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Mary Wells – “A Voz Por Um Cigarro” (obituário)

Cultura >> Terça-Feira, 28.07.1992


A Voz Por Um Cigarro



Morreu Mary Wells. Aos 49 anos, com um cancro na laringe (fumava uma média de dois maços por dia), num hospital de Los Angeles. Não se ouvia falar muito de Mary Wells, enquanto era viva. Mas também quem é que ouve falar de tantos outros artistas, muitos deles importantes, que compõem, cantam e tocam por este mundo fora? Sobretudo se forem negros, embora o racismo não exista?
De Mary Wells falou-se sobretudo nos anos 60, quando a cantora negra, natural de Detroit, no Michigan, levou ao top a canção “Bye bye baby”. Fez parte do lote de artistas de ouro da Tamla Motown, editora com a qual assinou contrato, logo aos 16 anos de idade. “Bye bye baby” foi o primeiro êxito. Mas houve outros: “The one who really loves you”, “You beat me to the punch”, “Two lovers”, que vendeu cerca de um milhão de cópias, e “My Guy”, qualquer deles escrito em colaboração com Smokey Robinson.
Mary Wells foi a primeira artista da Tamla Motown a andar em digressão por Inglaterra e f~e-lo logo na companhia dos Beatles. Actuou ao lado de Marvin Gaye, com quem gravou os “hits” “What’s the matter with you, baby” e “Once upon a time”. A Tamla Motown deve-lhe parte do prestígio que ao longo dos anos angariou, como sede principal do que melhor se fez, durante os anos 60 e 70, no campo da “soul music”.
O corte de relações e consequente abandono da Motown coincidiu com o princípio do fim da cantora. A partir daí apareceu esporadicamente nos tops norte-americanos de “rhythm ‘n’ blues” mas a decadência era irreversível. O casamento com Cecil Womack e a mudança de Detroit para Los Angeles piorou a situação, ao ponto de levar a artista à beira da ruína. Já depois do divórcio com Womack, e de lhe ser diagnosticada a doença que viria a vitimá-la, Mary Wells viu-se forçada a vender a casa para pagar os tratamentos e internamento hospitalar. Diana Ross, Bruce Springsteen, Rod Stewart e os Temptations, juntamente com a “The Rhythm ‘n’ Blues Foundation”, contam-se entre os nomes que a ajudaram a pagar algumas contas.

Benny Carter – “Morreu Benny Carter, O Rei Do ‘Swing'” (jazz / obituário)

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terça-feira, 15 Julho 2003


Morreu Benny Carter, o rei do “swing”

AOS 95 ANOS

Benny Carter, saxofonista e compositor e um dos reis do “swing”, morreu. Deixou uma obra vasta e a reputação de subtil inovador

Carter foi um dos primeiros músicos negros a participar nas grandes produções de Hollywood


