitar uma lágrima de emoção”.
Entre os fados mais conhecidos de Maria Teresa de Noronha estão “Canção de amor/saudade”, “Rosa enjeitada”, “Fado das horas”, “Mouraria”, “Alexandrino” e “Tipóia”, que podem ser ouvidos nos dois volumes de “O melhor de”, com edição em vinilo, cassete e compacto da EMI – Valentim de Carvalho.