Benny Carter, saxofonista alto, trompetista, clarinetista, vocalista, arranjador e chefe de orquestra americano, um dos sobreviventes da era do “swing”, morreu no domingo, no hospital Cedars Sinai, em Los Angeles, onde se encontrava internado há cerca de duas semanas, devido a problemas respiratórios e fadiga. Tinha 95 anos e deixou impressas no capítulo correspondente ao jazz clássico, ou “middle jazz”, da “Enciclopédia da Grande Música Negra”, algumas das suas páginas douradas.
Verdadeiro “gentleman”, no estilo elegante que caracterizava o seu modo de tocar, Carter contribuiu com os seus arranjos, as suas composições e os seus ensinamentos, para a formação de músicos de gerações posteriores, como Quincy Jones, seu amigo de sempre, ao mesmo tempo que enriqueceu as “big bands” por onde passou, como as de Fletcher Henderson, Chick Webb (a quem apresentou a cantora Ella Fitzgerald, permitindo à diva do jazz iniciar uma carreira que se viria a revelar brilhante) e Duke Ellington.
A partir de 1950, Carter orientou o seu trabalho para o cinema e a televisão, sendo um dos primeiros músicos negros a participar nas grandes produções de Hollywood.
Formou a sua própria orquestra em 1928, em Nova Iorque, tornando-se mais tarde diretor musical dos McKinney’s Cotton Pickers e dos Chocolate Dandies. Escreveu arranjos para Charlie Johnson, Duke Ellington, Teddy Hill, Count Basie e Benny Goodman. Em 1935 emigrou para a Europa, onde gravou com Django Reinhardt e Coleman Hawkins, entre outros, regressando aos EUA três anos mais tarde, para tocar com Dizzy Gillespie, Max Roach, Dexter Gordon, J.J. Johnson, Don Byas e Roy Eldridge, instalando-se finalmente na Costa Oeste, Los Angeles, na Casa Manana de Hollywood, para dar início à fase “cinematográfica” da sua carreira, colocando o seu nome nas fichas técnicas de filmes como “Um Americano em Paris”, de Vincente Minnelli (1951), “Clash by Night”, de Fritz Lang (1952), “The Snow of Kilimanjaro”, de Henry King (1952) e “Too Late Blues”, de John Cassavettes (1961). O sexteto que formou em 1941, data do nascimento “oficial” do be-bop, integrava um dos seus pioneiros, o trompetista Dizzy Gillespie.
Entre as principais obras discográficas como líder do autor de “Blues in my heart” e “When lights are low” contam-se os álbuns “I’m in the Mood for Swing” (1938), “Cocktail for Two” (1940), “Alone Together” (1952), “Jazz Giant” (com Ben Webster, 1958), “Additions to Further Definitions” (com Bud Shank, Phil Woods, Buddy Colette, Coleman Hawkins, Barney Kessel, Ray Brown, Jimmy Garrison…, 1966), “The King” (com Milt Jackson, Joe Pass e Tommy Flannagan, 1976) e “Wonderland” (com Eddie “Lockjaw” Davis e Ray Bryant, 1976).
A sua reputação entre os músicos de jazz era enorme, clara pelos comentários feitos ao longo da sua vida. “É difícil expressar a importância tremenda do contributo de Benny Carter para a música popular, de tal forma ele era um músico fabuloso”, disse Duke Ellington. “Há Duke Ellington, Count Basie, Earl Hines, certo? Pois bem, coloquem Benny ao lado destes. Qualquer pessoa que o conheça chama-lhe ‘rei’. Ele é um rei”, disse Louis Armstrong. “Toda a gente devia ouvir Benny, ele é um curso de educação musical inteiro”, disse Miles Davis. “É tudo o que um músico deveria ser”, disse Ella Fitzgerald.
O antigo Presidente dos EUA Bill Clinton declarou por sua vez em 1996: “Dos clubes pequenos do Harlem, onde começou a tocar saxofone, às grandes digressões mundiais com as maiores ‘big bands’, Benny Carter redefiniu o jazz americano. Desde o início os seus colegas músicos afirmaram que a sua maneira de tocar era extraordinária (‘amazing’). Disseram o mesmo de mim, embora certamente não estivessem a pensar na mesma coisa.”
E Quincy Jones, lapidar: “Passámos pela porta às suas cavalitas. Se Benny não estivesse lá, nós não estaríamos aqui.”

Nina Simone – “Nina Simone (1933-2003)” / “A indomável” / “Nina Simone, rainha da música negra” (artigo de opinião / obituário)

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quarta-feira, 23 Abril 2003


Nina Simone (1933-2003)

A indomável




Nina Simone, rainha da música negra

Sacerdotisa da “soul” e do “gospel”, cantora de jazz, intérprete de Brel, Nina Simone foi acima de tudo uma voz do tamanho do mundo que lutou contra os preconceitos. Musicais e raciais. Encontrou-se a si própria a sós com um piano. Morreu na segunda-feira

Amada e odiada. Quase sempre incompreendida. Nina Simone esteve sempre à margem de onde queriam que estivesse. E quando a encontravam, mudava de lugar. O jazz olhou-a de soslaio. A pop condescendeu em aceitá-la. Não foi nem uma cantora de jazz nem uma cantora pop. Foi uma cantora. Morreu na segunda-feira, aos 70 anos, em casa, em Carry-le-Rouet, nos arredores de Marselha, e o corpo vai ser cremado na sexta-feira, no cemitério de Saint-Pierre, na mesma cidade.
“Se tiver que ser chamada alguma coisa” – escreveu na autobiografia “I Put a Spell on You”, de 1991 – “que seja cantora folk, porque houve mais folk e blues do que jazz na minha música”.
“I put a spell on you”, também a emblemática canção de Screamin’ Jay Hawkins, e que integrou no seu reportório, define na perfeição a sua atitude perante a música e os que a ouviam. Folk era gospel na sua indomável voz de contralto de vagabunda entre o céu e o inferno. E gospel é “God” e “spell”, Deus e feitiço.
Nina Simone lançou um feitiço, uma maldição. Impacientava-se e exigia dos outros o que muitas vezes não exigia de si. Uma entrevista mal conduzida, um ruído entre a assistência, eram suficientes para a exasperar. Como consequência, e de acordo com o efeito de retorno que é uma das principais leis da magia, foi paga na mesma moeda: a sua música leva, por sua vez, alguns ouvintes ao desespero.
Houve, sem dúvida, cedências e falhas na gestão da sua carreira. De gosto e de coerência. Que se perdoam. Nina Simone era uma força da Natureza, um grito gutural num momento, uma oração rezada em segredo, no outro. É difícil descobrir o centro do ciclone, o ponto onde o orgulho e a revolta, a visão e o caos, o grito e o silêncio nela se reconciliaram em obra de arte. Mas ele existe e assombranos e essa obra tem nome: “Nina Simone and the Piano!”, álbum de 1969, reeditado pela primeira vez em CD, em versão remasterizada, pela RCA, no ano passado, e considerado pela crítica de jazz nacional como uma das reedições do ano.
“Nina Simone and the Piano!” apresenta a cantora e compositora no formato mais despojado e intenso que é possível desejar. Voz e piano, energia e disciplina, por uma vez unem-se com a finalidade de nos fazer estremecer. É um álbum de gospel e de blues, de périplos solitários, de ascese e queda. Para alguns soará como o seu álbum mais incompreensível, porque absolutamente criado no interior de uma espécie de universo paralelo onde as emoções e o instinto se casam segundo uma lógica indecifrável pela razão. Mas esse é precisamente o caminho que não se deve seguir para dar com a música de Nina Simone. Pelo contrário, se nos abandonarmos ao vento (“Wild is the Wind” é o título de um dos seus álbuns), à água e ao fogo, à tempestade e à bonança, aí sim, encontraremos o sentido mágico em que todas as partes se juntam para revelar a imagem do Todo. Uma das canções do álbum, “Everyone’s gone to the moon”, é “crooning” astral, rito de passagem de alguém eternamente em trânsito, de uma sociedade injusta e desumanizada – que Nina sempre condenou – para um mundo ideal onde se diz que vivem os poetas.
Nina, a nómada, que viajou na música como pela vida, deixando os EUA em 1973, falida e divorciada, para habitar na Libéria, Barbados, Suíça, Holanda, Inglaterra e França, onde se estabeleceu há oito anos, vindo aí a morrer. Nina, a “jazz singer” que o jazz esteve perto de condenar ao degredo. A ela que, numa entrevista, confessara: “Foi sempre meu propósito permanecer afastada de quaisquer categorias – é a minha liberdade. Porém, liberdade é, para mim, a própria definição do jazz, por isso não posso afirmar que não sou uma cantora de jazz.”
Noutra canção de “Nina Simone and Piano!”, “Who am I?”, de Leonard Bernstein, é mostrada outra faceta, a do seu próprio espanto frente ao espelho, mas também a transcendência. “Acreditas na encarnação? Já aqui estiveste? Tiveste essa experiência? Então deverás questionar todas as verdades conhecidas…” Foi o que ela fez.

Jovem, prendada e negra
Eunice Kathleen Waymon (o seu verdadeiro nome) nasceu em Tryon, Carolina do Norte, há 70 anos. Filha de músicos, estudou órgão e piano na prestigiada Juilliard School, de Nova Iorque, encetando a sua carreira como pianista em 1954, num bar-churrascaria de Atlantic City, ao mesmo tempo que assumia o nome artístico por que ficou conhecida, Nina Simone, para não ser descoberta pela mãe.
Entre dois churrascos e uma escala de piano, pediram-lhe, ou forçaram-na, a cantar. Nina cantou como se fosse Billie Holiday. Ou, por outras palavras, como se cantar fosse uma forma de sobrevivência. Já nessa altura havia quem, entretido a deglutir um bife, não se deixasse tocar. Nina vingava-se, carregando, ao piano, nas notas do classicismo, compondo a figura paradoxal de um piano de fraque a dançar com uma voz de guerreira-amazona.
Em 1957 assinou o seu primeiro contrato discográfico, com o selo Bethlehem, conseguindo o primeiro “hit” com “I loves you, Porgy”, um tema de Gershwin extraído do musical ”Porgy and Bess”, dispersando a partir daí a sua extensa discografia (demasiado extensa e pouco criteriosa, bradam os porta-vozes do cepticismo) pela Colpix, Charly, Roulette, Philips, Verve, Mercury, Canyon, Carrere, Accord e RCA, entre outras editoras. “Nina Simone and her Friends” (1957), “The Amazing Nina Simone” (1959), “Pastel Blues” (1965), “I Put a Spell on you” (1965), “Nina Simone Sings the Blues” 1966), “Wild is the Wind” (1966), “Silk and Soul” (1967), “High Priestess of Soul” (1966), “Emergency Ward!” (1973), “Baltimore” (1978), “Live at Ronnie Scott’s” (1984) e “A Single Woman” (1993, o disco que marcou a sua reentrada no mercado norte-americano) são exemplos de uma coleção infindável de registos nos quais se inclui uma percentagem elevada de gravações ao vivo. Nina Simone actuou em Portugal, no Casino do Estoril, em Setembro de 1987.

Cantora de protesto
Tudo cabia nesta voz que levou talvez longe de mais o seu poder mas que deixou marcas em Aretha Franklin, Roberta Flack, Laura Nyro, Dee Dee Bridgewater, Rickie Lee Jones, Norah Jones e, surpreendentemente, Beth Gibbons, vocalista dos Portishead. De onde se depreende que a ”soul” girava com mais intensidade. Chamaram-lhe, aliás, “the high priestess of soul” (como o álbum), a suma sacerdotisa
da “soul”.
Gospel, blues, jazz, pop, cabaré foram atravessados pela sua voz sem fronteiras. E a canção de protesto, fruto de uma aguda consciência social e política, que veiculou em canções como “Mississipi goddamn”, composta em resposta ao assassínio de Medgar Evers, um advogado defensor dos direitos civis da população negra, o manifesto feminista “Four women”, “Why the king of love is dead”, inspirada no assassínio de Martin Luther King Jr. e “To be young, gifted and black”, de Simone e Weldon Irvine Jr., posteriormente interpretada por Aretha Franklin e eregida hino do “black pride” norte-americano. Posição que terá levado algumas vozes críticas, como as do jornalista nova-iorquino Whitney Balliett, a afirmar que Nina se tornara “mais interessada na mensagem das suas canções do que na maneira de as cantar”. Hollie West, do “Washington Post”, preferiu chamar-lhe a representante da “indomabilidade humana”. Há cerca de cinco anos, interrogada sobre o estado do racismo nos EUA, Nina Simone declarou simplesmente: “Pior do que nunca!”
Nina Simone cantou George e Ira Gershwin, Richard Rodgers, Billie Holiday, Duke Ellington, Weill/Brecht (“Pirate Jenny”, enquanto reflexão amarga da experiência das populações negras africanas e americanas), Jacques Brel (há quem prefira a sua versão de “Ne me quitte pas” ao original), Bob Dylan, Leonard Cohen (“Suzanne”), Bee Gees (“To love somebody”), George Harrison (“My sweet Lord”) e um tema do musical ”Hair”, “Aint’t got no – I got life”.
Cantou como se o mundo fosse acabar num minuto e se recompusesse no seguinte. De certa forma foi isso que aconteceu quando uma das suas canções mais antigas, “My baby just cares for me”, foi usada em 1987 num anúncio de televisão do perfume Chanel e se tornou um êxito.
Em “Nina Simone and the Piano!” alberga-se ainda uma canção, “The desperate ones”, cujos versos poderiam servir de epitáfio: “The desperate ones, they walk without a sound, the desperate ones”. Os desesperados caminham sem um ruído, os desesperados. Nina Simone disfarçou tal facto, cantando com quanta força tinha.

DISCOS PARA RECORDAR NINA SIMONE
“My baby just cares for me”
“Don’t explain”

Escolho duas canções, duas interpretações fabulosas, “My baby just cares for me” e “Don’t explain”. Ao ouvi-las, penso no legado de Billie Holliday, de Sarah Vaughan, sinto uma grande afinidade com o meu universo. Sendo Nina Simone uma cantora tão versátil, nesses dois temas consegue estar muito próxima do jazz.
Bernardo Moreira, contrabaixista

“Nina’s Choice”
É uma cantora que opta por cantar a partir do coração, da alma, de dentro. Isso dá-lhe um carisma e verdade que passa através de tudo o que ela canta. E cantar é isso. É-me difícil eleger um disco. Opto por escolher um pelo título, um álbum que se chama “Nina’s Choice”, porque se a escolha é dela certamente é soberba.
Anamar, cantora e atriz

“Nina Simone and Piano!”
Qualquer tema cantado em inglês, desde que tenha o tempo lento em que ela era genial. Qualquer disco em que ela também toque piano. Todos vão escolher a interpretação de “Ne
me quitte pas”, de Jacques Brel, uma obra genial cantada com o sotaque americano/francês. Como os grandes autores que são intérpretes, nunca ninguém cantou ou cantará como ela esta canção de Brel.
José Duarte, crítico de jazz

“In Concert/I Put a Spell on You”
“The Very Best of Nina Simone/Sugar in My Bowl”

Não escolho tanto discos, mas antes canções. “Feeling good” foi a primeira música que descobri da Nina Simone. Ouvi primeiro a versão dos Mighty Bop e depois cheguei à da Nina Simone, é do CD “In Concert/I Put a Spell on You”. Fiquei completamente apaixonada. Já fiz três desfiles com músicas dela, as outras duas são “Mr. Bojangles” e “My father/dialog”, do disco “The Very Best of Nina Simone/Sugar in My Bowl”.
Maria Gambina, criadora de moda

“I loves you Porgy”
A canção que melhor recordo é “I loves you Porgy”. Das muitas versões que existem do “Porgy & Bess”, a maior de todas é a dela. É de uma negritude, uma declaração de raça absolutamente tocante, maravilhosa. Como cantora foi uma referência, tinha uma voz magnificamente grave, muito emotiva. Mas as duas experiências que tive com ela em festivais foram horrorosas – era uma pessoa insuportável.
Maria João, cantora

“Feeling good”
“Feeling good” foi uma canção de Nina Simone que escolhi para o [filme] “Jaime”. Havia mais canções previstas, mas esta foi a única que ficou. Eu tinha visto a imagem final com essa canção, o tom e a letra adequavam-se, havia uma ambiguidade na voz, alguém a convencer-se que é feliz. Era uma grande voz, inconfundível.”
António-Pedro de Vasconcelos, cineasta

“The Blues”
A arte de Nina Simone é ausente de complacência. A sua maneira de cantar leva-nos ao fundo da emoção, ao coração da vida. A sua representação do mundo está na sua obra e é isso que a torna única e universal.
Mísia, fadista